Projeto Incubadora Digital RLO's
"Para que outros possam ter o caminho mais facilitado", diz coordenadora angolana que produz conteúdo para imigrantes
Iniciativa idealizada pela Associação dos Angolanos produz vídeos em redes sociais para ajudar na adaptação de estrangeiros
Sair de seu país natal para viver em outro totalmente desconhecido. Ter que se adaptar com novos costumes, hábitos, e principalmente, um idioma diferente. Essa é a realidade de muitos imigrantes que vêm para Porto Alegre. A capital gaúcha se tornou, principalmente nos últimos anos, um dos possíveis novos lares para essas pessoas que saem de seu país muitas vezes de maneira forçada, devido a guerras, conflitos armados e até mesmo perseguições, com o objetivo de recomeçar a vida.
Para auxiliar na adaptação a um lugar totalmente novo, a Associação dos Angolanos e Amigos do Rio Grande do Sul desenvolveu o projeto Incubadora de Produção Digital RLOS, que visa a produção de conteúdos informativos nas redes sociais sobre temas relevantes para imigrantes e refugiados, abordando assuntos como empreendedorismo, regularização de documentos, curso de português e empregabilidade, entre outros.
A associação já realiza o trabalho de auxiliar os novos imigrantes que chegam no Estado e na Região Metropolitana há mais de quatro anos, promovendo a adaptação e naturalização dessas pessoas. O trabalho é voluntário e atualmente é realizado por cinco coordenadores. Já atendeu mais de 4 mil imigrantes, segundo o presidente da associação, Geraldino Canhanga, 41 anos.
Além do projeto Incubadora de Produção Digital, outros subsídios que a associação oferece são a regularização de documentos, curso de idioma em português e assistência na inserção no mercado de trabalho.
Auxílio no dia a dia
Adelaide Cardoso, 41 anos, veio em 2004 para a Capital e durante a pandemia tornou-se parte do movimento. Atualmente, é vice-diretora da Associação dos Angolanos e está coordenando o projeto Incubadora de Produção Digital:
— O projeto foi pensado com base nas nossas próprias experiências. A gente viu e vê a necessidade de começar a falar para outros imigrantes, levando em consideração o tempo que passamos aqui.
Para ela, o intuito do projeto é que a produção desses conteúdos auxilie outros imigrantes no dia a dia em uma nova cidade e ajude a entender como funciona a sociedade brasileira, principalmente a gaúcha.
— Queremos produzir esses conteúdos para que outros imigrantes não precisem passar pelas dificuldades que enfrentamos. Para que outros possam ter o caminho mais facilitado — relata Adelaide.
Temas
As temáticas, segundo a coordenadora, serão abordadas em formato de vídeos que serão postados no Instagram, com base nas vivências que cada coordenador angolano passou para se estabelecer em Porto Alegre. Algumas das ideias de conteúdos são focadas em empregabilidade, adaptação, saúde mental, empreendedorismo, como ser MEI (microempreendedor individual), por exemplo.
— A gente não tem como produzir conteúdo para a pessoa não sentir saudade da família, isso é algo que o migrante vai ter que superar. No entanto, eu posso falar o caminho de como ajudar as famílias a inserir as crianças na creche, por exemplo — enfatiza a vice-diretora.
Para acompanhar o projeto
Os vídeos serão postados no Instagram da instituição: associacaodosangolanosrs. Para as capacitações e formações, o projeto conta com o apoio da ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), além da parceria com a CUFA RS, que auxilia com doações de cestas básicas e utensílios. Para acompanhar o projeto você também pode acessar o site: associacaodosangolanos.ong.br/sobre.
*Produção: Ana Júlia Santos