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Limpeza urbana

Projeto propõe a instalação de lixeiras subterrâneas em Porto Alegre; entenda como funciona

Proposta do vereador Jonas Reis (PT) está em tramitação na Câmara de Vereadores. Sistema já é utilizado em diversas cidades, como Rio de Janeiro, Salvador e Chapecó. DMLU destaca, no entanto, que sua instalação não é simples e tem custo elevado

19/03/2025 - 10h14min

Atualizada em: 19/03/2025 - 10h14min


Beatriz Coan
Beatriz Coan
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3D Industrial/Divulgação
Apenas duas lixeiras com fundo falso ficam aparentes na calçada.

Ruas sem lixo exposto, sem o cheiro característico dos contêineres e sem eles ocupando vaga de estacionamento. Esse é o cenário que o projeto de lei 2/2025 quer oferecer à Porto Alegre com a inclusão da coleta subterrânea de resíduos no Código Municipal de Limpeza Urbana.

O PL está tramitando na Câmara de Vereadores desde o começo de janeiro, já teve parecer prévio e aguarda sua primeira sessão de pauta desde o dia 10 de março. O sistema de lixeiras subterrâneas já é utilizado em diversas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Salvador, Balneário Camboriú e Chapecó.

Como funciona

No sistema de coleta subterrânea, apenas duas lixeiras com fundo falso ficam aparentes na calçada. Embaixo de cada uma fica um contêiner, semelhante ao utilizado em condomínios, onde o resíduo é armazenado.

3D Industrial/Divulgação
Sistema de monitoramento indica quando o contêiner está próximo de sua capacidade máxima.

Um sistema de monitoramento indica quando o contêiner está próximo de sua capacidade máxima e notifica a empresa encarregada pela coleta dos resíduos. Esse processo diminui a exposição do lixo e de odores desagradáveis no entorno.

O que diz o vereador

Conforme o autor do projeto, Jonas Reis (PT), a proposta é mais sustentável, pois o material tem maior durabilidade, em comparação com a coleta automatizada com contêineres.

— Recentemente, a prefeitura trocou as lixeiras, mas é um custo muito alto. Elas são muito frágeis e a gente fica trocando toda hora. Isso não é sustentável. Precisamos de lixeiras maciças, permanentes — opina o parlamentar.

Além disso, ele comenta que o atual sistema danifica as calçadas — durante o processo de levantar e baixar a lixeira — e favorece a proliferação de ratos e insetos. Outro ponto negativo apontado pelo vereador é que o sistema atual prejudica as cooperativas de reciclagem que acabam recebendo pouco material.

— Esse sistema que nós temos deixa cair lixo para fora e não tem uma forma de recolher, a menos que leve um gari junto e o sistema não está levando. A lixeira subterrânea já é mecanizada em contêineres de aço maciço, que tem apenas uma abertura para retirar o lixo que escorrega direto para dentro do caminhão — explica Reis.

Anselmo Cunha/Agencia RBS
Atual sistema danifica as calçadas, diz vereador autor da proposta.

O que diz o DMLU

O diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Carlos Alberto Hundertmarker, explica que é preciso fazer uma avaliação técnica, mas adianta que o sistema é caro e sua instalação não é tão simples. Ele estima que o custo é cinco vezes maior do que o investido no atual sistema de coleta.

— Nós temos que ver que na área subterrânea nós temos fios, cabos, canos, a tubulação de gás, tubulação de internet, até mesmo de energia elétrica. Então, temos que fazer um estudo muito apropriado e ver todo também esse custo de manutenção. Então, a colocação de contêineres subterrâneos, em especial no nosso país, ele ainda é um caráter experimental — comenta o diretor-geral.

3D Industrial/Divulgação
Conforme a empresa que forneceu os equipamentos para a prefeitura de Chapecó, a durabilidade é alta.

Uso nas ruas de Chapecó

Dentre as cidades que adotaram o sistema, Chapecó, no oeste catarinense, é a que pretende ser a cidade com mais contêineres subterrâneos para coleta de resíduos. Em 2023, o município contratou a instalação de 30 unidades desse equipamento. Ao todo, foram investidos R$ 4,7 milhões no sistema.

Graciela Heckler, gerente de Resíduos Sólidos da Secretaria de Serviços Urbanos e Zeladoria de Chapecó, destaca que é importante mapear os locais onde devem ser instalados os equipamentos.

— É preciso ter atenção por conta da rede de esgoto, tubulação de água, de gás, de energia elétrica.

Cada ponto possui dois contêineres de tamanho semelhante ao utilizado nas ruas de Porto Alegre, e comparando com o recente investimento de R$ 84,5 milhões feito para a troca de lixeiras, o custo de cada unidade subterrânea seria três vezes maior do que o do sistema atual.

Apesar disso, o vereador petista destaca que o gasto com a limpeza urbana reduziria, pois a manutenção do sistema é baixa. Conforme a empresa que forneceu os equipamentos para a prefeitura de Chapecó, a durabilidade é alta e muitos passam anos sem necessidade de substituição de alguma peça.

Segunda tentativa

Esta é a segunda vez que o vereador apresenta o projeto. No mandato anterior, Reis levou a proposta à Câmara em 2022, mas na época ela foi rejeitada. Apesar da negativa, ele espera que o PL seja aprovado, diante da enchente que atingiu a cidade no ano passado.

— Nós temos essa expectativa, que agora talvez tenha acendido essa questão da crise climática. Porque tu vê, o lixo que fica para fora na calçada na hora da coleta, ele acaba indo para as bocas de lobo.


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