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No coração da cidade

Revitalização de uma das praças mais antigas de Porto Alegre deve começar nos próximos dias

Investimento de R$ 601 mil em melhorias e reparos será feito por construtora, como contrapartida por outro empreendimento na Capital. Previsão é de entrega em três meses

14/03/2025 - 09h37min

Atualizada em: 14/03/2025 - 09h37min


Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
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No coração da cidade, uma das praças mais antigas de Porto Alegre será revitalizada. É a Praça XV de Novembro, no Centro Histórico, que no passado serviu como abrigo para os bondes da Carris. Hoje, o espaço é ocupado por bares, tabacarias e um posto da Brigada Militar. A estrutura é dividida em 25 lojas e foi atingida pela enchente de maio de 2024. Contudo, serão investidos R$ 601 mil para corrigir problemas que surgiram ainda antes da inundação.

Piso esburacado, grades quebradas e pichações estão na lista de problemas levantada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). Os trabalhos serão custeados e executados pela construtora Cyrela Goldsztein como contrapartida por um empreendimento a ser erguido na Rua Marquês do Herval.

O canteiro de obras foi instalado próximo à Rua Voluntários da Pátria. As obras começam nos próximos dias, com prazo de três meses para conclusão.

Primeiro, será feita retirada de pichações nos muros e da sujeira impregnada no piso. Depois, o calçamento, em pedras de basalto, será recomposto. 

As grades tortas ou enferrujadas, que serão substituídas, são motivo das principais queixas do empresário Edemir Simonetti, que está à frente do Chalé da Praça XV, tradicional restaurante na região.

— É feio para o comércio no entorno. A revitalização fará com que esse espaço se torne novamente um local de convivência para moradores e turistas que circulam no Centro Histórico — opina.

Guilherme Gonçalves/Agência RBS
Edemir Simonetti, empresário que está à frente do restaurante Chalé da Praça XV.

De acordo com o diretor de Áreas Verdes da Smamus, Alex Souza, também serão instalados novos mobiliários na praça, como bancos, lixeiras, bicicletário e floreiras. Rampas e degraus de escadas também entrarão na lista de reparos. Por fim, haverá pintura dos muros.

— A ideia é não ter mais distinção do que é o Largo Glênio Peres e a Praça XV. Vamos instalar um mobiliário parecido com o que está em frente ao Mercado Público, mais robusto — diz Souza.

— Esse espaço acabou não estrando nas obras do Quadrilátero, mas merece ser repaginado. A última intervenção foi antes da Copa do Mundo (de 2014, disputada no Brasil) — lembra.

A praça não será fechada durante a obra, apenas terá alguns pontos isolados. Quando um ficar pronto, outro será cercado, e assim por diante.

Segunda fase

Guilherme Gonçalves/Agência RBS
Praça tem 25 espaços para lojas — oito estão desocupados.

Uma segunda fase da reforma da Praça XV de Novembro está sendo desenhada pela Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio. Nesta etapa, serão reformadas as 25 lojas — oito das quais estão desocupadas atualmente. Segundo o chefe da pasta, Cassiá Carpes, será lançado, em maio, o edital da licitação para escolher a empresa que fará os serviços. 

— Vamos deixar bonito aquilo ali. Está feio. Do jeito que está, não vamos alugar as lojas desocupadas. Existe a possibilidade de trazermos um dos antigos bondes para o local — projeta o secretário. 

Enquanto isso, os lojistas dividem espaço com comerciantes informais no entorno, que vendem produtos usados, como bolsas e sapatos. Alguns parecem morar no local. Estendem lençóis, roupas e toalhas nas grades da Praça XV de Novembro. A reportagem de Zero Hora ouviu ameaças de alguns ambulantes quando esteve no local, nesta quinta-feira (13), por estar fotografando espaços da praça.

Quem fiscaliza o espaço é a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos. Procurada, a pasta diz que envia "constantemente" equipes ao local para coibir esses atos. A Brigada Militar diz o mesmo, e acrescenta que recebe em seu posto, na praça, diversas queixas de ameaças feitas por estes ambulantes a frequentadores da região.

Guilherme Gonçalves/Agência RBS
Comércio informal toma conta de parte da praça.

Uma das praças mais antigas

O projeto para implantar uma nova praça no local do chamado Largo do Paraíso surgiu no começo do século 19. Na época, o logradouro público não tinha urbanização. A região cresceu e começou a receber diversos comércios. Em 1844, foi construído o primeiro Mercado Público de Porto Alegre. Seis anos depois, foi feita uma doca, onde hoje está a Praça Parobé, instalada posteriormente sobre aterro.

Somente com a construção do novo Mercado Público, em 1869, o espaço começou a ser urbanizado, ganhando o nome de Praça Conde D’Eu. A inauguração solene foi em 1882. Dois anos depois, foi colocado um chafariz de ferro bronzeado, que mais tarde seria transferido ao Parque Farroupilha, onde está até hoje.

Após uma sequência de mudanças de nomes de logradouros públicos, que se seguiu à Proclamação da República, uma resolução de 11 de dezembro 1889 adotou para a praça o nome de XV de Novembro.

Antes, em 1885, fora erguido um chalé para venda de sorvetes, que em 1911 foi substituído por um novo: o tradicional Chalé da Praça XV.

A praça sofreu redução de tamanho em 1928 para se ampliação das ruas laterais. Em 1929, foi instalado o primeiro abrigo coberto para bondes da Carris, no lado da Rua Dr. José Montaury. Com a mudança no tráfego das linhas, e para melhor atender à população, o abrigo foi aumentado em 1935, e ainda está de pé, servindo atualmente para o comércio. Os bondes deixaram de circular em Porto Alegre em março de 1970.


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