Centro de Porto Alegre
Conclusão de reforma do Quadrilátero Central é adiada novamente; veja como estão as ruas
Trabalho começou em junho de 2022, e data da entrega foi modificada mais de uma vez. Previsão, agora, é para agosto

O trabalho de revitalização do Quadrilátero Central não ficará completamente pronto neste mês de maio, como havia projetado a prefeitura de Porto Alegre. Os trabalhos no Centro Histórico se estenderão por mais três meses, ou seja, até agosto, diz o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores. Ainda faltam ajustes nas vias e a finalização de um trecho de obra no cruzamento das ruas General Câmara e Andradas.
A reforma do Quadrilátero Central começou em 13 de junho de 2022, pela Rua Otávio Rocha. A prefeitura prometia que a intervenção se estenderia por 90 dias em cada uma das 10 vias abrangidas no projeto. Com isso, a revitalização seria concluída em 2023, mas os prazos foram sendo alterados. O serviço é tocado pelo consórcio RGS, AGR e Elmo.
A reportagem de Zero Hora percorreu na tarde de terça-feira (20) todas as ruas onde obras foram ou estão sendo feitas. Veja a situação de cada uma delas:
Avenida Otávio Rocha
A Avenida Otávio Rocha foi a primeira a receber intervenções de renovação, ainda entre 2022 e 2023. Todo o pavimento do local foi substituído, assim como as calçadas, que foram feitas em concreto pré-moldado e receberam novo piso podotátil, que auxilia pessoas com deficiência visual. A iluminação também foi trocada.
Os trabalhos ocorreram ao longo de toda a avenida, entre as ruas Doutor Flores e Marechal Floriano Peixoto. Em dezembro de 2024, a via já apresentava deterioração nas calçadas, além de desníveis e buracos no piso podotátil.
O secretário André Flores diz que os reparos foram feitos. Porém, os problemas ainda foram verificados pela reportagem na terça.
Rua Voluntários da Pátria
Depois da Otávio Rocha, foi a vez da Rua Voluntários da Pátria passar pelas intervenções. Devido ao comércio, é uma das vias com maior fluxo de pedestres da cidade. Como houve substituição do piso em calçadas, alguns estabelecimentos relatam ter ficado fechados por mais de um dia durante a execução da obra.
O trabalho na Voluntários está concluído. Foram colocados blocos de concreto pré-moldado nas calçadas, que ficaram no mesmo nível da pista para carros. Um novo sistema com calhas foi instalado para escoar a água, substituindo as antigas bocas de lobo. Desde então, em dias de chuva forte, a rua fica alagada em alguns pontos, dizem lojistas.
O secretário Municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, alega que o problema acontece porque a Voluntários fica em uma parte mais baixa do Centro. A água desce pela Rua Doutor Flores, que também está em obras. Segundo ele, o problema foi resolvido com hidrojateamentos do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) na região. Neste processo, "obstáculos" dentro dos canos do esgoto pluvial, como lixo, são empurrados com a força de jatos d'água.
Avenida Borges de Medeiros
Na Avenida Borges de Medeiros, o consórcio RGS, AGR e Elmo instalou um grande canteiro de obras. Com o fim dos trabalhos se aproximando, a estrutura foi desmanchada. Ela ficava junto à Esquina Democrática, que está de cara nova. O antigo piso com pedras de basalto foi substituído pelos mesmos blocos de concreto vistos nas outras ruas.
A obra na Borges ocorreu no trecho entre a Avenida Salgado Filho e o Largo Glênio Peres. A calçada foi alargada e antigas vagas para carros foram removidas. O espaço para os veículos transitarem também está menor — balizadores de ferro foram instalados no piso para que eles não invadam a área dos pedestres.
Ainda falta a instalação de bancos no canteiro central. Chama a atenção que uma pequena árvore foi mantida no meio da via para veículos.
— A pista é bastante larga. Deixamos a árvore ali para preservar o vegetal e a característica da via. É uma decisão que leva em conta a arborização do Centro. Aquela árvore não está doente. Nós ainda vamos sinalizar ali. Quando estiver feito, vai fazer sentido — diz o secretário de Obras.
Rua dos Andradas
Na Rua dos Andradas, as intervenções ocorreram entre a Doutor Flores e a General Câmara. Da Marechal Floriano até a Doutor Flores, o pavimento de paralelepípedos na pista para veículos foi mantido, mas com pedras novas. No restante da via, onde só é permitido o fluxo de pedestres, o piso é de concreto. As antigas pedras de basalto foram conservadas apenas em alguns pontos.
Uma das queixas dos pedestres é o acabamento. Em vez de cortar as pedras para encaixá-las em espaços menores, houve preenchimento com argamassa. Há pontos onde o material chegou a ser pintado de vermelho, em tom parecido com o das pedras de basalto.
O secretário André Flores diz que fará uma vistoria no local para avaliar uma solução. Ele também afirma que será feita a correção de postes de luz que foram instalados desalinhados.
Rua Uruguai

Na Rua Uruguai, comerciantes e pedestres com quem a reportagem de Zero Hora conversou disseram que o quadro atual é realmente melhor do que o de antes da obra. O piso da rua agora é todo de concreto. Uma rampa de acesso foi mantida, com novos corrimãos de aço. Devido a uma obra da CEEE Equatorial, algumas placas de concreto terão que ser trocadas.
Rua General Câmara
Um trecho de 80 metros quadrados no cruzamento da Andradas com a Rua General Câmara também chegou a receber intervenções. O calçamento, com pedras de basalto, estava esburacado. Em vez da substituição das pedras, o desnível foi corrigido com cimento, mas esta solução é provisória, diz o secretário André Flores.
Os trabalhos neste trecho atrasaram, pois, em outubro do ano passado, a autorização que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) havia dado para a execução do serviço venceu. Em dezembro de 2024, a Smoi solicitou a prorrogação desse documento.
Pela proximidade com a Praça da Alfândega, que é tombada pelo patrimônio histórico, esse é o único trecho da obra que precisa desta licença. Segundo Flores, esse é a parte que mais deve demorar para ficar pronta:
— O Iphan exige que coloquemos juntas de latão entre as placas. Isso é feito sob medida. Ainda não fechamos com um fornecedor. Estamos negociando com dois para que façam pelo preço que está dentro do nosso orçamento. Depois, vamos isolar a área e fazer essa parte da obra em duas etapas — diz o secretário.
Ruas Marechal Floriano Peixoto, General Vitorino, Doutor Flores e Vigário José Inácio
Já concluída, a Rua Doutor Flores chegou a passar recentemente por nova intervenção após uma obra do Dmae. O serviço está pronto.
Paralela à via, a Rua Vigário José Inácio também não precisa mais de reparos. Em ambas as ruas, balizadores de ferro foram cortados após veículos baterem neles. Segundo a Smoi, eles serão recolocados, mas usando outro material.
Na esquina entre as ruas Marechal Floriano Peixoto e General Vitorino o piso terá de ser refeito, pois alguns blocos saíram do lugar. Para a realização da obra, serão necessários desvios no trânsito.