O abastecimento instável de energia tem sido um problema recorrente para os moradores de Balneário Quintão, distrito de Palmares do Sul, no litoral norte do Estado. Luz em meia fase, oscilações breves e até quedas que duram horas ocorrem pelo menos uma vez por semana no tradicional ponto de veraneio dos gaúchos. 

Segundo Vaneska Leite, 49 anos, a situação é a mesma há muito tempo. A autônoma veraneia no distrito há mais de 15 anos e há quatro se tornou residente. 

— A gente chega a ficar horas sem luz às vezes. Toda vez a gente liga para a empresa e eles sempre pedem para aguardarmos — relata ela, que mora na Rua Padre Reus, no bairro Rei do Peixe.

Vaneska explica que ocorrem três problemas diferentes. O primeiro é quando a energia enfraquece e fica em uma situação parecida com o que se conhece como “meia fase”. Segundo ela, porém, esse problema costuma se resolver rapidamente. 

Outra situação é quando a energia oscila e ocorrem picos intercalados de abastecimento e falta. De acordo com a moradora, falhas como essas já causaram prejuízos na casa de sua família: 

— Eu tenho medo de queimar os aparelhos de casa. Já queimou um roteador de internet e uma TV Box (aparelho que transforma a televisão em uma smart TV) — relata. 

A terceira situação que é comum, de acordo com ela, são quedas de luz que se prolongam por horas. Como a água de sua casa provém de poço artesiano, esse é o caso que mais gera apreensão. Sem energia, sua família só pode usar o que restar na caixa d’água. 

— Esse é o maior problema, porque a gente tem que estar sempre se policiando. Se ficamos sem luz, ficamos sem água. Mas a gente é humano, pode esquecer de encher a caixa — desabafa ela. 

Prejuízos econômicos 

O balneário é um distrito litorâneo do município de Palmares do Sul, a cerca de 120 quilômetros da Capital. Entre dezembro e março, chega a quintuplicar a população com a chegada dos veranistas. Passa a ter até 40 mil residentes. 

Nesse cenário, as instabilidades no fornecimento de energia também trazem prejuízos para os comerciantes, que dependem do turismo. Alexandre Gonzales, 49 anos, diz que as falhas pioram no verão. Ele é proprietário de uma confecção e de uma pousada no distrito. 

— Eu moro há 20 anos aqui e sempre teve esse problema. Às vezes a gente tem que fechar o comércio mais cedo porque falta luz — destaca. 

No verão passado, por exemplo, houve o cancelamento de shows devido à queda de energia, segundo o relato de Alexandre. 

Os residentes explicam que os problemas provavelmente se devem a falhas de infraestrutura. Eles mencionam que ainda há muitos postes de madeira e que a maresia tende a prejudicar os equipamentos de transmissão. Quando venta, inclusive, as oscilações aumentam.

Contraponto

\\\ Procurada, a CEEE Equatorial informou que não poderia responder sobre os casos citados sem informações como o número da unidade consumidora ou dos protocolos de reclamação. Os moradores se recusaram a passar esses dados por temerem represálias. 

\\\ Mesmo assim, a concessionária citou investimentos que tem feito para melhorar a distribuição de energia no Litoral Norte. Segundo a Equatorial, foram investidos R$ 2,9 milhões na instalação de novos equipamentos e reforço da estrutura elétrica. 

\\\ “Tendo em vista que a maresia prejudica conservação e funcionamento de instalações e equipamentos elétricos em regiões litorâneas, resultando na corrosão das instalações elétricas, a CEEE Equatorial realiza a chamada ‘lavagem técnica de rede’ como parte do trabalho de manutenção preventiva, para evitar problemas na rede elétrica”, completa.

*Produção: Guilherme Freling