Sensação congelante
Câmera térmica registra temperaturas negativas em Porto Alegre nesta terça-feira; veja vídeo
Na orla do Guaíba, próximo à Usina do Gasômetro, havia pontos da superfície que chegavam a -3,3ºC

Zero Hora percorreu a área central de Porto Alegre para confirmar o que os gaúchos estão sentindo nos últimos dias: sim, está muito frio. Usando uma câmera termográfica, que produz mapas de calor, a reportagem registrou temperaturas negativas nas superfícies de diversos pontos da Capital.
No Largo Glênio Peres, no Centro Histórico, os termômetros marcavam 6ºC por volta das 7h30min, mas, nas superfícies, a temperatura congelante chegava a -2,3ºC.
O vento cortante fazia a sensação térmica despencar ainda mais. Nas ruas, quem seguia para seus compromissos parecia blindado contra o frio, com apenas os olhos visíveis entre gorros, cachecóis e casacos.
"Para esquentar, só no cafezinho"
Ivanor Bonin, comerciante próximo ao Mercado Público há mais de 30 anos, afirma não se recordar de um dia tão frio nos últimos anos.
— Nos últimos anos, nunca havíamos pegado um frio desse nível. Para esquentar, só no cafezinho — brinca.
Na banca desde as 5h30min, Bonin afirma que o movimento diminui muito com o frio, pois as pessoas evitam sair de casa ou passam com pressa para escapar do gelo.
— Parece que piorou quando saiu o sol — completou, mostrando uma foto enviada pela irmã, que está no município de Capitão, no Vale do Taquari, onde a geada tomou conta da paisagem.
Já na orla do Guaíba, o vento passava como uma lâmina pelos poucos corajosos que se aventuravam a se exercitar no local. Próximo à Usina do Gasômetro, a câmera térmica marcou -3,3ºC.
No Viaduto Otávio Rocha, a ventania gelada parecia canalizada pela Avenida Borges de Medeiros, fazendo com que os pedestres se encolhessem ao atravessar a passarela da Rua Duque de Caxias. Nessa região, a câmera térmica registrava 1ºC por volta das 9h.

Por fim, no Parque Farroupilha, a Redenção, por volta das 10h, o termômetro do aparelho marcava cerca de 0ºC no lago dos pedalinhos. Apesar do sol e da ausência de vento na região, que tornavam o clima um pouco mais suportável, o parque estava quase vazio.
— Por causa do frio, o movimento diminui bastante, mas melhora após o meio-dia, que é quando está mais quentinho — conta Neiva Rodrigues, que trabalha na bilheteria dos pedalinhos.
Cidade silenciosa
Nem mesmo sentar-se ao sol servia de refúgio: nas cadeiras da Redenção, a câmera térmica registrava cerca de 2ºC durante a manhã desta terça-feira.
Mesmo com o céu limpo e o sol brilhando, o frio intenso transformou a paisagem e a rotina dos porto-alegrenses. A manhã gelada revelou uma cidade silenciosa, de passos apressados, rostos cobertos e bancos vazios, como se a cidade inteira estivesse contida no casulo do inverno.
Em fevereiro deste ano, a reportagem esteve nesses mesmos locais, conferindo as temperaturas do dia mais quente de 2025 até então. No dia 11, a Capital registrou 39,8°C.
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