Miragem?
Esqueletão entra na fase final de demolição e chama atenção de pedestres: "Parece mentira"
Restam apenas cinco andares para conclusão de demolição. Prefeitura de Porto Alegre optou por não implodir estrutura e seguir desmanche do edifício através de trabalho braçal


Parece uma miragem, mas é real. O Edifício Galeria XV de Novembro, conhecido como Esqueletão, está muito perto de deixar de existir. Dos 19 andares, agora restam apenas cinco — mudando um panorama de décadas na esquina da Avenida Otávio Rocha com a Rua Mal. Floriano Peixoto, no Centro Histórico de Porto Alegre.
A diminuição da altura do prédio tem chamado atenção de quem passa pelo seu entorno. Em 10 minutos no local, a reportagem de Zero Hora flagrou três pessoas fazendo fotos e vídeos de como está a estrutura agora.
— Nunca vi deste jeito. Frequento o Centro a vida toda, desde quando vinha comprar jogos de videogame aqui na praça. Parece mentira ver desse jeito — diz o vendedor Luis Felipe Gomes, 28 anos, após filmar o avanço da obra para mostrar a sua mãe.
Desde que foi decidido que o edifício não seria mais implodido, e sim todo demolido de forma braçal, a obra tem avançado em ritmo acelerado. Segundo o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, os serviços estão 70% concluídos.
— O Esqueletão está muito perto de deixar de existir. Podemos dizer que quando chegar ao estágio de 90% (da obra concluída) não terá mais prédio. Essa etapa final é de limpeza e cercamento do terreno — diz Flores.
Próximos passos
No ritmo atual da obra, os operários estão demolindo o Esqueletão por dentro, um andar a cada 10 dias. Depois, são usados 12 dias para montar estruturas de segurança em volta de cada pavimento. Apenas depois disso que os trabalhos seguem.
Com este processo, a prefeitura mantém a previsão de finalizar a demolição do Esqueletão e fazer a limpeza do terreno até dezembro.
Futuro do imóvel
O futuro do terreno do Esqueletão ainda não está definido. O prédio tem cerca de 50 proprietários e há dívidas em IPTU. Em setembro de 2021, a Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) avaliou o imóvel em cerca de R$ 3,4 milhões.
Já o custo da demolição será de R$ 3,79 milhões, que está sendo arcado pela prefeitura de Porto Alegre. Quem irá dizer como a administração municipal será ressarcida e qual será o futuro do terreno será o Judiciário.
Histórico

Inacabado desde a década de 1950, o Esqueletão já foi interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. Também já houve interdição judicial em 2019. Nos primeiros dois andares, lojas vendiam seus produtos. Mas a prefeitura encontrou vestígios de ocupação do imóvel até o sétimo pavimento.
O processo para desmonte do prédio começou em janeiro de 2024, mas foi embargado um mês depois. Em agosto do ano passado, a empresa conseguiu autorização para retomar o trabalho, o que se viabilizou em setembro com a destruição dos quatro andares da estrutura ao fundo do terreno.