Educação
"Estrutura que a gente sempre sonhou": projeto social inaugura sedes em Canoas e Esteio
Com financiamento da Petrobras, Primeiro Saque oferecerá aulas de reforço escolar, esportes, capoeira e ecologia para os pequenos.

As instalações da Praça Nelson Mandela, no bairro Guajuviras, em Canoas, ganharam uma nova ocupação na última semana. Desde o dia 7 de julho, as crianças da comunidade podem participar do projeto Primeiro Saque Sustentabilidade Social, que oferece aulas de esportes, capoeira, ecologia e reforço escolar com acompanhamento de uma equipe de psicólogos e assistentes sociais.
Esse é um dos dois novos núcleos de atividades do projeto inaugurados a partir de um patrocínio da Petrobras, obtido via Lei de Incentivo ao Esporte. O outro centro fica em Esteio, também na Região Metropolitana, e iniciou as atividades no dia 8.
Para o idealizador da iniciativa, Matheus Triska, as novas ações do Primeiro Saque atingem objetivos que sempre estiveram no horizonte da equipe:
— É uma estrutura que a gente sempre sonhou. São vários professores, uma assistente social, coordenadora pedagógica, psicólogos, psicopedagogos. É uma equipe multidisciplinar supercapacitada — descreve ele.
A partir do edital de patrocínio da empresa, que selecionou o Primeiro Saque em 2023, começaram os trabalhos para execução das ideias. Foram agregados 19 novos profissionais aos sete que já trabalhavam com a equipe. O plano é que sejam 240 crianças atendidas no total, entre as três sedes.
O foco das atividades é oferecer um desenvolvimento integral para ampliar as visões de mundo dos pequenos. Um complemento àquilo que eles veem na escola. No final, o objetivo é impactar vidas através do esporte e da educação.

— Nossa ideia é criar uma cultura esportiva para que essas crianças levem o esporte para a vida. Elas têm o esporte individual, que é o tênis, mas também esportes coletivos e a capoeira, que é cultural. Cada atividade desenvolve uma habilidade diferente — afirma Michele Jubin, também coordenadora do projeto.
Desenvolvimento
O compromisso com o desenvolvimento integral se estende também à programação das oficinas. Todos os dias, as turmas têm aulas de reforço escolar, por exemplo.
Além de aulas de educação ambiental com uma bióloga, contam ainda com suporte para as habilidades emocionais com a equipe de psicologia e assistência social. Desde o início, o Primeiro Saque busca a inclusão social pelo esporte, especialmente o tênis.

Embora essa nova fase tenha começado na última semana, a trajetória do projeto é uma partida que já dura 10 anos e não tem prazo para encerrar, no que depender dos idealizadores.
O saque inicial dessa partida foi dado em abril de 2015, com aulas de tênis, ioga e artes. Em 2018, as aulas passaram a funcionar em parceria com o Canoas Tênis Clube.
Pela proposta, cerca de 50 crianças pagantes financiam bolsas para outras 100 bolsistas da iniciativa. Agora, essas atividades vão seguir, porém, os trabalhos serão complementados com as atividades no Guajuviras e em Esteio.
Impacto na vida real
A assistente social Rayssa Amorim destaca que a garantia de permanência do projeto por três anos ganha ainda mais importância no bairro Guajuviras e em Esteio, onde ações semelhantes são raras.
No bairro de Canoas, especialmente, poucos projetos sociais conseguem seguir após os meses iniciais. Segundo Rayssa, isso ocorre devido a um ciclo de abandono que se retroalimenta na região.
— O Guajuviras, se a gente analisar, é uma das comunidades mais esquecidas aqui de Canoas. Muitas vezes eles já se esqueceram porque outros esqueceram eles. A assistente social espera que esses três anos do Primeiro Saque possam resgatar o olhar do cuidado, da autonomia e do empoderamento entre as crianças.
— Para elas se sentirem vistas, valorizadas e saberem que têm algum lugar onde vão poder se apoiar para crescer — completa.
As instalações onde o núcleo em Canoas funciona agora foram inauguradas em 2014, como parte do projeto Praça da Juventude. O espaço conta com uma quadra poliesportiva, pista de skate e um prédio com salas para oficinas.
No ano passado, o Complexo de Oportunidades Guaju, parceria do Instituto Educacional, Social e Cultural do Estado do RS (ISCEGS) e a Central Única das Favelas (Cufa), assumiu a gestão do local e estava em busca de ações que pudessem ocupá-lo.
Apoio do bairro
A percepção de que faltam iniciativas do tipo na comunidade é compartilhada também pelos moradores. A profissional autônoma Kelly Carvalho, moradora do Guajuviras, reforça:
— É a primeira vez que eu estou sabendo sobre um projeto assim. Eu gostei pelo que eles apresentaram. É bom paras crianças, no desenvolvimento delas.
Kelly descobriu o projeto pela mobilização que a equipe tem feito via WhatsApp. O objetivo é alcançar novos alunos e apresentar as ações para os familiares. Na última segunda-feira, quando a reportagem esteve visitando o local, ela levava sua filha para o primeiro dia de atividades.
— Foi legal. Eu fiz capoeira, foi muito legal. Quero continuar — contou Kemilly Silva, de sete anos.
Participe
/// No Guajuviras, as atividades ocorrem nas segundas, quartas e quintas. Em Esteio, são de terça a quinta. Todas no contraturno escolar.
/// Para participar, entre em contato pelo Instagram saque ou pelo telefone (51) 99993-8347.