RETRATOS DA VIDA
Projeto busca apoio financeiro para levar jovens do parabadminton a campeonatos nacionais
Iniciativa da UFRGS oferece aulas e treinos gratuitos para crianças e adolescentes com deficiência; objetivo é promover a integração e formar atletas de alto rendimento


Um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem transformado crianças e adolescentes em jovens promessas para o esporte paralímpico.
A iniciativa Projeto Escola de Esportes Adaptados e Paralímpicos (EAdP) promove aulas e treinos de parabadminton para a comunidade de Porto Alegre. A ação gratuita tem como principal objetivo oportunizar a prática esportiva para pessoas com deficiência (PCDs).
As aulas e treinos são oferecidos quatro vezes por semana no Ginásio da Escola de Física, Fisioterapia e Dança (Esefid/UFRGS). A equipe pedagógica, responsável pelo planejamento, elaboração, direção e avaliação das atividades, é composta pelas coordenadoras do projeto Aline Miranda Strapasson e Marília Martins Bandeira e pelos alunos da graduação que trabalham como monitores voluntários.
Em sua sétima edição, o projeto já descobriu talentos e auxiliou na formação de atletas. Como forma de potencializar a integração dos alunos, a iniciativa incentiva a participação de campeonatos e competições da modalidade.
Neste ano, já está prevista a participação dos atletas em eventos nacionais no Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao longo dos meses, a comunidade de professores, monitores, pais e responsáveis prepara ações para a arrecadação de verba que custeará os gastos, envolvendo preparação, inscrições, transporte e acomodações.
União
A coordenadora do projeto e professora da Esefid, Aline, de 48 anos, destaca que é observado um desenvolvimento esportivo e pessoal nos alunos.
– O esporte se apresenta como uma ferramenta de empoderamento e transformação na vida das pessoas com deficiência – comenta Aline.
A treinadora e monitora Stéphanie Brasil, de 27 anos, está desde o início do projeto, e mesmo graduada permanece na ação. Para ela, sua participação como monitora foi uma grande “virada de chave” para o seu crescimento:
– Eu me adaptei, tive o primeiro contato, pois nunca tinha trabalhado com pessoas com deficiência. A parte técnica sempre será a mesma, mas precisa adaptar a didática, porque cada deficiência é uma adaptação e eu sigo me adaptando para sempre passar o maior conhecimento possível.
A educadora física ainda destaca que a inclusão dos alunos vai muito além do projeto, incentivando o alto rendimento dos participantes para se tornarem atletas.
E eles já acumulam algumas conquistas. Em 2022, a aluna Laura Fernandes disputou campeonatos internacionais e conquistou o 3° lugar no Parapan de parabadminton na Colômbia. Ela foi agraciada com uma bolsa atleta internacional em 2023.
A professora coordenadora Aline ainda destaca que a participação dos alunos em competições é uma expectativa de “ampliar o interesse e o comprometimento com a modalidade”.
Incentivo a outros talentos
Exemplos como o da Laura incentivam os mais novos. Gustavo, de apenas 13 anos, já carrega o sonho de ser tornar atleta paralímpico profissional e vê o projeto como principal incentivador de seu desejo.
Acompanhado de sua mãe, Valeria Rocha, 37 anos, e de seus irmãos Maria Flor Rocha, nove, e Emanuel Rocha, 12, Gustavo participa dos treinos que ocorrem quatro vezes na semana. Para a responsável, o projeto realiza um trabalho integrador e mudou a vida da família em pouco tempo.
A diarista, mãe de sete filhos, precisou enfrentar uma adaptação ao saber que um de seus filhos nasceu sem um dos braços. Com o passar dos anos, Valeria vivia uma vida com um escudo de seu próprio preconceito. Na procura por uma atividade diferente para o pequeno, Valeria encontrou o projeto da UFRGS, que a ajudou a quebrar essa barreira.
– No começo, ele era uma criança muito rebelde e com uma tendência violenta que eu acabava não percebendo. Achava que ele apenas estava se blindando de comentários e ações de sua deficiência – relembra.
Com o ingresso nas atividades e o auxílio da professora Aline, a mãe identificou suas dificuldades e os comportamentos do filho e, juntas, iniciaram uma mudança através do esporte. Após o badminton ocupar grande espaço na vida dele, ela destaca a mudança percebida em seu filho e diz que a prática do esporte trouxe novos valores para o seu dia a dia, como o respeito, a educação, a inclusão e a saúde.
Em 2024, o jovem atleta participou das Paralimpíadas Escolares e ganhou sua primeira medalha de ouro. Quando mencionada a oportunidade de conhecer o país através do esporte, Valeria ainda ressalta que uma nova vida e novas expectativas foram criadas para Gustavo e sua família, e revela que agora almejam e desejam mais espaços e oportunidades.
AJUDE
// Para acompanhar o projeto, siga o Instagram @esporteadaptadoeparalimpico. Lá, ocorrem as divulgações de vaquinhas e rifas realizadas pelos alunos e professores. As ações são destinadas para o custeio da participação dos atletas em competições.
// Para doações e patrocínios, entre em contato com a coordenadora pelo número (51) 98304-6448.
*Produção: Josyane Cardozo