Tecnicamente chamada de hálux valgo, a joanete é uma deformidade que ocorre em uma das articulações do lado interno do pé. Dessa forma, o dedão passa a ficar em direção aos outros dedos menores, formando uma saliência, que causa desconforto e dor. 

Médico ortopedista e traumatologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Carlo Henning, aborda sobre as principais causas e explica os diferentes tipos de tratamentos.

Fatores associados

De acordo com o profissional, a joanete pode ocorrer por diferentes causas. É principalmente hereditária, mas pode variar de geração para geração. 

A frequência de casos varia entre pessoas de 40 a 50 anos, recorrente sobretudo em mulheres. Além desse fator, o médico cita causas associadas a outros fatores como: 

///  Artrite reumatoide (inflamação nas articulações);

///  Hiperlassidão ligamentar, conhecida como frouxidão ligamentar;

/// Lesões de ligamentos;

— Traumas (lesões) estão mais relacionadas aos homens e não são tão comuns. A deformidade é mais frequente em mulheres, muito associada a questões hormonais e eventualmente ao fator do calçado apertado, entrando como um fator de risco — ressalta o ortopedista.

Mitos e verdades

O uso de calçado apertado pode agravar a condição, mas segundo o profissional, não é a principal causa:

— A gente não pode dizer que o calçado de salto alto e bico fino causa a deformidade, mas pessoas que usam mais calçados fechados têm mais essa deformidade do que outras que não usam calçado fechado. 

Palmilhas ortopédicas e separadores dos dedos também são outras formas de dar mais conforto para pacientes que podem estar sentindo dores devido à deformidade. Entretanto, o médico afirma que não auxiliam para retardar a doença: 

— Esses utensílios são basicamente medidas de conforto. Não têm nenhum efeito a longo prazo, tanto na melhora da deformidade, quanto na prevenção de progressão da deformidade.

Tratamentos

Existem duas opções de tratamentos para corrigir a joanete: cirúrgicos e não cirúrgicos. As medidas que possuem menos agressão ao paciente são relacionadas ao tratamento dos sintomas, como adequação do calçado, para diminuir a dor. 

O uso de órteses — espaçadores que podem ser colocados entre os dedos — também é uma forma de redução de desconforto. 

— Se o paciente se adapta bem a esses cuidados do dia a dia, ele pode viver a vida inteira dele com a deformidade, isso não é nenhum problema — ressalta o ortopedista. 

Se os desconfortos passam a ser recorrentes e a avaliação médica afirmar que o caso é grave, é necessário o tratamento cirúrgico.

As técnicas cirúrgicas dependem da gravidade da deformidade e têm como principal objetivo a correção óssea e nas estruturas ligamentares. 

As cirurgias mais comuns são chamadas de osteotomias, que envolvem o corte e o realinhamento do osso. 

Confira algumas técnicas de osteotomias:

/// Chevron: indicada para deformidades leves e moderadas. O procedimento envolve um corte ósseo em forma de “V” na base do primeiro osso metatarsal (próximo ao dedão do pé) para realinhar o osso e corrigir o desalinhamento com parafusos ou pinos.

/// Diafisárias: indicada para deformidades graves, que envolvem o corte do osso. Esse tipo de procedimento demanda uma recuperação mais lenta e cuidadosa para o paciente.

/// Artrodeses: também indicada para casos mais graves, associados a outras doenças. Nesta técnica, a deformidade é corrigida para manter a articulação rígida, trazendo resultados mais duradouros. 

— Quando é uma causa estética, é necessário pensar muito bem, porque, apesar de conseguir uma boa correção da deformidade, é possível ter alguma diminuição do movimento do dedo ou ficar alguma sensibilidade na cicatriz — alerta o especialista.

*Produção: Ana Júlia Santos