Tua saúde
Cuidados com a tireoide: exames simples ajudam a identificar alterações hormonais
Especialistas recomentam que os pacientes se atentem a possíveis mudanças ocasionadas pelo funcionamento insuficiente ou excessivo da glândula


Você sabe qual é a função da tireoide em nosso corpo? Buscando entender os principais cuidados, os sintomas para identificar alterações hormonais e as possíveis doenças que podem ser desencadeadas a partir da tireoide, a coluna Tua Saúde conversou com José Miguel Dora, professor da Faculdade de Medicina da UFRGS, chefe do Serviço de Medicina Interna do HCPA e diretor da Regional RS da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Segundo o especialista, a tireoide é conhecida por ser uma glândula com formato de borboleta que fica na parte anterior do pescoço, junto à traqueia. Ela produz dois hormônios: a triiodotironina e a tiroxina, popularmente chamados de T3 e T4, respectivamente.
De acordo com o médico, os hormônios da tireoide têm funções cruciais:
– Regulam o desenvolvimento e o crescimento do corpo, além de facilitar o raciocínio e permitir que os outros órgãos funcionem adequadamente, sendo os hormônios centrais no metabolismo do corpo humano.
Destacada a importância do órgão, o profissional ressalta que é necessário que a glândula seja observada e cuidada para que não sejam identificadas alterações hormonais no sistema humano.
/// Os principais testes para detectar problemas na glândula são exames de sangue que conseguem dosar os hormônios TSH (Hormônio Estimulante da Tireoide) e T4 livre (tiroxina).
/// O médico ainda destaca que demais exames podem ser atribuídos à investigação em casos mais específicos, como os de imagem. Ele reforça que o diagnóstico e o tratamento podem ser realizados por um médico geral ou um médico da família no posto de saúde. Em situações especiais, recomenda que os pacientes sejam encaminhados para um endocrinologista.
Hipotireoidismo
/// O hipotireoidismo ocorre quando a glândula está com funcionamento insuficiente, produzindo menos hormônios do que deveria. José destaca que os sintomas são muitas vezes inespecíficos, confundindo-se com outros problemas de saúde. Incluem: cansaço, dificuldade de concentração, dores no corpo, queda de cabelo, alteração no hábito intestinal, maior sensibilidade ao frio e aumento de peso.
Tratamento
/// O tratamento para o hipotireoidismo é a reposição do hormônio da tireoide, utilizando levotiroxina. O especialista ressalta que o medicamento é de custo acessível, está disponível em farmácias e postos de saúde e tem como ponto positivo a facilidade de se utilizar, sendo o indicado um comprimido por dia com a dose indicada pelo seu médico.
Hipertireoidismo
/// Já o hipertireoidismo é o oposto do hipo: a tireoide começa a produzir hormônio em excesso. Os sintomas passam a ser diferentes; como o hormônio ativa o metabolismo, o excesso leva a sintomas como agitação, calor, perda de peso, evacuação, ansiedade, dificuldade de concentração e dificuldade em dormir.
Tratamento
/// O tratamento precisa ser avaliado caso a caso, mas pode incluir remédios que freiam a produção do hormônio, o iodo radioativo, e, em casos mais raros, a cirurgia para a retirada da glândula.
/// Para o iodo e a cirurgia, o especialista ressalta que podem curar o hipertireoidismo, mas resultam no hipotireoidismo.
– Trocamos uma condição de maior risco por uma de menor risco – destaca o endocrinologista.
/// Os dois casos mencionados são os mais comuns. Porém, a tireoide pode ocasionar também problemas como os nódulos, “áreas que crescem de forma autônoma”; cerca de 10% deles podem ser malignos, resultando em câncer.
Mulheres são as mais afetadas
A professora da residência em Endocrinologia da UFPel e presidente eleita da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do RS, Letícia Weinert, destaca que os diagnósticos do hipertireoidismo e hipotireoidismo ocorrem, em sua maioria, em mulheres, por ser uma doença autoimune. Estudos apontam que mulheres apresentam risco até quatro vezes maior do que homens de desenvolver doenças autoimunes.
Letícia alerta que a gestação e o puerpério são “momentos de maior desafio para a glândula”. O rastreamento é recomendado no pré-natal; segundo a médica, os sintomas podem ser confundidos com os da gestação e as alterações na tireoide podem passar despercebidas. Também há alta prevalência para as mulheres durante a menopausa e a terceira idade.
Os sintomas para o público feminino são parecidos com os listados acima, porém com certas mudanças.
No hipotireoidismo: pele seca, queda de cabelo, unhas frágeis, constipação, pressão arterial elevada, voz rouca e inchaço.
No hipertireoidismo: agitação, ansiedade, insônia, sudorese, perda de peso, taquicardia e evacuações frequentes.
*Produção: Josyane Cardozo