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Greve

Por falta de pagamentos, terceirizados fazem paralisação e crianças ficam sem merenda na rede estadual

Empresas tiveram cartões apreendidos em operação policial no início do mês e estariam impedidas de movimentar contas; a previsão é de regularização nesta quinta-feira (11)

11/09/2025 - 15h10min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Funcionários de três terceirizadas do Estado estão desde segunda-feira em greve por falta de pagamentos. No início do mês, as empresas foram alvo das operações Laranjal e Laranjal 2, da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio Grande do Sul. 

As empresas prestam serviços de limpeza e de merenda para escolas estaduais, principalmente da Região Metropolitana. 

Na zona sul de Porto Alegre, a direção do Colégio Estadual Glicério Alves está precisando improvisar para oferecer o lanche às crianças. Nesta quarta-feira (10), o vice-diretor do turno da tarde se prontificou a fazer a merenda para os alunos. 

— Nós estamos com os alimentos que foram adquiridos, e esses alimentos vão estragar. A gente faz a compra da semana e vamos perder esses alimentos, se não forem usados — afirmou a diretora, Rosane Reis.

No colégio, que tem cerca de 1.050 alunos, cinco funcionárias da merenda e duas da limpeza aderiram à paralisação. 

Também na quarta, um grupo de dezenas de representantes dos funcionários organizou um protesto em frente ao Palácio Piratini. Segundo eles, o salário está atrasado desde sexta-­feira. 

— É humilhante para um funcionário, porque a gente trabalhou — relatou Fabíola Gonçalves, uma das representantes dos manifestantes.

— Para muitas das crianças, o único alimento que têm no dia é a merenda da escola. As escolas estão sem funcionários e as crianças estão sem merenda — complementou. 

Investigação 

As três terceirizadas são investigadas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público por fraudes em contratos de licitações com o governo estadual. São as companhias JQL Serviços, Porto Serviços e SV Apoio Logístico Ltda. 

Os sócios Carlos Alberto Serba Varreira e Renato Carlos Walter teriam usado o nome de um laranja para maquiar a titularidade dos negócios. Com isso, a dupla teria fraudado a concorrência de certames para conseguir contratos. Os nomes foram apurados pela reportagem de Zero Hora. 

Advogado das três empresas e da dupla de sócios, Rafael Ariza explicou à reportagem que a falta de pagamento se deve à apreensão de cartões de acesso a contas bancárias. 

— Pela falta desses cartões, as empresas se viram impedidas de fazer esse pagamento. Apenas não puderam pagar por não terem os cartões que são indispensáveis para pagar as contas — afirma. 

Segundo o defensor, as empresas buscam uma saída jurídica para cumprir os compromissos financeiros com os funcionários. Parte dos pagamentos, inclusive, teria sido feita na quarta-feira. Ele não soube indicar quantos foram nem quantos faltavam. 

Na tarde desta quarta, a previsão era de que os pagamentos fossem regularizados nesta quinta. 

Ao Diário Gaúcho, a Secretaria Estadual de Educação informou que os contratos seguem vigentes e que os pagamentos serão realizados. “A Secretaria está em contato direto com as coordenadorias regionais, monitorando os impactos e buscando soluções que minimizem prejuízos às atividades escolares”, completou a nota. 

*Produção: Guilherme Freling


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