Acidente
Ônibus que pegou fogo no Centro Histórico tinha mais do que o dobro do peso permitido para trafegar na região
Segundo delegado, motorista do coletivo não será indiciado. Nenhum dos 57 passageiros ficou ferido na ocorrência



O ônibus que pegou fogo após descer desgovernado uma rua do Centro Histórico, em Porto Alegre, tinha mais do que o dobro do peso permitido para circular na região. Segundo o delegado Carlo Butarelli, titular da Delegacia de Trânsito da Capital, o veículo de dois andares pesava cerca de 25 toneladas, incluindo o peso dos 57 passageiros. O limite para trafegar na região, porém, é de até 12 toneladas.
— Foi um milagre. Já vimos tantos acidentes em contextos mais simples e que pessoas morreram. Neste caso, não ter sido uma tragédia foi um milagre mesmo — afirma o delegado, ainda impressionado com o fato de ninguém ter se ferido com gravidade.
Na última quinta-feira (16), o Instituto-Geral de Perícias (IGP) concluiu a segunda análise no ônibus envolvido no acidente. A primeira havia sido feita no local, no dia da ocorrência, na Rua Espírito Santo.
Inicialmente, o IGP enfrentou dificuldades para finalizar essa segunda análise, pois não tinha o equipamento necessário para avaliar questões mecânicas do ônibus, como as condições dos freios. No entanto, conforme Butarelli, a própria empresa do veículo ofereceu a estrutura para que a perícia fosse feita. Resta, agora, o laudo final com o resultado da análise, que deve ser encaminhado à Polícia Civil até o final desta semana, segundo o próprio IGP.

Sem indiciamento
Mesmo que esse laudo aponte erro por parte do motorista, ele não será indiciado. A investigação é tratada como um termo circunstanciado por lesão corporal culposa.
— Não haverá indiciamento. Ele pode ser responsabilizado, se assim os laudos comprovarem. Ele era habilitado, não estava embriagado, então o dolo está fora de cogitação — salienta o delegado.
O ônibus levava 57 passageiros, entre professores e alunos de 14 a 17 anos. Eles eram de uma escola de Vacaria, na Serra, e haviam saído de uma visita ao Palácio Piratini, na Rua Duque de Caxias. Nela, há placas que sinalizam a proibição de peso algumas quadras antes do palácio, inclusive com orientação para rota alternativa a ser seguida.
Após o acidente, a Empresa Pública de Transporte e Logística (EPTC) instalou, também, uma placa que proíbe a descida de ônibus na Espírito Santo a partir da Duque.
Inicialmente, a Brigada Militar contabilizou 10 veículos atingidos pelo ônibus antes de pegar fogo. No entanto, a investigação chegou a um total de 17 veículos envolvidos. Apartamentos de um prédio da Espírito Santo também foram atingidos pelas chamas e fumaça do incêndio no coletivo.
O que diz a empresa
Conforme o advogado Charles Zamboni, que representa a empresa Mattes Viagens e Turismo, todas as medidas para indenizar os atingidos após o incêndio do ônibus vêm sendo providenciadas. Proprietários de alguns veículos já foram ressarcidos.
Em relação aos apartamentos que tiveram prejuízos por conta do acidente, o advogado informou que a empresa segue em tratativa com as seguradoras e com os proprietários dos imóveis. Segundo Zamboni, os prazos dependem da celeridade de todas as partes envolvidas.
A empresa diz estar à disposição para custear acompanhamento psicológico aos alunos, bem como já disponibilizou novos telefones celulares e objetos pessoais, como mochilas e roupas, para repor os itens danificados no acidente.
O motorista do veículo, segundo o advogado, está em férias, recebendo acompanhamento psicológico, e retornará às atividades quando estiver apto, mediante laudo profissional.