Centro Histórico
Prefeitura de Porto Alegre quer construir outro edifício no terreno do Esqueletão: "Temos que colocar um prédio icônico ali"
Área ainda não pertence ao município. Justiça decidirá se o repasse será feito ou não


A prefeitura de Porto Alegre realizou, na manhã desta quinta-feira (9), a vistoria final da obra de demolição do Edifício Galeria XV de Novembro, mais conhecido como Esqueletão. Inacabado desde a década de 1950, o famoso prédio deixou de existir — mudando um panorama de décadas na esquina da Avenida Otávio Rocha com a Rua Mal. Floriano Peixoto, no Centro Histórico.
O imóvel tem cerca de 50 proprietários, que têm dívidas de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) com o município. Em setembro de 2021, a Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) avaliou o prédio em cerca de R$ 3,4 milhões. Já a demolição custou à prefeitura de Porto Alegre cerca de R$ 3,79 milhões.
A destruição do prédio foi bancada pelos cofres públicos pois os proprietários não assumiram essa responsabilidade. Conforme noticiou o colunista de GZH Jocimar Farina, caberá agora ao Judiciário dizer o que será feito com a área e como a prefeitura será ressarcida. Uma das opções é o terreno ser repassado ao município.
Caso tome posse do terreno, a prefeitura diz que pretende construir outro prédio no local. Secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer diz que a nova estrutura será erguida com recursos vindos de financiamentos com bancos internacionais, já anunciados no início deste ano. Detalhes como altura e número de salas ainda estão sendo definidos.
— Estamos estudando. Temos a ideia de ter um equipamento público bonito aqui para valorizar este espaço. Um novo prédio. Estamos discutindo sobre o "recheio" dele. Terá função social, cultural e turística. Temos que colocar um prédio icônico aqui — diz Schirmer.
O secretário de Obras e Infraestrutura, André Flores, diz que, dependendo do que o estudo mostrar, a prefeitura deverá comprar imóveis ao lado do antigo Esqueletão para aumentar a área do terreno. As lojas ficam na esquina na Marechal Floriano Peixoto com a Avenida Otávio Rocha. Nelas, funcionam hoje comércios como ferragem e loja de roupa.
Como foi a obra
Em agosto de 2022, um laudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontou que havia risco de queda do Esqueletão se nenhum tipo de intervenção fosse feito. Em abril de 2023, a Justiça autorizou a demolição do imóvel.
Em janeiro do ano seguinte, a empresa contratada pela prefeitura iniciou a instalação de telas de proteção no prédio. Um mês depois, a demolição foi embargada pela Justiça por questões de segurança. Em nova definição no mês de setembro daquele ano, a destruição foi autorizada e iniciada, mas apenas na parte anexa do prédio, que tem quatro andares e está localizada nos fundos do terreno.
A destruição da torre principal, de 19 andares, foi iniciada em janeiro de 2025. No meio do processo, a prefeitura desistiu de implodir o prédio e optou por seguir a demolição de forma manual, pois o uso de dinamites poderia impactar os imóveis vizinhos. O fim da obra ocorreu no mês passado.
Edifício exposto
Com o fim do Esqueletão, os vizinhos do edifício Galeria do Rosário ganharam uma nova vista do Centro Histórico. No entanto, a lateral do prédio agora está exposta, revelando a necessidade de reformas na estrutura. O síndico Sérgio Jentchmin diz que o assunto será pauta em uma reunião com os condôminos neste mês.

— Urge uma reforma. Reboco, pintura, revitalização da fachada. Ainda precisa ser aprovado pela assembleia. Os custos são altos. A vacância no condomínio está em 40% e a inadimplência em 20%. Ficará pesado para os condôminos — diz Jentchmin.
Uma alternativa levantada pelo síndico para bancar a obra seria uma parceria com a prefeitura ou com alguma empresa privada. A escolhida poderia explorar o espaço com propaganda em troca do valor da reforma.
Histórico
Inacabado desde a década de 1950, o Esqueletão já foi interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões: 1988 e 1990. Também já houve interdição judicial em 2019.

O processo para desmonte do prédio começou em janeiro de 2024, mas foi embargado um mês depois. Em agosto do ano passado, a empresa conseguiu autorização para retomar o trabalho, o que se viabilizou em setembro com a destruição dos quatro andares da estrutura ao fundo do terreno.