Entrevista
"Plano de carreira para ator brasileiro é uma ficção", afirma a atriz Silvia Buarque
Filha do Chico Buarque e da Marieta Severo está em cartaz na comédia Vendo ou Alugo
Ela é filha do Chico Buarque e da Marieta Severo. O padrinho é ninguém menos do que Vinícius de Morais. Aos 44 anos, casada com o ator Chico Díaz e mãe da pequena Irene, Silvia Buarque protagoniza ao lado da mãe a comédia Vendo ou Alugo, que estreia nesta sexta-feira em 179 salas de cinema do país. É a primeira vez que as duas contracenam juntas em um longa.
No Rio de Janeiro, a atriz conversou com o Diário Gaúcho.
Diário Gaúcho - Com que idade você percebeu que tinha pais e um padrinho famosos?
Silvia Buarque - Foi quando eu tinha 3, 4 anos. É lenda familiar, mas aconteceu. Minha mãe foi me buscar na escola e eu estava aborrecida. Teve uma foto entre os colegas e eu não quis tirar. Conversando com ela, eu lancei: 'é essa coisa de filha do Chico Buarque'. Devo ter ouvido alguém falar e me aborreci. As crianças são muito cruéis, principalmente as mais velhas, isto era muito constrangedor. E o Vinícius até é bem bonitinho, tenho o maior orgulho de ser afilhada dele, mas não falo isso pra quase ninguém porque acho que é demais (risos).
DG - Em 1969, seus pais posaram para a capa de uma revista celebrando o seu nascimento, em Roma, quando eles estavam no exílio. Nunca reclamou dessa exposição sua tão cedo?
Silvia - Havia uma necessidade deles de continuarem existindo profissionalmente no Brasil. Eram jovens e não tinham dinheiro no exílio. Tanto que depois eles não fizeram. Não tem foto da gente, em uma revista, nos anos 80. Houve sempre uma preocupação de nos resguardar. Perdi coisas no início da minha carreira de atriz pois as matérias eram sempre sobre papai e mamãe.
DG - Quais são os seus planos para o futuro?
Silvia - Plano de carreira para ator brasileiro é uma ficção. Faço as minhas escolhas, embora elas tenham me custado não estar sempre na mídia, recebendo convites maravilhosos. Tenho alguns hiatos profissionais, mas tenho orgulho de tudo que fiz, principalmente depois dos meus 30 anos. Objetivamente, meu próximo trabalho será no teatro, provavelmente ainda este ano. E fico feliz que, em menos de dois anos, fiz três filmes, e todos já estão sendo lançados. E tenho convite para mais dois. Em tevê, tenho poucos convites. Aí, a gente gosta mais de quem gosta da gente (risos).
DG - Em Vendo ou Alugo, você contracena com a sua mãe. E também já trabalhou com seu marido. Como é atuar em família?
Silvia - Trabalhei pouco com minha mãe, mas isso foi uma escolha minha, não dá para ficar de par de vaso. Mas aos 44 anos, tenho maturidade para errar perto dela, ouvir ela. Mas não vou dizer que não embola, embola tudo. Mas mãe é mais confortável do que com marido. Mãe cuida da gente. Foi delicioso trabalhar com ele também, mas homem e mulher é sempre mais complexo. Nem eu, nem ela, nem ele temos interesse em ficar vinculados.
DG - E como é atuar em uma comédia?
Silvia - Gostei, mas não é a minha paixão como espectadora. Eu sou chata. Ampliar meu leque é uma coisa que eu batalho. Nesse sentido, a tevê seria legal, isso se eu tivesse mais oportunidade.
* O jornalista viajou a convite da Europa Filmes
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