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Artistas famosos fazem o pé de meia em festas particulares
Eventos fechados são bons negócios para os músicos
Um extra, uma chance de engordar o cofrinho ou a oportunidade de ter uma maior aproximação com um público que nem sempre vê o seu show. Independente do motivo, o fato é que shows em casamentos, aniversários e formaturas se tornaram o novo xodó de músicos, aqui pelos pagos e no país inteiro. Retratos da Fama entrou de cabeça neste mundo paralelo de espetáculos, descobriu que tem pagodeiro que toca música da Xuxa, que Naldo jogou basquete com familiares de um contratante e conta as peculiaridades deste mundo!
Naldo: "Acredito que chego a mais pessoas"
Um dos nomes da música nos últimos anos, Naldo confirma que é muito requisitado para festas, casamentos e aniversários de 15 anos. Em entrevista a Retratos da Fama, o astro revela que curte a função:
-Acredito que chego a mais pessoas, alguns que não iriam nos shows, vovós, mães, pais. E consigo estar mais perto para transmitir carinho. É bem diferente de fazer show em uma grande casa de espetáculos - comenta.
Em maio, Naldo teve uma boa experiência em Belo Horizonte, Minas Gerais. Contratado para um aniversário de uma bem sucedida família local, o músico se sentiu em casa Na dia do show, foi levado ao condomínio no qual a família residia e jogou basquete com um dos filhos do empresário contratante:
-Foi muito legal! A esposa do cara era minha fã, foi um momento diferente, de curtição - relembra.
Por conta desse clima, o cantor revela que shows desse formato acabam tendo um perfil diferente e sendo mais longos:
-Normalmente, eu faço mais tempo do que o normal (em um apresentação normal, Naldo canta cerca de 1h e 30 minutos). Todo mundo quer ouvir todas as músicas, e o clima é diferente - conta o cantor, em um papo exclusivo com o Diário.
Claus e Vanessa embalam sonhos e romances
-Esse tipo de evento cai como uma luva para nós.
A declaração de Claus, da dupla com Vanessa, ilustra bem a importância para a dupla em tocar neste tipo de evento. O músico revela que o convite para casamentos, aniversários e formaturas surge pela identificação do público com as músicas da dupla:
-O nosso público sempre nos procurou para esse tipo de evento. Às vezes, tem aquele amor que rolou com a nossa música de fundo e as pessoas identificam a nossa relação com isso, sabem que é verdadeira - explica.
Claus afirma que, como este mercado oscila e vive de datas especiais (casamentos em maio, formaturas no meio e no fim de ano, em geral), a dupla tem mais eventos nestas épocas do que nos demais meses do ano. Em meses como maio, o casal já cantou em até quatro eventos. No fim do ano, a procura é pelos formandos. Mesmo assim, vale (e muito) a pena:
-Vale a pena atacar nesse mercado, até porque são shows que a gente consegue conciliar horários, levam em média uma hora, uma hora e quinze. Às vezes, dá para fazer mais de um na mesma noite - comenta o músico.
Ecletismo, mas sem fugir da raiz
No repertório, o ecletismo é a marca da dupla. Claus observa, porém, que o estilo da dupla é mantido:
-A gente sempre tenta fazer um show que atenda a todas as idades. Temos cartas na manga para agradar a todos, mas não saímos do nosso estilo. No máximo, um samba que a Nessa (Vanessa) canta legal - comenta Claus, revelando que algumas músicas são unânimes neste tipo de evento, como Pintura Íntima, do Kid Abelha.
Quando o assunto é o cachê, Claus comenta que os eventos são importantes, mas não dá detalhes:
-Posso te dizer que, com certeza (os shows deste gênero) ajudaram bastante no nosso orçamento - explica o músico.
Interação total de grupo e convidados
Um dos grupos de maior sucesso do pagode gaúcho, o Louca Sedução é requisitado meses, até um ano antes de eventos deste gênero.
-Tentamos não fechar nada tanto tempo antes, pois pode surgir alguma coisa fora do Rio Grande do Sul, por exemplo, e a gente não consegue ir - comenta Lelê, vocalista do Louca, que completa 15 anos em 2014.
Um dos últimos eventos que o grupo fez foi a festa de aniversário de Vinicius Prates, empresário do atacante Leandro Damião, do Santos, em maio, no Leopoldina Juvenil. O vocalista revela que sente um prazer especial em fazer shows nestes eventos:
-A gente se sente casa, as famílias nos convidam para participar da festa, para chegar um pouco antes do show, comer um salgadinho. E claro, o repertório é especial, o Louca procura tocar o que a galera quer ouvir naquele momento. Em geral, o nosso repertório é 80% autoral. Nessas festas, acrescentamos o que o público gosta, como Demônios da Garoa, Bruno & Marrone. O show fica mais longo, vai até duas horas e meia - revela Lelê.
Sempre tem aquele tio mala...
E claro que sobram histórias engraçadas quando entram na história bebida e parentes empolgados.
-Sempre tem alguém que sobe no palco para tocar algum instrumento. E vem aquele tio mais exaltado, sai cantado, todo desafinado (risos) - afirma.
Outra vantagem para o grupo é o cachê. Além de representar, muitas vezes, o dobro de um normal, sempre pinta a chance de um extra:
-Às vezes, o dono da festa está gostando, não quer que a música pare. Digamos que o cachê para aquela festa seja de R$ 3 mil. Ele chega e banca mais grana, para que o show siga por uma hora. Dá para guardar uma graninha, com certeza - afirma Lelê.
Sai até hit da Xuxa com o Zueira
Dá para imaginar o Zueira, um dos principais grupos de pagode do Rio Grande do Sul, tocando Tindolelê, de Xuxa? Pois essa cena é uma das peculiaridades que já aconteceram com a banda em shows feitos em eventos particulares.
-O show muda bastante, até a "beca" fica diferente. A gente coloca uma roupa mais social. E o repertório pega uns sambas mais conhecidos do público. E já teve até essa da Xuxa - diverte-se Nards, voz e banjo do Zueira.
Com uma agenda apertada - atualmente o grupo faz uma média de 23 shows por mês - o Zueira marca presença em eventos deste tipo uma vez por mês, grana que não é considerada fixa nem entra no orçamento normal da banda:
-Não contamos por isso, por ser uma coisa meio sazonal - explica Nards.
Resposta é hit nos casórios
Nas festas, eles contam, uma das músicas mais pedidas é Resposta, composição dos pagodeiros, que fala de relacionamento:
-Principalmente pelos casais, tem muita gente que se identifica - comenta.
Na sexta-feira, o grupo tocaria na festa de casamento do ex-gremista Douglas Costa, atualmente no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, no Leopoldina Juvenil, na Capital.
Anitta, aniversariante e convidadas: até o chão
Um dos nomes mais populares do momento, Anitta esteve em Porto Alegre, em maio, na festa de Mariana Sirena, filha de Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos. O cachê não foi divulgado, mas a interação da cantora com a aniversariante foi total. Além de Mariana, as amigas subiram no palco e dançaram com a funkeira. Algumas até tiraram o sapato e caíram no funk, tamanha a empolgação. Procurada, a assessoria da cantora não informou o preço médio do cachê da morena neste tipo de show.
Ivete descobriu a galinha dos ovos de ouro
Em uma festa de formatura do curso de direito da Puc, de São Paulo, em março deste ano, Ivete Sangalo provou o poder deste mercado quase que paralelo da música. Para um cachê estimado de cerca R$ 500 mil, conforme matéria da revista Veja, ela soltou a voz em um megaevento, com um show de cerca de uma hora e quarenta minutos.
-Formatura virou um grande negócio - afirmou a baiana, em entrevista para a revista.
Na ocasião, ela fez sua estreia em formaturas, embora já tivesse experiência em festas e congressos promovidos por grandes empresas.
Cotação de mercado
-Em média, para contratar um show de grupos de pagode mais conhecidos daqui, como Louca Sedução e Zueira, por exemplo, o contratante gasta entre R$ 2 a 5 mil. (atenção: são valores aproximados, cada show pode ter um preço, dependendo da cidade e do tempo de duração, por exemplo). O show normal destes grupos, custa, em média, 20% a menos.
-Com nomes mais conhecidos do pop gaúcho, Papas da Língua, um cachê normal é de cerca de R$ 20 mil, valor aproximado que segue em casamentos e formaturas. Para eventos corporativos, o valor sobe um pouco, podendo chegar aos R$ 30 mil.
-No cenário nacional, Naldo cobra, em média, de R$ 40 a 80 mil por um evento dessa magnitude.
-Outros bombados no cenário pop, como Skank e Capital Inicial, cobram de R$ 150 mil a R$ 200 mil.
-Sertanejos no auge, como Gusttavo Lima e Jorge & Mateus, pedem cerca de R$ 350 mil.
-No topo, está Ivete, que fatura mais de R$ 700 mil.