Mercado de trabalho
Vida de sacoleira: o que você precisa saber para se aventurar neste mundo
Se você quer ser uma vendedora independente, pode até ser registrada como Microempreendedor Individual
Foi após perder o emprego de coordenadora de telemarketing em um banco, em 2005, que Simone Pereira Silva, hoje com 46 anos, moradora do Bairro Farroupilha, mudou completamente a sua trajetória. Desde então, ela ganha a vida vendendo roupas na casa, no trabalho das clientes, ou até mesmo em seu próprio lar.
- Uma amiga me incentivou a pegar algumas peças, já que eu sempre gostei de confecção. Depois que comecei, não quis mais fazer outra coisa - conta a microempresária, satisfeita:
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- Ganho o suficiente para não procurar outro trabalho.
Para quem quer seguir este caminho, Simone dá algumas dicas:
/// Organize seus horários e mantenha uma agenda.
/// Reserve um tempo para organizar as roupas, etiquetar, manter as finanças em dia.
/// Faça uma previsão do dinheiro que vai entrar e do que vai sair. Nada de gastar assim que receber das clientes. Dê prioridade para o pagamento dos seus fornecedores.
/// Esteja pronta para trabalhar também à noite e durante o final de semana, conforme a necessidade das clientes.
/// Leve em conta o risco de levar um calote. Procure vender para pessoas próximas primeiro.
/// Tem que bater perna! Peça indicação de novas clientes para as antigas e mostre muito as suas peças.
/// Alguns meses vendem menos, como janeiro e fevereiro. Faça uma reserva para esta época do ano.
/// Mantenha-se atualizada sobre tendências, moda e o que as famosas andam usando. Bom gosto é fundamental!
/// Seja seu próprio cartão de visitas, andando arrumada.
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Formalização
Se você quiser ser vendedora e formalizar a sua atividade, informe-se pelo Microempreendedor Individual (Mei). O registro da empresa nessa modalidade é gratuito e possibilita a criação de um CNPJ, emissão de nota fiscal e contribuição para a previdência social (INSS).
O Sebrae orienta, inclusive, no desenvolvimento de planos de negócio: ligue para 0800 570 0800.
A história de Simone:
Foto: Félix Zucco / Agência RBS
Apesar de ter mais tempo para a família, pois Simone decide seus horários, ela deve estar disponível para as clientes, quando for chamada. Acima de qualquer coisa, a principal vantagem, para essa sacoleira vitoriosa, é fazer o que gosta:
- Eu adoro trabalhar com roupas!
Na época em que perdeu o emprego fixo, o filho mais velho de Simone, João, tinha cinco anos de idade. Ela percebeu que trabalhar por conta daria a possibilidade de passar mais tempo com o pequeno.
- Ele ia para a escola desde os quatro meses. Resolvi ficar com ele pela manhã e organizar o meu horário de trabalho durante a tarde. De lá pra cá, tive outro filho, o Pedro, que está com seis anos, e sigo o mesmo sistema. Vale muito a pena poder me dedicar a eles - garante a mãezona.
Simone começou a vender para as amigas mais próximas, irmãs, parentes e ex-colegas. Uma freguesa avisava a outra, e lá ia ela, com sua sacola, mostrar todas as novidades.
Clientela fiel
Tanta dedicação fidelizou a mulherada, que espera, ansiosamente, os lançamentos a cada troca de estação.
- Fiz uma boa carta de clientes neste tempo todo. Hoje, já não levo uma mala enorme para todos os lugares. Separo as peças conforme o gosto de cada uma - explica o seu sistema.
E é essa proximidade que Simone elege como o seu diferencial em relação às lojas:
- As mulheres saem do trabalho cansadas e não querem ir a um shopping bater perna. Para elas, é cômodo que eu leve uma sacola com roupas do estilo que elas gostam.
Consultora de estilo
A função, desde escolher as peças até ajudar as clientes a se sentirem lindas, é um prazer.
- Gosto de visitar os fornecedores. Quando vejo uma roupa, já enxergo a minha cliente nela e imagino todo o look! - diverte-se Simone, que faz as vezes de consultora de estilo:
- Elas compram uma peça e me pedem ajuda para saber como usar.
Com a crise econômica, as vendas também são afetadas, é claro, mas ela tem sua tática.
- Vou a mais lugares e mostro para mais pessoas. Ainda assim, vale a pena - diz.
O marido, Maurício, 48 anos, entra nessa:
- Ele é professor e me ajuda muito, levando peças para as colegas de trabalho.