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Vídeo: Dia da Mulher: Rosane Marchetti conta como se engaja na luta contra o câncer de mama e manda recado
Jornalista da RBS TV conta sua história de luta contra a doença, que inclui palestras gratuitas no Estado e sua paixão na causa em prol dos animais
Conversar com Rosane Marchetti, 56 anos, é ouvir lições de vida, constatar o quanto vale a pena lutar intensamente, com amor e solidariedade por aquilo em que se acredita. A partir da profissão que escolheu, a jornalista da RBS TV optou por ajudar a transformar realidades e, com o passar dos anos, acabou ganhando protagonismo longe das câmeras, em uma das lutas mais comoventes do sexo feminino: contra o câncer de mama.
Após o diagnóstico da doença, em 2011, e de ficar afastada da tevê por pouco mais de um ano para o tratamento, ela voltou à tevê em 2012, e se tornou símbolo desta bandeira a partir do momento em que decidiu contar a sua história de superação em palestras. Uma fonte de inspiração neste Dia Internacional da Mulher.
Engajada na causa
Desde 2011, quando descobriu que tinha um tumor na mama, Rosane atua de forma voluntária, no Estado, na luta contra a doença. A jornalista dá palestras gratuitas em apoio ao Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama) e à Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).
Além disso, visita instituições como o Instituto do Câncer Infantil para conhecer a realidade de pacientes e levar seu apoio.
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Diário Gaúcho - Te consideras umas agente transformadora?
Rosane Marchetti - Enquanto jornalista, a gente é sempre um agente transformador, tem todos os instrumentos para ser. Como mulher, acredito que colaborei em duas frentes. A primeira é na luta das mulheres que dependem do Sus para tratamento do câncer. Até a descoberta da minha doença, em 2011, um medicamento importante, o Trastuzumabe, custava R$ 11 mil. São necessárias 18 aplicações a cada 21 dias. Na época, não tinha fornecimento via Sus, só pela Justiça.
Ainda não está perfeito, mas melhorou: em 2013, o Sus liberou o medicamento. Agora, a luta é para que a rede pública libere outro remédio que pode dar mais um pouco de vida para quem tem câncer metastático (quando se espalha para outros órgãos).
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Diário Gaúcho - E a qual é a outra frente em que atuas?
Rosane Marchetti - Eu também uso a minha figura pública para defender o meio ambiente e os animais. Não só por ter afeto por eles, mas pela experiência que tive. Uma das matérias que mais me ensinou foi uma para o Globo Repórter, sobre a vida secreta dos animais. Agora, estou ajudando em uma campanha nas redes sociais para que as pessoas não comprem coelho de verdade na Páscoa, pois é difícil de criar.
Tenho quatro gatos e ajudo resgatando cães e gatos nas ruas, enviando para sítios com atendimento adequado. E pago a ração e o atendimento veterinário deles. Apesar da repercussão positiva, ouço muito: "Ah, mas por que se preocupa com animais se há crianças passando fome?". Uma coisa não exclui a outra. Nós, enquanto seres, somos companheiros de jornada. Se eu enxergar uma pessoa caída no chão, vou ajudar também.
Publicado por Rosane Marchetti em Sexta, 4 de março de 2016
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Crédito: Reprodução/Instagram
Diário Gaúcho - Como é ser uma ativista na luta contra o câncer de mama e compartilhar com outras mulheres tua história?
Rosane Marchetti - Todos os dias, 33 mulheres morrem no país vítimas de câncer de mama (segundo o Ministério da Saúde). Então, eu defendo o diagnóstico precoce e o tratamento desta doença. Faço palestras gratuitas há cerca de quatro anos. Foco mais nos meses de março, por ser o mês da mulher, e de outubro, por causa do Outubro Rosa (movimento que estimula a participação da população feminina no controle do câncer de mama).
Nestes meses, chego a ir a dez cidades diferentes, mas, se atendesse a todos os pedidos, daria palestras todos os dias. Tenho gratidão por isso, por ter acontecido desta maneira e por ter descoberto a tempo. A forma que encontrei de ajudar é alertando as pessoas.
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Diário - E como é o retorno das mulheres?
Rosane - Tento passar que diagnóstico de câncer não é sentença de morte. Frequento a feira de orgânicos, no Bairro Bom Fim, aos sábados, e encontro muitas mulheres que viram as minhas palestras. Elas dizem que acompanharam a minha história e que torceram por mim. Recebo muitas mensagens no Facebook, tenho mais de 76 mil seguidores. Sempre procuro dar resposta a quem me escreve, acho fundamental. Alguns me mandam orações.
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Diário - O que tu considera fundamental na hora do diagnóstico da doença?
Rosane - O apoio dos médicos e da família. Meu marido (Luiz Roberto Martins) foi fundamental, e a minha filha (Camila) e a minha mãe (Lourdes) também. Ele fez questão de cuidar de mim, me dava comida na boca. Entre uma sessão e outra de quimioterapia, o cabelo crescia, e ele cuidava para raspar. Foi um anjo da guarda.
E os animais têm uma coisa diferente neste momento. De alguma forma, entendiam o que estava acontecendo, captavam isso e devolviam pra gente, de forma que reduzia o meu estresse. O que mais aprendi é que a gente tem consciência da morte pela razão, mas acha que está longe. Quando tu te defrontas com uma doença, sente pelo coração que ela pode estar mais perto.
Crédito: Arquivo Pessoal
Diário - E hoje, estás curada?
Rosane - O médico disse que sim. Eu tinha um tumor, não tinha metástase, e
o tumor foi retirado. Fiz quimioterapia, radioterapia, tomo medicação diária e um anti-hormônio por um tempo, não sei até quando. E tomo uma série de medicamentos para o coração, desde que coloquei um stent (tubo minúsculo e expansível usado para devolver um ritmo próximo ao normal ao fluxo sanguíneo da artéria coronariana).
Me sinto bem. Claro que bate aquele medo de vez em quando. Mas prefiro acreditar em outras coisas, tenho uma vontade muito grande de seguir mostrando o que as pessoas não conhecem, como no Globo Repórter.
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