Juro que ele estava aqui. Eu vi o outono acontecendo, gente! Será que fiquei doida? Dormi com o lençol tapando até o pescoço e acordei com frio no pé. Fechei a janela por causa do vento encanado. Falei pro meu filho "Leva um moletom!!". E pasmem, ele levou (a prova concreta de que havia esfriado). O próximo passo seria arejar os cobertores. Eu já planejava um belo banho de pelar porco antes de dormir. Mas ontem cedo me preocupei, não consegui tomar o meu café com leite quentinho. Tive medo de provocar um superaquecimento corporal e eu queimar feito disjuntor que não aguenta o tranco. Aquilo foi a gota d'água. Sem falar nas gotas de suor escorrendo por dentro da roupa.

Quem trouxe esse calorão dos infernos? Vamos lá, pode se acusar. Minha rinite sofre. Estamos em abril e já tomei antibiótico pro resto do ano. No último final de semana, fiz cabelo e maquiagem pra ir bem musa num aniversário. Depois de meia hora de festa, me choquei com a imagem que vi no espelho do banheiro: o cabelo escorrido (sou do contra e adoro cachos, lembra?) e o olhão preto todo esgualepado. Uma mulher vestida pra matar não pode suar no bigode jamais.

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Cartaz no poste

"Ai que calooor!" é a única frase que os gaúchos contra e a favor da presidenta concordam. Pelo direito de dormir dignamente sem colar no travesseiro, eu voto SIM! Quero o outono de volta! Pra não ver ninguém com rodelas de pizza embaixo do braço. Pra usar meia calça e bota. Pro termômetro não marcar quase 30 graus à noite.

Pensei em colar cartazes nos postes com uma foto do outono e um número de celular pra ajudar nas buscas. Mas e se eu desidratar na esquina, o sol a pino? Se você tiver notícias sobre o paradeiro dessa estação (alô, pessoal da fronteira!), avise que estamos com saudade e sentimos muito a sua falta. Procura-se o barulhinho de chuva, um chocolate quente, a elegância de um casaco. Procura-se até uma frente fria.

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