Se você costuma usar o Google Maps como GPS, prepare-se, aos poucos ele terá uma nova voz feminina. A locutora paulista Malu Pontes, 39 anos, foi selecionada pela empresa norte-americana e será a primeira brasileira a emprestar sua voz para o mapa do Google.

– Me senti muito honrada de gravar para eles. É uma responsabilidade enorme, mas estou muito feliz – garantiu Malu, em entrevista concedida ao Diário Gaúcho.

Mas fique atento, a voz feminina que hoje é usada para indicar os trajetos em Porto Alegre, por exemplo, pode não ser brasileira. Como o Google usa um sistema que transforma junções fonéticas em palavras e frases, a voz atual pode ser estrangeira.

– Estamos gravando conforme precisa de atualização. Não vai trocar tudo de uma vez, deve ser uma coisa gradativa – explicou.

Malu conta que a oportunidade foi inesperada. Em maio deste ano, recebeu uma ligação de Gus Moreira, um brasileiro que gerencia o Google Maps, em Nova York. Ele convidou a locutora para participar da seleção, da qual precisou passar por entrevistas online, videoconferências e alguns testes até ser a escolhida para emprestar sua voz para o Google Maps brasileiro.

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Segundo ela, o Google está com uma preocupação em ter vozes locais, chamar mais a atenção do público masculino com uma voz feminina e quer mudar a ideia de que é um robô falando com o consumidor.

– Eles querem uma locução natural, como se eu estivesse falando com os meus amigos. Pedem para que eu seja o mais natural possível – contou.

Outros trabalhos da locutora

Malu é formada em Jornalismo e Letras, e trabalha há 21 anos com locução. Fez um curso na área aos 18 anos e foi trabalhar em rádio. Passou pela Mix, Transamérica e Globo, até que decidiu migrar para a televisão. Foi contratada pelo Discovery Channel e depois foi para a HBO, onde trabalha até hoje como a voz do canal Cinemax.

Além disso, ela empresta a voz para comerciais, empresas e eventos. Outro serviço bastante conhecido cuja voz é de Malu é o Net Now, onde ela afirma gostar muito de trabalhar:

– Eles pedem para eu assistir aos filmes antes de fazer a chamada, para entrar no clima e fazer a mais locução envolvida. É diferente e muito legal.

Com um estúdio profissional próprio e a parceria de um editor, uma secretária e um assistente comercial, ela explica que as empresas pagam por projeto, ou seja, sem salário mensal fixo. Contudo, se diz satisfeita profissionalmente e assegura que consegue tirar uma boa quantia a cada mês.

– Como sou dona do meu próprio negócio, não tenho salário. Dependo de estar indo atrás. Mas depois de uns 15 anos trabalhando com isso comecei a ganhar bem. Hoje dá para dizer que equivale ao salário de um diretor de uma grande empresa – admite.

Fora da área de locução, Malu é sócia-proprietária de um restaurante tailandês no município onde mora, que é São José do Rio Preto, distante cerca de 440 quilômetros de São Paulo.

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Fama e cuidados

Diferente de outros locutores que acabaram ficando famosos com o trabalho, ela diz não ter chegado a esse patamar. Confessa, no entanto, que já passou por situações em que as pessoas lhe dizem conhecer a voz de algum lugar.

– Quando ficam sabendo que sou locutora e associam a algum lugar que trabalho ou trabalhei, algumas pessoas piram, pedem para eu imitar uma ou outra frase – contou.

Sobre sua rotina, afirma trabalhar, em média, dez horas por dia. Porém, não é esse tempo todo seguido. Para cada hora de trabalho precisa descansar pelo menos outra uma hora. Além disso, destacou outros cuidados importantes que precisa tomar:

– Nunca durmo depois das 11 da noite e preciso ter, no mínimo, oito horas de sono. Também não bebo mais nada gelado e quando estou cansado tomo chá quente.