Estrelas da Periferia
"A melhor das hipóteses era voltar a caminhar com muletas", diz sambista de Torres
Após um grave acidente, Rafael Negretty, vocalista do grupo Novo Eskema, conseguiu voltar a caminhar, cantar e lutar jiu-jítsu.
Até 2014, Rafael Negretty, 30 anos, morador de Torres, no Litoral Norte, seguia uma rotina na qual conseguia conciliar suas duas paixões. Na época, lutava jiu-jítsu e cantava em uma banda de pagode, a Novo Eskema, na cidade. Porém, naquele ano, um acidente de moto, no centro da cidade litorânea, mudou as perspectivas do músico. Na ocasião, fraturou quatro das 33 vértebras existentes na coluna vertebral: da L1 até a L4.
— Logo que sofri o acidente, a banda toda parou de tocar. Eles foram muito solidários comigo, pois eu tive que ficar cerca de um ano me locomovendo de cadeira de rodas. No dia que saí do hospital, o médico disse que, na melhor das hipóteses, eu voltaria a caminhar com a ajuda de uma bengala — comenta Rafael.
Dedicação
Durante cerca de oito meses, o músico se dedicou, de corpo a alma, a intensas sessões de fisioterapia, para que conseguisse retomar sua rotina. Afinal, para um amante do esporte e da música, nada pior do que ter sua locomoção comprometida.
— E, claro, nesse tempo, segui tocando em casa, para me ajudar nos dias difíceis — relembra.
O retorno
Em 2015, cerca de um ano depois do acidente, ele conseguiu voltar a caminhar normalmente. Além de retomar os shows com os parceiros do grupo, voltou a lutar, ganhando projeção até em competições de MMA. Em 2016, por exemplo, participou de um evento na qual ganhou destaque nacional, Torres Fight, que teve a participação de Dirlei “Mão de Pedra”, nome conhecido no esporte, que participou do filme Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo (2016). O longa retrata a vida do lutador José Aldo, ex-campeão peso-pena do UFC.
— Já dei algumas palestras falando sobre esse período de luta. Voltei com tudo, para o esporte e para a música — afirma.
Com o Novo Eskema, há 12 anos nos palcos, o pagodeiro e lutador comemora o bom momento, pois, ao lado dos parceiros, consegue, em média, fazer 10 shows por mês. Curiosamente, o grupo tem feito mais apresentações em municípios catarinenses, como Criciúma, Sombrio e Tubarão, do que, propriamente, no litoral gaúcho, devido à proximidade com Torres, que fica na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina.
— O cenário aqui (no litoral) é mais complicado para o pagode, tocamos mais no verão, no período forte da temporada — conta Rafael.
Entre as apostas do grupo, está a canção Vem pra Cá, faixa de composição dos pagodeiros praianos.
— É um sonho ter conseguido voltar a caminhar, a tocar e a fazer esporte. Nasci
de novo! — comemora.
Além de Rafael, o grupo é composto por Alisson (pandeiro), Zilon Mateus (rebolo), João Gilberto (surdo) e Tiago Matos Zolho (percussão).
Pitaco de Quem Entende
Adriano Brasil, produtor artístico, fala sobre o trabalho de Rafael e do grupo:
— Por si só, a história dele é de muita superação. Depois de tudo isto, o cara conseguir voltar a tocar é quase um milagre. Bacana ver a força de vontade dele. Na parte musical, é um belo grupo de pagode, e ele não deixa a desejar quando lembramos da boa escola de vocalistas de pagode que se formam no Rio Grande do Sul. Parabéns!
Aqui, o espaço é todo seu
— Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.
— Para falar com a banda, ligue para 98041-0619.