Noveleiros
20 anos de Laços de Família: por que a trama de Manoel Carlos é inesquecível
Confira 2o razões para amar a história de Helena, Edu, Camila e tantos outros
As novelas de Manoel Carlos ocupam um lugar todo especial no coração dos telespectadores. Todo mundo tem sua Helena favorita, uma cena inesquecível ou um par romântico marcante criado pelo autor.
Este ano, uma das histórias mais emocionantes de Maneco completa 20 anos. Laços de Família estreou no dia 5 de junho de 2000, marcando para sempre a história da teledramaturgia. Em tempos de distanciamento social, com "muita calma pra pensar, e ter tempo pra sonhar", relembramos 20 razões para que Laços de Família perdure nas lembranças do público, "até o apagar da velha chama..."
Um elenco é um elenco!
Tony Ramos, Vera Fischer, Carolina Dieckmann, Lilia Cabral, Deborah Secco, Giovanna Antonelli, Marieta Severo, José Mayer...
Sob a batuta do diretor Ricardo Waddington, os atores deram show. Das simples conversas no café da manhã aos barracos impactantes, cada cena foi pensada para tocar o coração do público.
Estreia com o pé direito
Dois jovens atores, até então desconhecidos do grande público, deram seus primeiros passos na trama de Manoel Carlos. Juliana Paes, que começou quase invisível como a empregada Ritinha, ganhou espaço e história própria e, não à toa, foi alçada ao estrelato e ao protagonismo que merecia. A aposta arriscada de escalar um novato como protagonista se mostrou um tiro certeiro. Reynaldo Gianecchini começou tímido como Edu, mas teve um crescimento meteórico.
Adorável cafajeste
Em uma trama de assuntos pesados, era fundamental um alívio cômico. A tarefa de fazer rir foi cumprida com louvor por Alexandre Borges, impagável como Danilo. O bon vivant passava boa parte das cenas à beira da piscina, de roupão, ostentando uma taça de champanhe e trocando olhares com Rita.
Amamos odiar
As personagens de Maneco são humanas e transitam entre a maldade e a generosidade. É o caso de Alma (Marieta Severo), a devotada e possessiva tia de Edu (Reynaldo Gianecchini). Ao mesmo tempo em que exaltava a própria bondade por ter acolhido os sobrinhos, era capaz de interferir na vida de Edu e Estela (Julia Almeida) das piores maneiras.
— Lembro do prazer que era lidar com o texto do Manoel Carlos. E também guardo comigo a lembrança dos momentos iniciais da carreira brilhante da Juliana Paes e do Reynaldo Gianechini — disse a atriz.
Só a cara de anjo
Uma personagem controversa, assim é Íris (Deborah Secco). Sem travas na língua, proferia as verdades mais inconvenientes, "sem querer", mas no fundo, calculava bem onde soltar seu veneno.
A irmã caçula de Helena (Vera Fischer) não tinha meio-termo: ou amava loucamente ou odiava com todas as forças.
Merchandising social
Ao contar o drama de Camila, Maneco chamou a atenção para a leucemia, uma doença que, infelizmente, não é coisa de novela. A trama motivou uma campanha internacional ela doação de medula óssea.
Trilhas inesquecíveis
Além da abertura com o clássico Corcovado, de Tom Jobim, a trilha sonora da novela foi um show à parte. Do romantismo de Como Vai Você, na voz de Daniela Mercury até as dançantes Próprias Mentiras, de Deborah Blando, e Balada do Amor Inabalável, do Skank, era pra cantar junto a cada cena.
Química de sobra
Os casais da trama movimentaram a torcida do público. É a tal da química que tanto se espera de um par romântico de novela. Edu e Helena mostraram em cenas quentes que havia, sim, muita química. O mesmo aconteceu com a protagonista e seus outros pretendentes, Miguel (Tony Ramos) e Pedro (José Mayer).
Haja lencinhos
Pense em uma cena de novela emocionante. Aposto que boa parte do público deve ter em mente o momento em que Camila (Carolina Dieckmann), em tratamento contra a leucemia, raspa a cabeça ao som de Love by Grace, da cantora Lara Fabian. Na época, o Vídeo Show exibiu os bastidores da cena e mostrou que os outros atores e a equipe técnica também derramaram muitas lágrimas.
Barracos dos bons
A cada semana, pelo menos um barraco movimentava a história. Muitos deles, protagonizados por Íris, que saiu no tapa com Camila algumas vezes. A encrenqueira também apanhou de Helena, Pedro e da mãe, Ingrid (Lilia Cabral).
Quem também adorava ver o circo pegar fogo era Clara (Regiane Alves), que bradou ao microfone, no casamento de Edu e Camila: "A Capitu é uma garota de programa! Uma prostituta!". Climão...
Polêmicas
As cenas pesadas da novela acabaram criando problemas com a Justiça. Foi nesta época que o Ministério Público começou a monitorar a presença de crianças na teledramaturgia. Em Laços de Família, os atores menores de idade foram afastados das gravações, inclusive Julia Almeida, filha de Manoel Carlos, que na época tinha 17 anos.
Amor de mãe
O autor já havia mostrado, anos antes, o auge do sacrifício maternal de Helena (Regina Duarte), em Por Amor, que deu o próprio bebê para a filha, Eduarda (Gabriela Duarte). Em Laços de Família, a Helena de Vera Fischer não ficou atrás quando o assunto é renúncia em nome da filha. Além de abrir mão do amor de Edu, ela engravidou do ex-namorado, Pedro, para salvar Camila.
Ponto de encontro
O cenário mais concorrido da novela era a livraria Dom Casmurro. Quem não se imaginou dando uma volta pelo Leblon e fazendo uma visitinha ao local, com direito à famosa salada de atum e a um bate-papo com o dono do estabelecimento, Miguel? Tony Ramos fez do livreiro um tipo adorável, com quem todos amariam conversar.
O dilema de Capitu
Bem antes de protagonizar novelas de sucesso no horário nobre, Giovanna Antonelli chamou a atenção como Capitu.
A jovem de classe média que se prostituía para sustentar o filho pequeno e os pais idosos comoveu a todos. A personagem, que tinha tudo para sofrer rejeição, caiu nas graças do público.
Participações especiais
Laços de Família foi o último trabalho de Fernando Torres, que viria a falecer em 2008. Em poucas cenas, ele emocionou na pele de Aléssio, pai de Helena.
No mesmo núcleo, Lilia Cabral teve uma bela participação como Ingrid, cuja morte está entre as cenas mais impactantes da trama.
Um pé nos pampas
Os gaúchos tiveram um gostinho das paisagens do Rio Grande do Sul em algumas cenas da trama. Camaquã serviu de cenário para a fazenda do pai de Helena. O sotaque do Sul marcou presença com Julia Feldens, intérprete de Cissa, e Zé Victor Castiel, o divertido Viriato.
Superação
A novela marcou o retorno de Flávio Silvino à carreira artística. Anos depois de um grave acidente de carro, o ator superou as próprias limitações e emocionou o público como Paulo, um dos filhos de Miguel.
A bela Helena
A mais sedutora das Helenas só poderia vir sob a forma de Vera Fischer, uma presença forte no auge de seus quase 50 anos. Altiva, centrada, mas uma leoa ao defender os filhos, figura entre as melhores criações de Manoel Carlos.
O sucesso do machão
Em 2020, um personagem como Pedro dificilmente faria sucesso em uma novela. Mas lembremos que os tempos eram outros e que, apesar do jeito bruto de ser, o machão vivido por José Mayer tinha suas qualidades. Ao fim da história, revelou-se capaz de se emocionar e acolheu com todo o amor a filha recém-descoberta, Camila.
Tantos laços
O título da história se fez presente nas mais diversas formas: nos laços fortes que unem pais e filhos, nos laços complicados entre vizinhos tão diferentes, nos nós, que muitas vezes se formam na vida de cada um, nas delicadas tramas que unem parentes que mal se conhecem, mas todos unidos por muito amor.