Bate-papo
Reynaldo Gianecchini relembra estreia em "Laços de Família": "Era um misto de prazer e sufoco"
Ator revela histórias de bastidores e fala sobre o início da carreira
Estrear na TV em uma novela de Manoel Carlos, no horário nobre, e contracenar com nomes como Marieta Severo, Vera Fischer e Tony Ramos deixaria qualquer novato ansioso. Pois o início da carreira de Reynaldo Gianecchini, há 20 anos, foi assim. Mas, ao relembrar as gravações de Laços de Família, no ar desde segunda-feira no Vale a Pena Ver de Novo, o ator só tem motivos para celebrar.
A experiência foi desafiadora. Logo em seu primeiro trabalho na telinha, Gianecchini viveu o protagonista de uma trama polêmica. Mas esse pontapé inicial alçou o então jovem inexperiente a um novo patamar. De lá para cá, foram 11 novelas e outros quatro protagonistas. Mas Edu, da trama de Maneco, marcou sua carreira. Em entrevista virtual sobre a novela, Giane revela histórias dos bastidores e fala sobre o medo de errar que o acompanhou desde as primeiras cenas de Laços de Família.
Eleito por elas
Gianecchini conta que fez o teste para a trama sem maiores pretensões. Enquanto se dedicava ao teatro, recebeu um telefonema do diretor Ricardo Waddington, comunicando que o papel de Edu seria dele, um ator novato. A decisão partiu do autor, Manoel Carlos. Isso, depois de uma curiosa reunião familiar.
— Maneco disse que pegou os testes de todos os atores e juntou a filha, a esposa e várias mulheres da família, além de amigas, para mostrar. Ele me falou que foi unânime, que a mulherada toda falou: "É esse menino" — conta Giane.
O tempo provou que elas tinham razão, ainda que o diretor tenha encerrado aquele telefonema com várias dúvidas:
— Não tenho certeza de nada, mas o Maneco falou que quer você de qualquer jeito. A gente vai ter que fazer isso funcionar.
O frio na barriga só aumentou quando soube quem seria seu par romântico no início da novela:
– Foi uma loucura pensar que eu faria par com a Vera (Fischer, a Helena na trama), a musa que eu cresci assistindo.
A pressão da estreia
A estreia, Giane garante, não foi nada tranquila. Além da responsabilidade de ser o protagonista da história, a dificuldade de entrar em cena ao lado de atores experientes foi um baque:
– Claro que tinha muito medo. Fazer novela é difícil, as pessoas não têm noção. Eu sofria demais, porque, além desse medo, havia o meu senso crítico. Eu achava que estava verde. Me criticava muito mesmo.
Depois daquele 5 de junho de 2000, milhões de brasileiros conheceram um novo galã. A partir dali, o simples ato de sair às ruas passou a ser um desafio:
– Depois da estreia, foi muito louco sair na rua. Eu morava no coração de Ipanema (bairro da zona sul do Rio de Janeiro). As pessoas vinham em cima. É bem estranho para quem tem uma natureza reservada. Tive que ir aprendendo a lidar.
Parceria
Uma das grandes parceiras de cena de Gianecchini era Marieta Severo. Intérprete de Alma, tia de Edu, a atriz foi uma grande mentora dentro e fora de cena, conta ele com carinho. Anos depois, a dupla se reencontrou em Verdades Secretas (2015), como Anthony e Fanny.
Já com uma certa bagagem, ele diz que procurou demonstrar à colega o quanto havia aprendido em tantos anos de carreira.
— Já pedi perdão de tanto trabalho que eu dei para Marieta. Eu, realmente, sem saber nada, estava muito nervoso, tinha muita cena, aquilo era um turbilhão. Para mim, era muito louco estar naquele set, claro que eu não estava tranquilo. E quem sofria era a Marieta. Várias vezes, eu pedi desculpas e vou pedir eternamente. Em Verdades Secretas, disse: "Espero me redimir". Ela foi fundamental para eu entender tanta coisa, me ajudou como profissional e foi muito generosa como pessoa. Me senti muito acolhido — afirma.
Boas lembranças
Passados 20 anos do "susto" inicial, Reynaldo Gianecchini lembra com carinho dos bastidores de uma trama que entrou para a história.
— Para mim, o que mais ficou (marcado) foi o dia a dia. Era um misto de muito prazer de estar lá e um sufoco, porque foi muito difícil. Eu não tinha experiência nenhuma, então, era muito contraditório. Mas as relações eram muito gostosas — celebra.