Último capítulo
Confira os altos e baixos de "Salve-se Quem Puder", novela das sete que chega ao fim nesta sexta-feira
Trama de Daniel Ortiz teve romances, comédia e muita ação
Um furacão transformou a vida das protagonistas de Salve-se Quem Puder (RBS TV, 19h35min) logo nos primeiros capítulos. Depois de escaparem ilesas da fúria da natureza, as mocinhas tiveram que enfrentar bandidos perigosos, desilusões amorosas e, para piorar, uma pandemia.
Na vida real, o coronavírus tirou o mundo inteiro do eixo, paralisando também as gravações das novelas que estavam no ar em março de 2020. Meses depois, a volta aos estúdios trouxe novos desafios para autor, direção e elenco da trama das sete.
Quem diria que Daniel Ortiz daria para sua novela um título que caberia ao caos em que vivemos há um ano e meio. Neste salve-se quem puder dos dias atuais, a humanidade viu que a realidade supera, e muito, a ficção. Mas quanto aos personagens do folhetim das 19h, desfechos alegres predominam. Para o público, resta o alento de ver Alexia (Deborah Secco), Kyra (Vitória Strada) e Luna (Juliana Paiva) serem felizes neste último capítulo.
Confira o que deu certo e o que poderia ter sido melhor na história que termina hoje.
Escaparam ilesos
— Apostar em um trio de protagonistas foi um grande acerto do autor. Alexia, Kyra e Luna tinham personalidades bem diferentes, mas se fortaleceram com uma amizade que conquistou o público.
— Nada como um bom triângulo amoroso para apimentar a história. Disso, os telespectadores não puderam se queixar. Cada uma das mocinhas tinha dois pretendentes, o que complicou a vida de Daniel Ortiz nesta reta final, já que algumas torcidas se dividiram.
— A pandemia, ainda que não tenha sido abordada na trama, deixou algumas baixas pelo caminho. Sabrina Petraglia, a Micaela, engravidou e foi afastada das gravações presenciais. O mesmo aconteceu com os atores mais idosos, como Otávio Augusto (Ignácio), Cristina Pereira (Lúcia) e Marilu Bueno (Madalena). A paralisação das gravações, em março de 2020, acabou forçando o ator José Condessa, intérprete de Juan, a romper seu contrato e voltar a Portugal para outros compromissos. No entanto, as soluções que o autor encontrou para driblar essas inusitadas dificuldades convenceram e não atrapalharam o desenrolar da trama.
— A segunda parte da história, no ar desde o dia 17 de maio, manteve a agilidade e a graça da novela. As últimas duas semanas da história – com perseguições, sequestros e revelações – foram eletrizantes. Suprimidas as cenas de menor importância, a trama ganhou mais fôlego e ficou na medida certa.
— Se a maioria das novelas tem um alívio cômico para equilibrar os dramas exibidos, aconteceu o oposto em Salve-se. Em uma trama divertida e ágil, era preciso um “alívio dramático”. A saga de Helena (Flávia Alessandra) e Luna teve seu ápice nos últimos capítulos, com o reencontro de mãe e filha. As atrizes entregaram toda a emoção que as cenas exigiam, fazendo com que o público chorasse e vibrasse junto com elas. Que bela sintonia entre as duas artistas: foi lindo de ver! Juliana Paiva deu vida à mais carismática das três mocinhas, aquela por quem deu gosto de torcer do início ao fim. Além de fofa e generosa, a "mascotinha" era o ponto de equilíbrio entre as atrapalhadas Alexia e Kyra, trazendo as amigas para a realidade sempre que preciso.
Perdidos no furacão
— Vitória Strada encarou com maturidade sua terceira protagonista na carreira. Ao contrário das dramáticas personagens anteriores, Kyra era um desastre ambulante, talvez por isso tenha sido difícil para a gaúcha encontrar o tom certo, sem parecer tão cômica como a cena não pedia. Algumas situações pareceram forçadas demais, até mesmo para a mais atrapalhada das mulheres. O romance com Alan (Thiago Fragoso) puxou a moça para a terra, dando-lhe mais humanidade. O par romântico com Rafael (Bruno Ferrari) também foi convincente, deixando uma dúvida cruel até para o autor Daniel Ortiz.
— Deborah Secco é uma atriz de muitas nuances, mas não se encontrou em Alexia. A personagem escorregava no egoísmo e arrogância, repetindo à exaustão o bordão "eu sou Alexia, eu sou o Máximo", um trocadilho com seu próprio sobrenome. Faltou alguma coisa para que a atriz da vida real se conectasse à atriz ficcional. Desta vez, Deborah ficou devendo.
— É natural que uma novela cômica aposte em certo exagero para tentar arrancar risadas do público. Mas, no caso do núcleo caipira de Salve-se, o autor pecou pelo excesso. As primeiras cenas das protagonistas com a galinha Filipa foram divertidas, mas perderam o sentido com a vinda do núcleo para a cidade grande. Filipa passou tempo demais em cena, discordando e até dando conselhos para suas "amigas".
— Ameaçado pela quadrilha de Dominique (Guilhermina Guinle), o trio passou por momentos de pura tensão. A malvadona agiu quase sozinha durante boa parte da história, já que seu chefe, Hugo (Leopoldo Pacheco), passou muito tempo incógnito. Talvez a novela tivesse ganho mais emoção se os dois bandidos tivessem se unido mais cedo, sem dar margem para as mocinhas curtirem suas novas identidades quase despercebidas.