Novata talentosa
Gaúcha Vitória Bohn se destaca em "Cara e Coragem": "Sempre tive certeza de que daria certo"
Natural de Novo Hamburgo, jovem atriz de 21 anos brilha como a sofrida Lou
Estrear como atriz em uma novela global não é um desafio fácil. A responsabilidade é ainda maior quando se trata de um papel de destaque, envolto em diversas questões complexas e atuais. A gaúcha Vitória Bohn tem emocionado o público como a Lou em Cara e Coragem, que já passou por poucas e boas na trama. Aos 21 anos, a jovem atriz de Novo Hamburgo conta um pouco como veio a chance de estrelar a novela das sete e conta como sua personagem tem servido de alerta para mulheres da vida real, que também passam por relações abusivas.
Como surgiu a oportunidade de participar da novela Cara e Coragem?
Em 2019, gravei um registro no RH da TV Globo e, dois anos depois, fiz alguns testes na emissora. Através desses testes, a produtora de elenco de Cara e Coragem me convidou para fazer os testes para novela.
Há algumas semanas, você postou uma foto com suas amigas de colégio, mostrando que elas escreveram no seu braço “futura global”. Na época, levou a sério essa “previsão”? Imaginava que em pouco tempo estaria mesmo no ar em uma novela da Globo?
Eu quero ser atriz desde pré-adolescente e sempre levei isso muito a sério, me dediquei de verdade para que isso se tornasse realidade. Sempre tive muita convicção de que, em alguma hora, isso daria certo, só não sabia quando. Realmente, não colocava expectativas sobre tempo, mas dentro do meu coração sempre tive certeza de que daria certo. É uma profissão que exige muita fé, paciência e persistência.
Como foi a preparação para interpretar a Lou, uma jovem que vivia um relacionamento abusivo? Você se inspirou em alguma história real, em filmes, livros?
Interpretar alguém que vive esse tipo de relacionamento é muito delicado, ainda mais para quem nunca viveu um. Então busquei o máximo de referências que pude, de todos os lugares possíveis: reportagens, entrevistas, filmes, livros. Existem vários que falam sobre isso, e o mais marcante foi Mulheres que Amam Demais (Rocco, R$ 26,90*). Mas sem dúvida, o que mais contribuiu na minha preparação foi conversar com vítimas reais, inclusive amigas próximas que já passaram por isso.
Tem recebido mensagens de meninas que passam pela mesma situação da Lou, em relacionamentos tóxicos? Você conversa, acolhe?
Sim, algumas meninas me procuram, busco sempre acolher. Me preocupo, porque não são poucas as mulheres que passam ou que já passaram por isso, mas fico feliz em saber que essa história serve também como alerta para as meninas, que ficam mais conscientes sobre esse tipo de relação. Esse é um exemplo que reforça o importante papel social que a arte tem na nossa sociedade.
Lou tem ainda a questão familiar complexa, com o pai (Joca, personagem de Leopoldo Pacheco) que nunca a reconheceu diante da família “oficial”. No lugar dela, como reagiria?
Já refleti muito sobre isso e eu sinceramente não sei responder. É delicado, porque envolve muitas questões e muitos sentimentos. Tem o medo latente de ser rejeitada pela irmã (Pat, papel de Paolla Oliveira), medo de decepcionar a mãe (Olívia, interpretada por Paula Braun), vergonha das pessoas, tantos outros questionamentos. É impossível falar o que faria no lugar de outra pessoa sem estar de fato no lugar dela.
O amor de Rico (André Luiz Frambach) tem sido fundamental para Lou se afastar de Renan (Bruno Fagundes). No entanto, ela ainda pensa no ex. O que você, Vitória, aconselharia se fosse amiga de Lou?
A Lou viveu muito tempo nesse contexto com Renan. Acredito que, dentro da realidade que enfrentou, é natural se sentir insegura, insuficiente e depender emocionalmente de outras pessoas. Eu aconselharia a ela que buscasse ajuda psicológica e que fizesse mais coisas que a façam feliz.
O que foi mais difícil: a preparação física para as cenas de dança aérea ou a preparação psicológica para dar veracidade aos dramas da personagem?
Tanto a dança vertical quanto a trama vivida por Lou eram universos completamente novos para mim, então posso dizer que foram desafiadores de maneiras bem diferentes.
De que você mais sente falta no Rio Grande do Sul? Consegue manter-se próximas às raízes gaúchas, mesmo vivendo longe?
Além da minha família e dos amigos que ficaram no Sul, sinto falta da nossa cultura e das nossas tradições… Continuo fazendo chimarrão mesmo morando aqui (no Rio de Janeiro) e já levei pro set de filmagem, para a galera provar! Também não disfarço meu sotaque e acho maneiro ver as pessoas surpresas quando me escutam falando “bah” e as gírias que não estão acostumadas... Nesses momentos, percebo que represento muito nosso Estado! Tenho um orgulho enorme de ser gaúcha e espero preservar em mim tudo que é tão nosso onde quer que eu esteja.
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