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Estrelas da Periferia

Arley Benz usa música como ferramenta para fazer o bem

Depois de morar nas ruas e driblar uma infância difícil, cantor reparte o pouco que tem com quem mais precisa

12/12/2023 - 13h03min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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YouTube / Reprodução
Viralizou com a música "Não Sei Viver Sozinho"

A vida de Arlei Rodrigues Benz não foi nada fácil. Com poucos dias de vida, foi deixado pela mãe aos cuidados dos avós, que faleceram quando o menino ainda era criança. A tentativa de morar com a genitora a partir dali foi sofrida, já que o padrasto o maltratava. Aos 11 anos, Arlei fugiu de casa e foi morar na rua. Assim, o centro de Porto Alegre virou sua morada até a adolescência. Os banhos eram no chafariz, a comida vinha de ações sociais, como o Pão dos Pobres, e o pouco dinheiro que conseguia vinha do trabalho como engraxate. Aliás, Arlei se vangloria por ter deixado os sapatos de Renato Portaluppi brilhando, na época em que o atual técnico do Grêmio ainda era jogador da equipe. 

Dos tempos difíceis, há poucas lembranças felizes:

— Não tinha mãe nem pai, não tinha um chinelo para por nos pés.

O artista relembra que, ainda guri, teve seus momentos de glória ao fazer parte de apresentações no circo Vostok. No espetáculo, jovens vestidos de personagens da Disney – Arlei era o Zé Carioca – divertiam o público jogando uma bola gigante. Nessa época, chegou a dividir o picadeiro com Os Trapalhões!

Hoje, aos 49 anos, adotou o nome artístico Arley Benz para tentar emplacar na carreira musical. Porém, devido à infância penosa, os objetivos passam longe de fama e sucesso:

— Meu sonho, se eu estourar com a música, é ajudar as pessoas que precisam, crianças, principalmente. Não quero nada pra mim.

Enquanto o sonho não se realiza, Arley trabalha em um açougue, de onde vem o sustento para criar dois filhos pequenos — três e sete anos — sozinho, já que a mãe sucumbiu ao vício das drogas. Por cachês irrisórios, se apresenta na noite, e o pouco que ganha tem endereço certo, principalmente nesta época do ano. Na véspera de Natal, o artista distribuirá 150 marmitas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Arley conta que tem muitas músicas compostas, só precisa de oportunidade de mostrar seu talento. Se nos palcos reais ainda falta espaço, no mundo virtual o cantor já é sucesso. Uma de suas músicas, Não Sei Viver Sozinho, viralizou no TikTok, com várias dublagens e clipes compartilhados por outros usuários — são mais de 3 mil vídeos, conta ele. A canção foi composta para a mãe de seu filho mais velho, Cassiano, hoje com 22 anos. Sobre a musa inspiradora, ele revela: “foi o grande amor da minha vida”

Nas redes sociais, o trabalho do cantor já foi curtido até pelos sertanejos Zé Neto & Frederico. Não Sei Viver Sozinho foi gravada, inclusive, em ritmo de piseiro, pelo artista catarinense Geovane Sales. 

Sonhos

Apesar dos vários pedidos de outros artistas interessados a gravar suas músicas, Arley confessa que não é isso o que almeja. 

O que sonha mesmo é ter uma carreira consolidada usando sua própria voz:

— Sabe, eu tenho certeza que se eu tiver um palco para mostrar minhas músicas pode dar certo.

O espaço no DG pode ser o pontapé inicial para os objetivos do artista. A oportunidade deixa Arley emocionado e grato por ter sua história contada no jornal:

— É uma luz no fim do túnel, já estava quase desistindo.

Se viver de suas canções é um sonho, a música é simplesmente tudo na vida do artista.

— Tem o significado de alegria e superação — finaliza.

AQUI, O ESPAÇO É TODO SEU!

/// Para participar da seção, mande um histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas, vídeos e telefone de contato para michele.pradella@diariogaucho.com.br.

/// Para falar com o artista, ligue para (51) 98561-2278


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