DELAS
Arte da resistência: exposição homenageia líderes comunitárias das periferias de Porto Alegre
Colunista Giordana Cunha escreve sobre o universo feminino todas as quintas-feiras
A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Essa é uma longa discussão, sem saber ao certo se chegar a uma conclusão é viável. Porém, pode-se afirmar que é possível retratar a trajetória de alguém por meio de intervenções artísticas. A exposição Donas da História 2, inaugurada na quarta-feira (14), no Palácio Piratini, é prova disso.
As grandes estrelas da mostra, a qual tem como objetivo estimular o debate e a reflexão sobre os lugares sociais ocupados por mulheres negras e indígenas em nosso país e quais são os discursos que sustentam essa realidade, são as líderes comunitárias Rozeli da Silva (Restinga), Sandra Ferreira (Ilha do Pavão), Catarina Machado (Cohab / Rubem Berta), Elis Regina de Vargas (Ocupação 20 de Novembro), Marli Medeiros (Bom Jesus) e Iracema Gãh Té (Morro Santana).
– É uma grande oportunidade de visibilizar as lideranças comunitárias negras – que são muitas –, que fazem o trabalho que o Estado não faz, que o município não faz. E fazemos isso com muita excelência, afeto, acolhimento e respeito – diz a doutoranda em geografia quilombola e uma das homenageadas, Catarina.
As seis imagens que adornam as paredes da sede do Poder Executivo do Estado receberam um toque a mais. Os artistas Rusha, Thiago Madruga, Moara Tupinambá, Del Nunes, Silvana Mendes e Renaya Dorea fizeram colagens digitais – técnica que combina diferentes elementos visuais – a partir das fotografias.
A exposição, desenvolvida por Izis Abreu e Clarissa Lima, estará aberta neste sábado (17) e domingo (18), das 10h às 18h, e encontra-se disponível de forma online pelo site.
“Nós existimos”
Para além do prestígio de ter sua história estampada em uma exposição artística, Catarina acredita que estar no local onde a homenagem está sendo feita é ter o sentimento de pertencimento e existência vibrando dentro de si.
– Essa exposição fotográfica, dentro de um espaço hegemônico branco e masculino, é uma forma de dizer pra cidade “nós existimos, essa presença não é de hoje e nós continuamos”. Além de olhar pra trás e ver todo o processo histórico, geográfico, social e econômico das contribuições das mulheres negras para Porto Alegre – ressalta.
TE PROGRAMA!
/// O que: Donas da História 2
/// Quando: Sábado (17) e domingo (18), das 10h às 18h
/// Onde: Palácio Piratini (Praça Marechal Deodoro, s/n – Centro Histórico, Porto Alegre)
/// Quanto: De graça