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Nove Copas em campo

Dunga analisa a clássica rivalidade entre Brasil e Itália

O DG convidou o eterno Capitão do Tetra e atual técnico do Inter a apresentar mais esse capítulo da história de Brasil x Itália

22/06/2013 - 14h19min

Atualizada em: 22/06/2013 - 14h19min


José Augusto Barros
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Herói da tarde tórrida de calor nos Estados Unidos, em 17 de junho de 1994, em que o Brasil venceu a Itália nos pênaltis para comemorar o Tetra, Dunga talvez seja o melhor personagem para tratar do confronto entre essas duas seleções gigantes. Serão nove Copas do Mundo em campo a partir das 16h, em Salvador.


Dunga esteve dos dois lados. Pela Seleção, foi líder, ergueu taça e também esteve no comando, como técnico, na Copa de 2010. Pela Itália, foi um volante de qualidade de Pisa, Fiorentina e Pescara, entre 1987 e 1993.


Dunga vai além e recorda detalhes daquela tarde calorenta em Los Angeles, como o pênalti convertido por ele, o que foi perdido pelo italiano Roberto Baggio e a emoção de colocar o Brasil no lugar mais alto do mundo. 


O CLÁSSICO POR DUNGA


"Os jogos contra a Itália sempre são complicados. Mas, neste sábado, sou mais Brasil! Eu já havia dito em uma entrevista na Rádio Gaúcha que, se o Brasil vencesse a França, em Porto Alegre, ganharia confiança (a Seleção venceu por 3x0 na Arena, no dia 9 de junho). E, automaticamente, ganharia os jogos seguintes, contra o Japão e o México, pela Copa das Confederações. Sempre se falou muito que o México ganhava do Brasil, que eram jogos complicados. O México ganhou duas, três vezes do Brasil. No geral, perde. Joga muito bem, sempre valoriza nossa vitória, mas perde.


Com essas vitórias recentes, com o Neymar voltando a jogar em altíssimo nível, qualquer adversário entra em um jogo contra a Seleção Brasileira com um pé atrás, já não vem tanto para cima. Arrisco o placar de 2x1 para o Brasil."


Dunga - Técnico do Inter e ex-treinador da Seleção Brasileira


Baú do tetra


Dunga recorda alguns momentos da tarde história de 17 de junho de 1994. Depois de 0 a 0 em 120 minutos de jogo, Brasil e Itália decidiram nos pênaltis a Copa dos EUA. A Seleção venceu e festejou depois de 24 anos de seca.


Expectativa pela final


"Tinha convicção de que iríamos ganhar, e sabíamos que tínhamos que marcar uma geração com o título. Faltava aquele título justamente contra a Itália, que também era tri mundial e sempre uma potência. Os caras falavam que o jogador brasileiro titubeava na hora de bater pênalti."


O jogo


"Uma das coisas das quais mais recordo daquela final era o calor, o fato de jogar ao meio-dia. Fazia mais de 30ºC, quando colocava o calcanhar no gramado, queimava a sola do pé. Naquela época, quem acompanhava futebol, como jornalistas e gente que entendia, dizia que o (meia italiano Roberto) Baggio tinha um estiramento muscular. Imagina se o cara tivesse um estiramento não suportaria chutar a bola com aquela força (Baggio cobrou pênalti por cima). Ele podia ter, no máximo, desgaste por ter atuado os 120 minutos. Durante o jogo, tivemos chances para matar o jogo, em finalizações do Romário, do Viola. Aliás, a entrada do Viola (na prorrogação) é algo que sempre digo: todo mundo tem que estar pronto para entrar, mesmo que não entre. O Viola estava pronto, entrou, deu conta do recado e é lembrado até hoje. Tínhamos confiança na vitória, no que havíamos treinado. Mas estávamos sempre atentos ao contra-ataque da Itália, que era uma arma deles."


O pênalti


"Eu estava muito concentrado para cobrar na decisão por pênaltis. Na hora que saí do meio-campo, do grupo que estava abraçado, não ouvi o estádio gritar, não ouvi nada. Fui caminhando, pensando na Copa de 90 (quando o Brasil, treinado por Sebastião Lazzaroni, foi eliminado pela Argentina, e o fracasso foi batizado com Era Dunga). Pensei: 'Pô, tenho a segunda chance na vida, posso ser decisivo, apesar de ser um esporte coletivo. Não tem dor, se relaxar um segundo, estou morto, é minha vida.' Aliás, isso é o que diferencia o jogador competitivo, o que suporta a dor, o cansaço. Todos vamos nos cansar, mas se o cara não se superar, não vai. Quando a bola entrou, aí, sim, ouvi o barulho. Aí, sim, fiquei cansado."


Hernanes no lugar de Paulinho


Depois de três partidas com o mesmo time, Felipão terá uma alteração certa contra a Itália, neste sábado. O volante Paulinho, com entorse no tornozelo esquerdo sofrida contra o México, cede lugar para Hernanes.


O time ainda pode sofrer mais trocas. Felipão não descartou preservar titulares. Em entrevista, o técnico lembrou que Daniel Alves e Thiago Silva estão pendurados, e Oscar, desgastado.


- Sei que eles gostariam de jogar, mas vou definir ainda. E a definição do Hernanes no lugar do Paulinho é normal. Quem mais tem desgaste é o Oscar. É o que mais está desgastado por uma serie de 70 e poucos jogos, mas tem se comportado muito bem - disse o técnico.


Neymar reclamou de dores lombares e de pancada na coxa, mas treinou e jogará.


A expectativa é de que Felipão poupe o mínimo de titulares e vá com força neste sábado. Uma vitória ou empate no jogo contra os italianos evita o confronto com a Espanha na semifinal. Nesse caso, a Seleção garante o primeiro lugar no Grupo A e jogará a semifinal em Belo Horizonte, na próxima quarta-feira, contra o segundo colocado do Grupo B (o Uruguai, possivelmente).


ITÁLIA SEM PIRLO E DE ROSSI


A ausência de Pirlo e De Rossi são duas das poucas certezas da Itália que vai à campo neste sábado. No treino de sexta-feira, os jogadores foram colocados em campo como se estivessem numa só equipe, posicionados no esquema 4-2-3-1, lado a lado. A cada orientação de Cesare Prandelli, eles faziam a jogada determinada e voltavam rapidamente ao local demarcado no gramado.


Montolivo e Aquilani estiveram sozinhos e surgem como prováveis substitutos de Pirlo, lesionado, e De Rossi, suspenso. Em entrevista coletiva, Prandelli disse que colocaria em campo um time já testado e reprovou a postura no apertado apertado 4 a 3, de virada, sobre o Japão, na quarta-feira.


- Faltou equilíbrio na última partida - lamentou o técnico.


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