Copa 2014 - Liga dos Fanáticos



Brasil x França

O lado europeu do Humaitá

O Diário Gaúcho visitou a vizinhança da Arena e conferiu a expectativa dos moradores para o jogo da Seleção

08/06/2013 - 09h33min

Atualizada em: 08/06/2013 - 09h33min


José Augusto Barros
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O Humaitá, bairro humilde da Zona Norte de Porto Alegre, que até 8 de dezembro de 2012, data da inauguração da Arena do Grêmio, era pacato, começa a se acostumar a outra realidade: jogos de Libertadores, shows como o do Rei Roberto Carlos, e agora, um clássico do futebol mundial. No domingo, o ex-bairro pacato vai parar para receber astros de times poderosos da Europa. Para citar alguns: Barcelona, com Neymar e Daniel Alves, Real Madrid, com Benzema e Marcelo, Chelsea, com Oscar e David Luiz, PSG, com Thiago Silva e Lucas, e Tottenham, com o goleiro Lloris.


O Diário Gaúcho visitou a vizinhança da Arena e conferiu a expectativa dos moradores, da gurizada, ansiosa para ver Neymar, e dos comerciantes, ávidos por uma multidão para aquecer as vendas. Afinal, nem só de astros vive o futebol.


A campana de Fernando e Luiz


Do campinho da praça encravada no Bairro Humaitá, é possível enxergar uma ponta da Arena, mesmo estando tão perto. Foi ali, batendo bola, na tarde de quinta-feira, que encontramos Fernando Lopes Machado, dez anos, e Luiz Miguel Macedo Leal, seis. Habilidosos com a redonda, os pequenos, vizinhos e amigos, contavam as horas para o fim de semana. Tentarão espiar de perto a chegada de astros das seleções de Brasil e França. Mesmo com tantas ídolos nos dois lados, a dupla tem na ponta da língua o craque preferido: Neymar. Por ele, dizem, vale a pena se esgueirar na frente da Arena e esperar nem que seja um simples abano: Neymar:


- É difícil, a gente sabe - conforma-se Fernando, um pouco mais sério.


- Vou fazer um moicano igual ao que ele (Neymar) tinha- avisa o figuraça Luiz Miguel, desinibido.


Lima e suas bandeiras


Há 40 anos, Lima, é vendedor conhecido de bandeiras nos estádios Beira-Rio, Olímpico. Desde janeiro, colocou a Arena na rota. De conversa fácil, ele fecha a cara quando o assunto é vendas em dias de jogo da Seleção Brasileira:


- Domingo, espero chegar as 16h e me toco para o o Interior. Não quero saber de ficar aqui. Olha aqui: gaúcho é Inter ou Grêmio. De cada dez bandeiras que vendo, quatro são do Grêmio, quatro do Inter e duas do Brasil. E olhe lá. No Norte e Nordeste, o pessoal gosta mais da Seleção. Aqui, não - afirma, cheio de certeza.


Para comprovar, Lima, que evitou mostrar o rosto nas fotos, por medo da fiscalização, mostra bandeiras do Brasil que sobraram da Copa de 2010:


- Em jogo de seleção, se vender dez, 15, lambe os beiços - explica, afirmando que essa é uma venda baixa em jogos da Dupla.


- Tem bandeira de 3m por cerca de R$ 100. E sai. Mas larga (o preço das bandeiras) de R$ 25.


Para o jogo deste domingo, Lima receberá durante o fim de semana um estoque pequeno, de cerca de dez bandeiras.


Zaida prepara o pastel


Ainda se acostumando ao intenso movimento em dias de jogo, a comerciante Zaida Alves Xavier, dona Lancheria da Dora, em frente à Arena, é só expectativa para domingo:


- Já ouvi o pessoal falar que encostará ônibus de excursão cedo da manhã, pelas 5h, aí na frente- comemora Zaida, 69 anos.


Ela diz ainda não ter contabilizado a média de lanches e bebidas vendidos por jogo. Mas estima que, pelo menos, cem pastéis são comercializados. O enroladinho é outra atração do bar, e o churrasquinho também atiça o apetite dos torcedores. Tudo baratinho. Nada sai menos do que R$ 2 e mais do que R$ 5.


- Abro sempre cedo, às 7h, todos os dias. Em jogos normais, uma hora antes do início, o movimento fica maior. Para jogo da Seleção, esperamos um movimento maior- acredita, lembrando da inauguração do estádio, Grêmio 2x1 Hamburgo, quando o movimento superou a expectativa.


Damião é cortado e para até julho


Acabou no início da tarde a esperança de Damião jogar a Copa das Confederações. A ressonância magnética feito no Hospital Mãe de Deus logo depois da chegada acusou lesão muscular grau 2, em escala que vai de um a três. O problema exige, ao menos, três semanas de recuperação, o que levou Felipão a decidir pelo corte e encaminhar à Fifa o pedido de troca por Jô na relação.


Ida rápida a Ribeirão Preto


Os franceses fizeram trabalho leve ontem, no Olímpico. Houve apenas um "futetênis", jogado com os pés numa rede baixa. O técnico Didier Deschamps não deu indicativos do time, mas deve mudá-lo em relação ao que perdeu para o Uruguai. Está confirmado, porém, a volta de Benzema. Pela manhã, Deschamps foi a Ribeirão Preto conhecer a estrutura do Botafogo e da cidade, que pode ser QG dos franceses na Copa. Antes do treino da tarde, no Olímpico, ele já estava de volta.


Parou tudo


A Seleção Brasileira parou o trânsito na sexta-feira. A Avenida Beira-Rio ficou bloqueada entre as 13h e as 17h30min. Mesmo com tapumes instalados, os torcedores espiaram o trabalho da calçada. Operários que trabalham nas obras do Beira-Rio se empoleiraram nos andaimes para ver os craques da Seleção. A saída da delegação para o Hotel Deville causou transtornos no trânsito no final da tarde, Principalmente pelo bloqueio na Beira-Rio, que tumultuou o acesso à cidade.


Sabadão na Arena


Quem quiser dar uma espiada nos ídolos, é só se postar diante da Arena na tarde deste sábado. Primeiro, será a vez de a Seleção fazer o reconhecimento do gramado. O início do trabalho está previsto para as 15h, com saída do Deville às 14h. Depois, a Família Scolari deixa o estádio do Grêmio para os franceses, cujo treino será às 16h. Mas preste atenção: ambos os treinos serão fechados. A espiadinha se resumirá ao portão de entrada dos ônibus.


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