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Desabafo

A voz de Saimon: "Estou arrependido"

Após confusão com técnico Osmar Loss no Gre-Nal, jogador fala do peso na consciência por conta do lance

05/12/2012 - 07h30min

Atualizada em: 05/12/2012 - 07h30min


Jogador ouviu sermão dos pais

Domingo, Saimon, 21 anos, estava aborrecido demais para atender ao telefone. Preferiu desligá-lo. Nem com os pais falou. Só na segunda-feira conversou com eles sobre a confusão em que se envolveu com o técnico Osmar Loss no Gre-Nal. O peso na consciência tinha chegado bem antes de ter ouvido os conselhos de quem o criou.

- Não tinha nem sido expulso ainda e já estava arrependido - revelou, ontem, em entrevista exclusiva ao Diário Gaúcho. Confira a seguir.

Diário Gaúcho - O que houve naquele lance com o técnico Osmar Loss?

Saimon 
- Fui correr em direção ao Osmar (Loss), onde a bola tinha saído, e, a partir do momento em que ele a chutou, acabamos discutindo. Não tive intenção de agredir, de forma alguma. Por mim, ficaria no bate-boca porque é coisa que acontece no jogo, ainda mais num Gre-Nal. Foi da minha parte uma reação natural porque, antes, ele segurou meu pescoço. Apenas me defendi, tive uma reação. Acho que também errei, não justifica tê-lo agredido depois. Os dois erraram. Primeiro, o erro foi dele, mas eu também errei. A foto do lance me incrimina, parece que a agressão partiu de mim. Acontece.

DG - É verdade que os ânimos ficam à flor da pele em um clássico como esse. Mas não tinha como controlar?

Saimon - A nossa situação estava bem complicada no final do jogo. Tínhamos que ganhar a partida, sabendo que o Atlético-MG havia vencido o Cruzeiro. A pressão ficou maior. E acabou que saiu aquele episódio...

DG - Você está arrependido?

Saimon - Estou. Um minuto depois, não tinha nem sido expulso ainda, já estava arrependido de ter feito aquilo. Embora jogue duro e mais sério, jamais teria uma atitude daquelas de simplesmente agredir um treinador. As pessoas falam que a agressão partiu de mim porque ele chutou a bola para longe. Jamais teria agredido por isso. Eu apenas discuti. Revidei quando ele me agrediu. Me arrependo, da mesma forma que o ouvi dizer publicamente que se arrepende também. Gre-Nais sempre foram assim, os ânimos se exaltam. Infelizmente não tem como voltar atrás, fica só o arrependimento mesmo. Tenho que me preocupar é em não fazer de novo.

DG - Você teme ficar rotulado por lances como esse?

Saimon - Complicado. O rótulo, quando é ruim, sempre fica. É muito mais fácil ficar marcado por algo ruim do que por uma coisa boa. No ano passado, quando fui bem nos dois Gre-Nais, era o zagueiro para ser titular, todos falavam que tinha um baita potencial, a imprensa dizia isso. Agora, por causa de lances assim, as pessoas já acham que eu não deva ser titular. Então, um fato lamentável, uma posição errada que tomei, acabou acarretando em um monte de coisas. Mas, felizmente, o ano está acabando para a gente, as coisas podem ficar mais tranquilas agora, a poeira baixa, vamos começar um ano com a cabeça limpa e tranquila para que isso não possa se repetir.

DG - O Vanderlei Luxemburgo já conversou com você?

Saimon - Amanhã (hoje), espero que converse. Ele já falou que gosta de mim, e tenho que reconhecer que foi um erro meu ter feito isso pela confiança que ele tinha depositado em mim. Mas a gente acabou não conversando, estava todo mundo de cabeça quente depois do Gre-Nal, aquela correria.

DG - Algum outro jogador mais experiente o aconselha?

Saimon - Na verdade, a gente ainda não parou muito para conversar sobre esse lance. O vestiário depois do jogo tinha aquele clima de não ter conseguido alcançar o primeiro objetivo do clube (a vaga direta para a Libertadores). Esse foi o principal assunto. O lance e a expulsão ficaram em segundo plano. Quando a gente retomar a semana de treinos, isso será conversado.

DG - A sua família chegou a te dar bronca?

Saimon - Conversei com a minha família no dia seguinte. No dia do Gre-Nal, desliguei meu telefone, não conversei com ninguém, estava meio chateado, quis ficar um pouco só comigo. Falei no dia seguinte com a minha mãe e com o meu pai. Me aconselharam, disseram que ficaram tristes pelo lance, que eu não deveria ter feito e que não era assim que eles tinham me ensinado. Tive uma boa instrução, uma boa educação. Disseram que não era assim que eu deveria ter agido até em virtude da oportunidade meio inesperada que havia recebido. Acabei complicando minha atuação por causa daquele último lance...

DG - Daqui para frente, você vai pensar duas vezes antes de tomar uma atitude como essa?

Saimon - Sempre procurei melhorar nas coisas. Eu nunca tive fatos assim. Estou no profissional desde 2009. Nunca fui marcado por ser um jogador que se metia em confusões, sempre fui marcado por jogar firme, duro. Agora, nesses últimos tempos, ocorreram duas confusões (foi criticado por invadir o campo e partir para cima do árbitro ao final do jogo contra o Millonarios, em que foi reserva). Claro, estou procurando melhorar, tenho consciência de que errei, de que não posso fazer isso, não posso prejudicar o Grêmio em jogos futuros. Sei que para o Luxemburgo me dar mais oportunidades, ele terá que confiar em mim nesse aspecto. Estou bem tranquilo em relação a isso. Vou fazer de tudo para melhorar.


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