Porta dos fundos
Luciano Périco: Eduardo Coudet vai embora sem revolucionar o futebol do Inter
Dirigentes colorados buscam o substituto do técnico argentino para o resto da temporada
Terminou a era Eduardo Coudet no Inter. Por desejo exclusivo do treinador. Não foi legal a atitude da quebra de contrato por parte do argentino, pulando da barca no meio do caminho. Ainda no ano passado, o Colorado fez o possível para contratar o treinador, acreditando no trabalho. Ele acabou roendo a corda. Óbvio que é direito de qualquer profissional decidir o seu destino. Muitas vezes, ocorre o oposto. Nunca aplaudo quando dirigentes demitem técnicos em meio a temporada.
Quando desembarcou em Porto Alegre, se vendeu uma ideia de que Coudet, com seus conceitos, iria revolucionar o futebol colorado. Intensidade era a palavra que resumia o que viria pela frente. Na prática, ele deixa o Colorado, líder do Brasileirão, nas quartas da Copa do Brasil e nas oitavas da Libertadores, para ir trabalhar no Celta de Vigo,da Espanha, apenas o 17º colocado no campeonato espanhol. Fracassou no Gauchão, onde sequer chegou na decisão. E parte para a Europa sem ter vencido nos Gre-Nais que disputou.
As questões internas afastaram o treinador do Beira-Rio. Problema da atual gestão do presidente Marcelo Medeiros. A divisão política, com a saída de Alessandro Barcellos do futebol para concorrer à presidência, foi o começo da turbulência no vestiário. Na sequência, as declarações dissonantes de Coudet, reclamando do tamanho do grupo à disposição, e do diretor executivo Rodrigo Caetano, defendendo a política austera de contratações, complicaram o ambiente. Na realidade, entre os torcedores, o treinador nunca foi uma unanimidade.
Mesmo com todos os postulantes ao cargo de presidente do atual processo eleitoral que está em andamento deixando claro, que a ideia é a manutenção do técnico depois de dezembro, Coudet ficou irredutível. A saída do treinador é um duro golpe no projeto do Colorado de instituir um formato de jogo, amparado em um futebol mais impositivo. Mas a vida vai ter que seguir.
O mais cotado como substituto é Abel Braga, técnico dos maiores títulos da história do clube, que vai herdar um Inter vivo em todas as competições da temporada. Óbvio que a ruptura neste momento da temporada, com o trabalho em andamento, é um péssimo negócio. Coudet parte com seus acertos e deixa para trás também algumas teimosias. O que nunca podemos deixar de esquecer é que a instituição é muito maior do que qualquer profissional ou dirigente.