Vestiário
A dor no "até breve" de Abel, terreno preparado para Ramírez: o que vem aí no Inter depois do vice no Brasileirão
Técnico não escondeu as lágrimas pela perda do título em sua despedida
O último dos (até aqui) 340 jogos de Abel Braga pelo Inter foi um dos mais doloridos de sua história de mais de 30 anos de Beira-Rio. E olha que de dor ele entende, o Bahia e o Olímpia de 1989 que o digam. Mas mesmo depois das glórias, da Libertadores e do Mundial de 2006, o treinador sentiu o baque de não ter sido campeão brasileiro. Ainda mais pelo contexto. O resultado paralelo veio, e só faltou um gol para interromper um ciclo de 41 anos sem esse título.
No ano da pandemia, o treinador perguntou aos jornalistas que participaram da entrevista coletiva depois do 0 a 0 com o Corinthians que terminou dando o vice-campeonato ao time, e o título ao Flamengo:
— Vocês conseguem ver o vídeo? Os olhos estão vermelhos. Porque foram só lágrimas.
Abalado pela frustração, o técnico que mais vezes esteve na casamata colorada em todos os tempos, tratou de blindar os jogadores e os dirigentes. Elogiou a todos, afirmou ter orgulho deles e de si mesmo. Analisou o que deixa após essa sétima passagem:
— Meu maior legado é passar aos jogadores o tamanho desse clube, o que representa para milhões de torcedores. Eles mostraram do que são capazes e escancararam que muitas vezes o que resolve não é o craque, não é o fora de série. É o ambiente, é o vestiário. As lágrimas desses jogadores expressam muito bem a exaustão. Um limite, que pareceu não ter fim.
Sobre seu futuro, deixou claro. Como não foi procurado para renovar contrato, cujo encerramento coincidia com a última rodada do Brasileirão, sabe que não permanecerá. E evitou qualquer crise:
— Essa direção foi eleita e pensa no melhor do clube. Tivemos uma conversa na Bahia para ficar até o dia 25. Hoje. Não falamos mais, então imagino que foi o último jogo. Mas não fica nada. Eles querem o melhor para o clube, as relações estão estreitas. Fico feliz de mais uma vez ter representado o Inter de uma maneira verdadeira, leal. Desejo sucesso. Meus melhores amigos no futebol foram feitos em Porto Alegre. Levo o vice-presidente, João Patrício (Herrmann), e o presidente (Alessandro Barcelos) como amigos. São pessoas do bem. Saio dando um até breve, um até logo. Não sei. No futebol, a gente não sabe o que vai ser amanhã.
Barcelos, ao agradecer pela permanência de Abel até o final do Brasileirão, confirmou que a partir desta sexta-feira voltará a fazer contato com Miguel Ángel Ramírez. O acerto já existe, resta apenas sua chegada a Porto Alegre, o que deve ocorrer nos próximos dias. Os atletas terão pouco mais de uma semana de folga, e as primeiras rodadas do Gauchão serão comandadas por Fábio Matías, técnico do time sub-20.