Modelo Virtual
Com ajuda de programa de computador, esqueleto do Museu da História da Medicina tem a face reconstituída
Resultado da reconstrução será apresentada no 14º Fórum Internacional de Software Livre
Joaquim ganhou um rosto. E não está nem aí pra isso. Pudera! Já faz tanto tempo que perdeu os movimentos, a vida e até mesmo a própria história. O que sobrou foi uma ossada incompleta (lhe faltam os pés e a mandíbula) unida por peças de metal.
Mas, ainda assim, Joaquim, o esqueleto do Museu da História da Medicina (MUHM), teve sua feição reconstruída, pela importância que confere ao conhecimento do corpo humano e, claro, pela curiosidade que desperta.
- Como seria se vivo fosse? - perguntam-se médicos, historiadores e crianças ao encararem o esqueleto da exposição "Desafios: a medicina e a luta pela vida".
Para responder a indagação, Joaquim teve, primeiramente, de ser examinado por um dentista forense. Saiu da consulta com a primeira dúvida sanada: é um esqueleto de um homem com idade entre 30 e 50 anos.
Depois disso, veio a tomografia. Deitado em uma maca e coberto por um pano (não era intenção de ninguém, muito menos dele, provocar sustos pelos corredores), ele foi levado do museu até o laboratório, também no prédio da Beneficência Portuguesa, na Capital.
- Segure o ar e só solte quando eu mandar - ordenou à ossada a voz que saía do computador. Joaquim permaneceu imóvel.
- Ele se comportou de forma exemplar - brinca o diretor-técnico do hospital, o historiador Éverton Quevedo.
As centenas de imagens de Joaquim foram encaminhadas ao 3D artist Cícero Moraes, do Mato Grosso - referência em reconstrução facial forense no país que, com ajuda do software livre InVesalius, criou um modelo virtual e tridimensional correspondente à estrutura anatômica do esqueleto. Depois, restou esculpir e detalhar o rosto em outro software livre, o Blender.
Cientistas forenses, arqueólogos e historiadores pesquisaram como seriam os cabelos e o tom de pele do homem que Joaquim foi um dia. Uma missão difícil, pois o que se sabe é que o esqueleto, de um condenado francês, foi importado, em 1921, pelo médico Gabriel Schlatter, de Feliz. No entanto, apesar de complicada, a tarefa é também desafiadora.
- Quando a gente depara com a história de uma pessoa e tenta materializá-la por meio de um crânio, torna-se inevitável querer incutir dignidade àquele esqueleto. É como trazê-lo de volta à vida - explica Moraes.
Mas então, como Joaquim seria se fosse vivo? A resposta será revelada no 14º Fórum Internacional de Software Livre, de quarta a sábado, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). E quem quiser conhecer o Joaquim em osso e vídeo, também pode visitá-lo em sua própria casa, o museu, a partir de quarta-feira.
O que é um software livre?
- É um programa considerado livre por poder ser copiado, modificado e redistribuído conforme as necessidades de cada usuário.
- A reconstrução facial de Joaquim foi feita, principalmente, por meio de dois softwares livres:
InVesalius - A partir de imagens em duas dimensões (2D) obtidas através de equipamentos de tomografia computadorizada ou ressonância magnética, o programa permite criar modelos virtuais em três dimensões (3D) correspondentes às estruturas anatômicas de Joaquim.
Blender - Com base na estrutura montada pelo InVesalius, permite a modelagem mais detalhada da feição de Joaquim. O software permite esculpir contornos e inserir cabelos.
14º Fórum Internacional Software Livre
- Quando: de 3 a 6 de julho
- Onde: Centro de Eventos da PUC
- Inscrições: o sistema de inscrições online não está mais habilitado a efetuar inscrições. Agora só é possível inscrever-se no evento
- Custo: R$ 140 para estudantes e participantes de caravanas e R$ 280 para os demais
Museu da História da Medicina (Muhm)
- Exposição "Desafios: a medicina e a luta pela vida"
- Quando: de terças a sextas-feiras, das 11h às 19h. Sábados, domingos e feriados das 14h às 19h
- Onde: Avenida Independência, 270, na Capital