Passeio no shopping
Alunos de escola de Viamão visitaram um shopping pela primeira vez
Visita fez parte de um presente de Natal proporcionado por um grupo de senhoras que faz parte do Voluntárias do Carinho
Em abril deste ano, os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Podalírio Oliveira Fraga, de Itapuã, zona rural de Viamão, foram questionados sobre qual presente gostariam de ganhar no próximo Natal. A resposta, segundo a professora e diretora Maria Teresinha de Oliveira Medeiros, 46 anos, veio em uníssono: conhecer um shopping que tivesse a casa do Papai Noel.
Na sexta-feira passada, os 22 pequenos - com idades entre seis e 11 anos - realizaram o desejo, concretizado pelas mãos de um grupo de voluntárias do Bairro Ipanema. O passeio ocorreu no Barra Shopping Sul, em Porto Alegre, Dez deles jamais haviam entrado num shopping. O Diário Gaúcho acompanhou a primeira vez da turminha, que já tinha aparecido nas páginas do jornal em junho deste ano por formarem uma banda com instrumentos de lata.
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Passeio aguardado
Na manhã de sexta-feira, ninguém conseguia conter a ansiedade na escola, à espera do microônibus que levaria 22 alunos, duas professoras e quatro representantes do Voluntárias do Carinho, de Itapuã até o shopping da Zona Sul da Capital.
_ Eles passaram a semana contando os dias e perguntando quando seria o passeio. Tudo é novidade para a maioria da turma - contou Maria Teresinha.
Ao descerem do ônibus, seguiram em fila e num silêncio de quem caminhava ao inesperado. Alguns pediram para dar as mãos para as professoras e voluntárias tamanho era o medo de se perderem da turma.
A primeira reação
Logo na entrada, a 50m da porta, a imagem de um trenó e de casas com tema natalino fez a gurizada andar mais rápido até a cerca que os separava da Casa do Papai Noel. Antes da visita, uma parada para as primeiras fotos de toda a turma.
Ainda sob o impacto do passeio, o grupo observava tudo em silêncio até se aproximar do trenó. Na primeira reação, olhos arregalados e dedos apontando para todos os lados. Sem desgrudar das professoras, Maiara Alves, nove anos, do quarto ano, comentou:
- Vamos encontrar o Papai Noel mesmo?
Pedido inesperado
Ao se depararem com o Bom Velhinho sentado numa poltrona vermelha, os estudantes não se contiveram e correram para abraçá-lo. Alexandra Alves Borges, sete anos, do primeiro ano, que pela primeira vez estava num shopping, fez questão de sentar ao lado de Papai Noel.
Mesmo acanhada, ela não se conteve em fazer um pedido a ele para o próximo Natal. Foi a única a tomar coragem de falar com o simpático senhor de barba branca e roupa vermelha que atendeu a todos distribuindo sorrisos.
- Pedi a ele material escolar e uma boneca que fala. Ele me disse que vai tentar me dar - confessou a menina.
"Não toca em nada!"
João Vitor da Silva Fraga, sete anos, do primeiro ano, também estreando num shopping, era um dos que mais comentava a cada passo pelo centro comercial. Curioso, se aproximou discretamente de um dos bonecos da Casa do Papai Noel e começou a alisá-lo.
- Não toca em nada! - repreendeu um colega.
João continuou acariciando a cabeça do boneco, e conclui:
- Ele não é de neve mesmo.
Na escada rolante
Entre os mais animados, Jocemara Machado, seis anos, aluna do primeiro ano, se destacava. Como jamais havia visitado um shopping, comemorou ao lado de outros colegas quando soube que passaria por uma escada rolante.
- Meu coração vai disparar! - sussurou para uma amiga.
Foi a primeira a descer, sob os olhares atentos das professoras. Com uma das mãos agarradas ao corrimão e a outra cerrada, demonstrando tensão, Jocemara deu um salto ao se aproximar do piso térreo.
- Consegui, mas doeu a minha barriga - disse, às gargalhadas, antes de começar a orientar, com a experiência recém adquirida, os colegas que ainda desciam. - Não fica grudada no ladinho e pula quando chegar aqui.
"Cadê o nosso ônibus?"
Durante o passeio, o grupo foi convidado a conhecer a maquete do shopping, instalada num dos andares do centro. Atentos aos detalhes do empreendimento, os pequenos faziam perguntas às professoras como quantas lojas existiam no local e se estavam muito longe de casa. Mas foi João Vitor quem sobressaiu-se na turma.
_ Professora, cadê o nosso ônibus? Não estou vendo ele aqui! - espantou-se, enquanto apontava assustado para a maquete.
Ninguém conteve o riso. Faceira com a alegria das crianças, a voluntária Iara Oliveira resumiu:
_ Está sendo tudo diferente, pois jamais fizemos uma ação como esta. Enquanto crianças da área central exigem brinquedos caros, estes estão felizes com um passeio no shopping.