A FORÇA DO COFRINHO
Poupadores mirins vão às compras
Crianças de uma escola municipal de educação infantil de Porto Alegre aprenderam lições de economia e, ao final do projeto, compraram presentes com a quantia poupada ao longo do ano.
Só quem teve de economizar meses até conseguir dinheiro suficiente para a aquisição de um sonhado bem sabe a alegria que é ir ao comércio e finalmente concretizar a compra. Pois os alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim de Praça Passarinho Dourado, no Bairro São Geraldo, em Porto Alegre, com idades entre três e seis anos, estão vivendo essa experiência nesta semana.
Desde o início do ano, eles participam do projeto O Uso Adequado dos Recursos Financeiros: Aprendendo a Poupar, e nesta quinta-feira o Diário Gaúcho acompanhou a última tarefa, a ida ao comércio para fazer a pesquisa de preços e a compra do presente.
- Acho muito importante este projeto porque eu não tenho o hábito de poupar, gasto mais do que ganho. Assim, ele está aprendendo a economizar. É para o futuro dele - conta a doméstica Luciana Vilela, 33 anos, mãe do aluno Kauã Souza Machado, três anos.
Bola azul fez sucesso
Na loja de brinquedos no Centro de Porto Alegre, Kauã logo encantou-se por uma bola azul. Com orçamento de R$ 34, tinha muito o que comprar: a bola custava apenas R$ 4,90. Circulando entre os corredores, escolheu ainda uma vara de pescar, um livro, um tambor e sobraram R$ 4 de troco.
- Bah, isso é caro - dizia o pequeno cliente quando não aprovava o produto.
Já Isabeli Mucelin de Lima, cinco anos, com R$ 30,50 em caixa, optou por uma tábua de passar e um ferro que, juntos, custaram R$ 32.
- O que nós combinamos? A profe empresta R$ 1,50 e quando ela poupar este valor, me devolve - disse a diretora Zenaide Martins da Silva, idealizadora do projeto.
- Eu queria uma motoca, mas se o dinheiro não der, não posso chorar - disse a pequena Isabella da Silva, seis anos, que juntou R$ 20.
Depois de olhar fantasias, jogos e instrumentos musicais, Isabella decidiu-se por um berço de nenê. Mas teve que negociar um complemento com a avó Maria da Graça Franco Lima Santos, 62 anos, pois custava mais que o dobro de seu orçamento.
Para a diretora, o projeto conscientiza a família inteira:
- É incrível como está dando frutos (o projeto). Trabalhar com sustentabilidade é isso. Eles têm o recurso e aprendem o que fazer com ele.
Moedinha por moedinha
Acompanhada do avô Ricardo de Figueiredo Edinger, 56 anos, a aluna Ana Luisa Lehugeur Edinger Canaparro, cinco anos, já tinha o presente definido: uma boneca Polly. Durante o ano, a menina juntou R$ 29. Mas o brinquedo custava R$ 32,90. Com o pedido de desconto, a compra saiu por R$ 28. Uma a uma, as moedinhas de R$ 1 foram sendo contadas no caixa da loja, para alegria da menina, sob a supervisão do avô. Aquele R$ 1 que sobrou dará origem a uma nova poupança.
- Agora ela diz que está juntando dinheiro para comprar um carro para mim (para o avô buscá-la na escola). É muito interessante o projeto porque eles aprendem a dar valor às coisas, sabem que tudo custa - observa o avô.
Como foi o projeto
- O projeto incentivou as 60 crianças da escola a fazerem depósitos semanais de moedas no valor de até R$ 1 em cofrinhos. Até o fim do ano, elas poderiam poupar até R$ 34.
- Durante o ano, as crianças aprenderam a diferenciar as moedas, conversaram sobre economia, pensaram em sugestões de presentes que queriam comprar e algumas até abriram contas poupança no Sicredi.
- No sábado passado, a escola preparou uma solenidade para entregar os cofrinhos às famílias.
- Em casa, cada família contou a quantia acumulada e planejou a ida ao comércio para a cotação de preços e a compra do presente. Depois, as crianças levarão à escola o presente que compraram.
- Em 2015, o projeto será mantido, aí com o objetivo da formação de uma poupança.