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Disputa dos pesadões

Caminhoneiro de Carazinho ganha competição e é eleito o melhor do Brasil

Gaúcho superou 65 mil concorrentes e receberá viagem à Suécia e R$ 40 mil em eletrodomésticos

12/12/2014 - 18h02min

Atualizada em: 12/12/2014 - 18h02min


Renato Gava / Renato Gava
Eliardo está na profissão há nove anos

- A gente nunca deve deixar de acreditar em um sonho. O meu demorou seis anos para ser realizado, mas valeu a pena. Só viajar de avião já estava bom, mas ganhei bem mais coisas.

O conselho de sabedoria e simplicidade é do gaúcho que superou 65 mil concorrentes e faturou o prêmio de Melhor Motorista de Caminhão do Brasil. Com manobras impressionantes a bordo de uma carreta de sete eixos, Eliardo João Locatelli, 33 anos, superou os 28 finalistas na última prova, realizada na semana passada em Guarulhos, na Grande São Paulo. Como prêmio, ganhou uma passagem com a família para ir a Suécia, visitar a sede da Scania, organizadora do evento. E um cheque de R$ 40 mil para gastar em eletrônicos e móveis, além de cursos de aperfeiçoamento na profissão.

- Subi no caminhão para fazer o que mais gosto e tentei manter a calma. Deu certo - resumiu o motorista de Carazinho, que no dia a dia viaja por todo o país levando grãos e máquinas agrícolas.

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Em 2008, ele se inscreveu pela primeira vez na competição, que ocorre a cada dois anos. Em 2012, ficou entre os 28 primeiros, mas não passou das quartas. Esse ano, a conquista veio na frente da mulher e dos dois filhos, que viajaram para apoiá-lo.

A final consiste, basicamente, em fazer uma série de manobras e derrubar, com a carroceria e com as rodas, pinos colocados em posições estratégicas. A precisão é milimétrica: são três pinos em cada área, mas só um pode cair. Quem completa a prova em menor tempo, fica com o título. Na decisão, Locatelli duelou com o também gaúcho Marcos Araldi, 33 anos, de São Leopoldo, e com o mineiro Anderson Dara Gonçalves. Os três arrancaram com os veículos iguais, cedidos pela Scania. O mineiro largou na frente, mas se atrapalhou nos obstáculos. Constante como um relógio, Locatelli terminou a prova em menos de cinco minutos. Três minutos depois, Araldi terminou a prova, segundos à frente do mineiro - os dois ganharam uma semana em um resort do Brasil, ainda a ser escolhido, além de treinamentos e cursos oferecidos pela montadora.

- Conheci o Eliardo em Goiás, embora seja meu conterrâneo. Desde então, temos boa amizade e fico muito contente por estarmos aqui - disse Araldi.

Sobram vagas. Mas é preciso preparo

De acordo com pesquisa feita pela Scania, motorista de caminhão só não arruma emprego se não quiser. O setor teria cerca de 130 mil vagas em aberto, a maioria para atuar nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. O salário, dependendo do veículo (caminhões maiores, salário maior), da carga e do local, superam R$ 7 mil. E não é inferior a R$ 3,5 mil.

- Aquela ideia do caminhoneiro grosso, sujo e até meio burro, é coisa do passado. Hoje, a gente tem de aprender a mexer em computador de bordo e várias outras técnicas. Pouca gente sabe, infelizmente - disse Locatelli.

Estudos da Associação Brasileira de Transporte Internacional de Cargas mostram que até 47% dos acidentes nas estradas, envolvendo veículos pesados, poderiam ser evitados com melhor treinamento. Um condutor bem preparado, de acordo com o estudo, diminui em 40% a necessidade de troca de marchas e em 10% o desgaste dos pneus.

 

Os gaúchos Marcos Araldi e Eliardo Locateli e o mineiro Anderson Dare, os premiados

Longo caminho até o título

A competição começou em abril, quando os concorrentes se inscreveram em postos credenciados e pela internet e responderam a questionários. Dos 65 mil, perto de 20 mil chegaram à fase de pilotagem, divididas em 14 etapas, duas delas no Rio Grande do Sul - em Lajeado e Eldorado do Sul. Vencedor e vice de cada etapa se classificaram para a última fase.
Os 28 classificados se encontraram em Guarulhos e, depois da primeira bateria, dez foram eliminados. Os 18 restantes foram divididos em seis grupos - os três participantes de cada chave enfrentaram-se, e só o melhor avançou à fase seguinte. Na penúltima etapa, com seis participantes, o duelo foi o chamado mano a mano - sobraram então os três melhores, que fizeram a final. Foi aí que brilhou a estrela de Eliardo.


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