Conclusão de estudo
Campeões de empréstimos no Brasil têm entre 21 e 35 anos
Grupo foi responsável por 17,6% do crédito solicitado entre 6 de janeiro e 6 de fevereiro
Jovens entre 21 e 35 anos oriundos das periferias representam a faixa etária que mais pediu empréstimo em bancos no início de 2015, segundo um estudo inédito da Serasa Experian que revela o perfil dos brasileiros que solicitam crédito. Classificados como Jovens Adultos da Periferia, o grupo foi responsável por 17,6% do crédito solicitado entre 6 de janeiro e 6 de fevereiro. O levantamento leva em conta 11 grupos da sociedade brasileira.
Esta faixa corresponde a 16,8% dos cidadãos e é considerada uma das protagonistas da ascensão da nova classe média. Trata-se de pessoas, na maior parte, solteiras e de baixa escolaridade, que nasceram e cresceram na periferia de centros urbanos. Para eles, cartão de crédito, crediário ou outras formas que permitam parcelar as compras são as formas mais utilizadas para se ter bens de valor.
Para muitos jovens que estão começando a viver de forma independente, o empréstimo é a única forma de liquidar dívidas que se acumulam com despesas como estudo e moradia. O auxiliar de transporte Pedro Rafael Fernandes, 33 anos, fez o primeiro empréstimo há cinco anos para pagar o aluguel e terminou de quitar a dívida somente na última sexta-feira. Por ter tido dificuldade de ir saldando as parcelas, pagou mais de nove vezes o valor que retirou - totalizando R$ 19 mil - e se diz arrependido.
- Foi uma necessidade, porque não tinha para quem pedir dinheiro. Durante um período, solucionou o problema, mas, depois, vieram os juros. Recomendo que as pessoas tenham cautela na hora de retirar - diz ele, que mora no Bairro Santo André, em São Leopoldo.
Agora, ele e a esposa, a operadora de caixa, Andressa de Oliveira Dorneles, 23 anos, buscam um novo financiamento: o da casa própria.
Uma "legião de endividados"
Aliada à chegada no mercado de trabalho e aos gastos para o início da vida adulta, a falta de educação financeira pode levar ao endividamento dos jovens. Com a alta exposição ao consumo, o economista e educador financeiro, Everton Lopes, teme uma "legião de endividados":
- Não existe supérfluo, existe o que precisamos e o que não precisamos.
Na avaliação de Everton, deve-se recorrer ao empréstimo apenas em extrema necessidade, como para quitar uma dívida de juros maiores.
Inadimplência preocupa
Além de ser a faixa que mais recorre a empréstimos, outros estudos mostram que os jovens da periferia também assumem posição de destaque quando o assunto é inadimplência.
A superintendente de Marketing Services da Serasa Experian, Juliana Azuma, lembra que que os Jovens Adultos da Periferia representam 23% dos inadimplentes no Brasil.
O estudo também revela que 34% do total de pessoas que compõem este grupo ficaram inadimplentes em 2014, maior percentual dentro dos grupos.
DICAS PARA SE REEDUCAR FINANCEIRAMENTE
/// Reconheça que precisa mudar seu comportamento financeiro para ter mais tranquilidade e atingir objetivos maiores.
/// Aprenda a esperar para ter o que deseja. Planeje a compra com calma. No final, conquistará o bem sem ter dívidas.
/// Diferencie desejo de impulso de compras necessárias.
/// Cuidado com parcelas de longo prazo, que comprometem a renda.
/// Atenção ao usar o cartão de crédito. Ele dá a falsa sensação de que não se está gastando.
Os grupos e a busca de crédito
/// Jovens adultos da periferia (jovens de até 35 anos, ocupam cargos com baixos salários): 17,6%
/// Adultos urbanos estabelecidos (vivem fora das capitais, têm família e estabilidade no emprego): 17%
/// Massa trabalhadora urbana (trabalhador urbano de baixa renda e escolaridade): 14,6%
/// Donos de negócio (pequenos e médios empresários): 10,6%
/// Juventude trabalhadora urbana (jovens de até 35 anos, com estilo de vida moderno e carreira em ascensão): 8,7%
*Diário Gaúcho