Polícia



Alunos no prejuízo

Medo do tráfico de drogas faz escola de Porto Alegre fechar à noite

Instituição na Vila Santa Rosa sofre com ameaça de toque de recolher e tiroteios

29/05/2015 - 06h02min

Atualizada em: 29/05/2015 - 06h02min


Renato Dornelles / DG
Colégio está fechado desde quarta-feira

O medo provocado pelos constantes confrontos de traficantes na Zona Norte da Capital atinge também os estudantes da região. Desde quarta-feira, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Santa Rosa, na Avenida Bernardino de Oliveira Paim, está com as aulas noturnas suspensas. De acordo com moradores, isso se deve a um toque de recolher imposto na Vila Santa Rosa, que é cortada pela avenida.

O "aviso" seria consequência do assassinato de Floravante Oliveira Martins, o Flor, 44 anos, apontado com o líder do tráfico de drogas na vila, na tarde de domingo. Ele estava com amigos em frente a um bar na Rua Umbertina Gonçalves, quando ocupantes de uma picape S10 dispararam várias vezes na direção deles. No ataque, outro homem, de 49 anos, foi baleado. A partir da morte de Flor, tiroteios foram frequentes na região.

Na segunda e na terça-feira, de acordo com a diretora da escola, poucos alunos compareceram no turno da noite.

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- Muitos pais não estavam deixando os filhos comparecerem às aulas, pois boa parte dos alunos precisa atravessar a vila para vir e voltar para suas casas. Achamos que, por segurança, seria melhor suspender as atividades noturnas por esses três dias (quarta, quinta e sexta), com a esperança de que a situação se normalize na próxima semana - explicou a professora, que pediu para que seu nome não fosse divulgado.

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De acordo com ela, as aulas perdidas neste período serão recuperadas. A escola tem em torno de 1,2 mil estudantes, divididos nos três turnos. À noite, são sete turmas do ensino médio e quatro do Eja - cerca de 400 alunos.

Ligações com a Vila Amazônia

Flor, que também era conhecido como Capitinga, foi atingido por tiros de espingarda calibre 12 e de pistola. Preso em 2002, cinco anos depois foi um dos alvos da Operação Poeta, comandada pela Polícia Federal. Era apontado como distribuidor de drogas na Zona Norte da Capital, em Cachoeirinha, Gravataí e alguns pontos do Interior. Cumpriu pena no Presídio Central até 2013.

No ano passado, o nome dele foi vinculado ao bando que chefiaria o tráfico na Vila Amazônia, região do Porto Seco, na Capital - o grupo está em guerra contra rivais da Vila Santa Marta. Pelas investigações, a Amazônia estaria recebendo armas e apoio da Vila Santa Rosa.

O titular da 3ª DHPP, delegado João Paulo Abreu, disse que os antecedentes e os últimos passos de Flor serão apurados. Não é descartada a possibilidade de que ele já não estivesse liderando o tráfico na região.

*Diário Gaúcho


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