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Violência contra a mulher

Assassinato de mulheres dobra em 2015 na Região Metropolitana

Casos do final de semana evidenciaram explosão de feminicídios neste ano em comparação com 2014

14/09/2015 - 07h06min

Atualizada em: 14/09/2015 - 07h06min


Passava das 22h de sábado quando o homem de 42 anos pulou o muro e invadiu a casa na Rua Antônio Josephino Perrone, Bairro Espírito Santo, na Zona Sul da Capital. Minutos depois,ele mataria a ex-companheira, a cuidadora de idosos Luciana dos Santos Mallet, 44 anos, com facadas nas costas dentro do banheiro. A morte dela - somada a mais um crime na tarde de ontem, na Zona Norte - escancarou uma escalada de violência contra a mulher na Região Metropolitana.

Conforme o levantamento do Diário Gaúcho, até ontem, 24 mulheres haviam morrido pelas mãos de companheiros ou ex-companheiros em 2015, contra 12 no mesmo período de 2014. Somando-se com os assassinatos cometidos por outras motivações, o número de homicídios chega a 86 neste ano, o maior já registrado desde 2012 na Região Metropolitana.

O Ciclo da Violência
Assassinadas na Região Metropolitana*
/// 2012 - 76 vítimas
/// 2013 - 52 vítimas
/// 2014 - 55 vítimas
/// 2015 - 86 vítimas
Casos passionais*
/// 2012 - 28 vítimas
/// 2013 - 14 vítimas
/// 2014 - 12 vítimas
/// 2015 - 24 vítimas
(*) Levantamento do Diário Gaúcho até
13 de setembro

O dado é 56,3% superior as 55 mortas até a segunda semana de setembro do ano passado. A prisão do suspeito da morte de Luciana, o ex-companheiro dela, deverá ser solicitada pela polícia hoje.

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Queimada

Na manhã de sábado, o suspeito de outro crime cruel contra uma mulher foi preso em Porto Alegre. Douglas Ricardo da Silva, 29 anos, teria ateado fogo em Lisiane da Silva Gomes, 28 anos, na quinta-feira passada, no Bairro Restinga.

Dilma sanciona lei que torna feminicídio crime hediondo. 

A auxiliar de limpeza teve 80% do corpo queimado com o uso de gasolina. Ela segue internada em estado grave no setor de queimados do HPS.

Homem linchado suspeito de agredir mulher

"Ele é um monstro"

Enquanto Lisiane luta pela vida no HPS, a mãe dela, Marlene de Sena Alves, 60 anos, conversou com o Diário Gaúcho. Agora, reza pela recuperação da filha e espera pela punição do agressor.

Diário Gaúcho - Você um dia imaginou que isso pudesse acontecer?
Marlene Alves - A minha filha é uma pessoa muito boa. Eu nunca imaginei uma coisa cruel como essa, mas eu alertava que esse homem não presta. Ela não acreditava e até se afastou de mim.

Diário - Ele sempre foi agressivo?
Marlene - Eles se conheciam há muito tempo, há uns sete meses começaram a namorar, e ele foi morar com ela. Eu sabia que brigavam muito, mas ela me escondia que ele batia.

Diário - Ele foi preso. A senhora confia que será feita justiça?
Marlene
- Em alguns dias, acho que vai estar na rua de novo. Só torço para que a minha filha consiga superar isso. Ele, eu sei que vai fazer o mesmo com outra mulher. É um monstro.

"Esse problema tem muito a ver com a nossa cultura. Estamos fazendo um grande esforço para diminuir esses números, mas a gente vê que a violência continua muito forte, algumas vezes, chega a nos desmotivar, porque parece que isso não vai ter fim."
Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/RS, conselheira seccional Delma Ibias

"Cerca de 80% dos casos de violência contra a mulher são praticados sob influência de álcool ou de outras drogas. A mulher precisa entender que uma ameaça já é suficiente para procurar a polícia e registrar uma queixa. Esperar por um tapa pode ser demais."
Juíza titular do 1º Juizado de Violência Doméstica da Capital Magdéli Frantz Machado

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*Diário Gaúcho


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