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Fim da exigência do extintor ABC revolta quem pagou caro para cumprir a norma

Equipamento do tipo ABC passaria a ser exigido em duas semanas, mas Contran decidiu retirar exigência. Previsão é de que a liberação passe a valer a partir de hoje

18/09/2015 - 07h08min

Atualizada em: 18/09/2015 - 07h08min


Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
Veli Coelho tem peças em estoque

O extintor de incêndio deixa de ser obrigatório para automóveis em todo o Brasil e pega consumidores e comerciantes de surpresa. A decisão de tornar o equipamento opcional foi aprovada ontem pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e deve passar a valer a partir do momento em que for publicado no Diário Oficial, o que está previsto para acontecer hoje. Assim que a resolução passar a valer, mesmo quem não tiver extintores em seus carros, não será mais autuado.

Perguntas e respostas sobre a nova resolução que torna facultativo o uso de extintor em carros

O adereço era obrigatório no país desde 1970. Nos últimos anos, o próprio Contran havia decidido que, ao invés do tipo BC, motoristas deveriam possuir o ABC, porque ele combate o fogo em mais tipos de materiais do que o modelo antigo. A medida deveria passar a valer no dia 1º de janeiro de 2014, mas foi diversas vezes adiada. O último prazo dado para que a sociedade se adequasse ao novo modelo o próximo dia 1º de outubro.

O que a lei dos extintores diz sobre o Brasil

Reembolso

Há cerca de 30 dias, o eletricista Rodrigo Becker, 36 anos, decidiu comprar o equipamento. Pagou R$ 130, "com muito esforço". Para ele, a mudança  é uma falta de respeito com o cidadão.

- Me sinto completamente enganado. O governo te obriga a comprar, depois, fica tudo por isso mesmo. O povo merecia um reembolso - desabafa o eletricista.

Na mesma situação, o recepcionista Matheus da Silva, 20 anos, afirma ter comprado o novo extintor por R$ 140 em agosto e hoje, passando pela mesma loja, viu o objeto por R$ 90. 

- Estou completamente arrependido, até porque não sei nem se saberia usar o extintor. O povo trabalha para seguir as normas e é tratada como palhaço _ disse Matheus.

Já o engenheiro de segurança do trabalho, César Arpinio, 54 anos, estava só esperando a resolução passar a ser definitivamente cobrada para comprar o acessório.

- Estava esperando a lei se decidir. É claro que não deve ser obrigatório. Só é bom extintor para quem sabe usar. Do contrário, acaba sendo um risco para a pessoa - defende.

"Esse país não é sério"

Nessa história, quem também se sentiu prejudicado foram as revendedoras de peças de automóveis, que lutaram para ter o extintor de incêndio ABC, já que no início do ano ele estava esgotado e, agora que lotaram o estoque, ficaram na mão.

O gerente da loja Borrachas Azenha, Gilmar Müller, 51 anos, ficou perplexo com a novidade. Com mais de 200 extintores na loja, o jeito foi baixar o preço na hora que soube da notícia. Chegou a vender por R$ 190 no início do ano. Ultimamente, cobrava R$ 105 e agora está cobrando R$ 90.

- Até quarta-feira, a procura era boa. Hoje, tive que diminuir o preço o máximo que pude, está valendo quase por quanto eu comprei (R$ 85). Esse país não é sério, isso é brincar com as empresas e fábricas que produzem o equipamento. Apesar de ainda valer o extintor para ônibus e caminhão, por exemplo, o acessório dos carros não é o mesmo que vendo para grandes veículos - fala Gilmar.

Na loja ao lado, a Frisolandia, o proprietário Veli Coelho, 57 anos, tem mais de 40 peças no estoque.

- Foi um corre-corre para conseguir os extintores, para poder atender a procura. Agora, vamos ter que vender como equipamento para cozinhas, de repente - lamenta.

Redes sociais

No Facebook do Diário Gaúcho, a notícia causou bastante revolta, principalmente em pessoas que compraram o extintor ABC que, no início do ano, chegou a custar mais de R$ 200. A notícia teve mais de 2 mil compartilhamentos, 900 curtidas e 250 comentários.

"Não acreditoooo! Sem grana, paguei R$ 100 porque o meu tinha vencido e agora não é obrigatório."

"Mesmo não sendo obrigatório, continuarei tendo. Inclusive em casa deveríamos ter, quantos sinistros poderiam ser evitados."

"Foi igual ao kit de primeiro socorros. Nunca mais foi lembrado ou exigidos."

"Eles tem que devolver o dinheiro e os pontos de quem eles multaram".

"Está louco, tchê, depois de nos fazerem de bobo, agora vêm com essa. Com certeza, deixaram algum fabricante de extintor rico".

"Quem vai pagar este dinheiro que gastamos a toa para nada, de novo? Tem gente grande ganhando dinheiro com isto".



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Para PRF, extintores farão falta

De acordo com o Ministério Público do RS, as pessoas que se sentiram prejudicadas por terem comprado o extintor ABC devem aguardar a publicação da resolução pelo governo. No documento, informações serão prestadas aos proprietários de carros que compraram o extintor ABC.

Em princípio, os motoristas que adquiriram o equipamento e se sentiram lesados não poderão recorrer a nenhum órgão de defesa do consumidor, já que estavam seguindo a resolução em vigor, cumprindo com a lei daquela ocasião.

Para a Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul, o equipamento deveria continuar sendo obrigatório.

- Os princípios de incêndio podem ser debelados com uso de extintores. Às vezes, é necessário mais de um, então paramos outros carros e pedimos. Com essa medida, poderemos ter mais dificuldade de encontrar extintores e o risco de estragos maiores em carros, matos e para pessoas pode ser bem maior - avalia o chefe de Comunicação da PRF-RS, Alessandro Castro.

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Posted by Diário Gaúcho on Quinta, 17 de setembro de 2015

󾮜 Depois da corrida dos motoristas para comprar novo modelo que era exigido, o Conselho Nacional de Trânsito decidiu que o equipamento não é mais importante #DiarioGaucho


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