De unha feita
Elefanta recebe tratamento de manicure no zoo de Sapucaia do Sul
"Fazer as unhas" do animal previne doenças, uma vez que problemas nas patas são conhecidas causas de morte de elefantes
São unhas de até 20 centímetros em patas com circunferência pouco menor que o pneu de um carro que recebem cuidados como num salão de beleza. Um serviço que substituiu creme por detergente, lixa por haste de aço e esmalte por produto para fortalecer cascos: o de "manicure" de elefante. A mordomia empregada no Zoológico de Sapucaia do Sul desde janeiro não tem nada a ver com estética, mas com saúde.
O tratamento previne doenças, uma vez que problemas nas patas (frieiras que evoluem para infecções e até unhas compridas a ponto de prejudicar a sustentação) podem matar elefantes, o que acontece somente se as feridas progredirem e o animal desenvolver uma infecção generalizada.
Para conservar o bem-estar da única exemplar do parque, a Pink, os cuidados passaram a ser incluídos na rotina do animal todo fim de tarde.
- Uma das formas de melhorar a qualidade de vida dos animais mantidos sob cuidados humanos é condicioná-los para que se faça a medicina preventiva - explica o biólogo Eduardo Polanczyk da Silva, chefe da seção de zoologia do parque.
- O manejo hoje tem um objetivo diferente de tempos atrás. Há alguns anos, se treinava elefantes para apresentações de circo. Hoje, o condicionamento busca o seu bem-estar.
Dois tratadores de animais do zoo são os responsáveis pelas unhas de Pink. Taís Morais de Bortolli e João Felipe Bussolo da Silva aprenderam como treinar elefantes em um curso oferecido pela Associação Brasileira de Zoológicos no fim de 2014, o que permitiu que ensinassem a elefanta a seguir seus comandos. Com um bastão em mãos, um dos servidores orienta o animal a estender a pata, enquanto o outro oferece a recompensa: 10 quilos de frutas para 15 minutos de sessão.
- Primeiro fizemos com que ela tivesse confiança na gente. Hoje brincamos que, quando chegamos, ela já se escora no portão e dá as mãos como se dissesse: "podem fazer minhas unhas" - diz Taís.
Fora as patas, o treinamento também já ensinou Pink a oferecer a boca e as orelhas caso seja necessário administrar algum medicamento ou recolher sangue. Assim, evita-se a sedação - perigosa para um animal de cinco toneladas.
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O trabalho de manicure ainda se restringe às cinco unhas das patas dianteiras. Para tratar das traseiras, o zoológico precisa aprimorar a estrutura física, construindo uma espécie de corredor. Outra ideia é adaptar o terreno de 5,5 mil metros quadrados onde vive a elefanta para que Pink ganhe uma companhia.
* Zero Hora