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Solidariedade

Geladeiras instaladas na rua oferecem comidas e bebidas para quem quiser

No Brasil, equipamentos instalados no Centro de Goiânia e em Taubaté, no Litoral Norte de São Paulo, querem disseminar a iniciativa

01/10/2015 - 17h19min

Atualizada em: 01/10/2015 - 17h19min


O Jardim Cultural / Divulgação

Uma geladeira em que todas as pessoas podem pegar comidas e bebidas, e que é abastecida igualmente por qualquer cidadão. Essa foi a ideia dos empresários Fernando Barcelos, 46 anos, e Deto França, 38 anos. O primeiro é dono de uma escola de costura na capital do Estado de Goiás. O segundo, proprietário de um espaço cultural na cidade de Taubaté, no Litoral Norte de São Paulo. Apesar da distância, o intuito de ambos é o mesmo: oferecer alimentos que seriam desperdiçados aos que mais necessitam.

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Em Goiás

Fernando conta que muitos moradores de rua vivem na região onde fica localizada a geladeira, no Centro de Goiânia. A partir disso, pesquisou na internet alguma maneira simples que pudesse ajudar a todos.

- Resolvi colocar a geladeira solidária no local diante da necessidade de muitos moradores de rua que vivem por ali. Vi essa história em outros dois países e pensei: por que não fazer isso aqui? - disse.


Foto: Escola Instituto da Costura / Divulgação

O equipamento foi instalado no dia 16 de setembro, uma quarta-feira, na Rua 7, em frente ao número 358. Este é o endereço onde fica a Escola Instituto da Costura, da qual Fernando é proprietário. Ele relata que quando colocou a geladeira por lá, contava com a ajuda de seus colaboradores para comprar alimentos no supermercado e abastecê-la. Depois, pediu apoio aos comerciantes da região, que passaram a auxiliar com doações. Agora, com a divulgação da mídia, garante que pessoas e empresas de toda a cidade lhe procuram para saber como podem contribuir.

- Fico feliz que esteja sendo um multiplicador de ideias, que pode servir de exemplo para muitas outras pessoas - comentou.

A próxima etapa, segundo o empresário, será a instalação de um micro-ondas ao lado da geladeira. Ele diz que isso facilitaria para que os moradores de rua pudessem esquentar a comida fria ali mesmo. Quanto à limpeza e organização dos alimentos, Fernando explica que uma funcionária sua está, voluntariamente, cuidando os prazos de validade e colocando fora tudo que não for apropriado.

Colado à geladeira, inclusive, há um aviso do que não pode ser colocado por lá e aquilo que é imprescindível. Proibido: alimento vencido, bebidas alcoólicas, carne crua, peixe, ovos e garrafas, além de embalagens abertas. Obrigatório: alimentos embalados com data de fabricação.

A atitude de Fernando repercutiu muito nas redes sociais após o post do designer Tony Ramille no Facebook. A publicação - que teve mais de 6,9 mil curtidas e quase 1 mil compartilhamentos até as 16h desta quinta-feira - mostra a foto da geladeira e é acompanhada por um texto emocionante, em que o rapaz afirma: "Realmente ainda existe esperança na humanidade, nem tudo está verdadeiramente perdido, a fé ainda existe, o ser humano ainda terá salvação mesmo com o mundo tão egocêntrico como andamos".

O proprietário de um restaurante em frente à escola também tem colaborado com a "geladeira solidária". Eustáquio Ribeiro, 48 anos, diz que achou uma ótima ideia e resolveu ajudar.

<BLOCKQUOTE cite=https://www.facebook.com/photo.php?fbid=525018867654468&set=a.102348816588144.4083.100004390770933&type=3> Posted by Tony Ramille on Terça, 22 de setembro de 2015

Hoje estava passando pela rua 7 no centro aqui de Goiânia e avistei essa geladeira na rua, pensei que fosse uma...

- Deixamos lá cinco, oito, dez marmitas por dia. Isso depende. No encerramento das atividades do restaurante fazemos as marmitas, marcamos a data de validade, que é de um dia, e deixamos lá na geladeira - confirma.

Eustáquio garante que a comida que é deixada por lá é a sobra do que foi servido no almoço aos seus clientes. Ou seja, foi feita no dia e pode ser comida naquele dia sem nenhum problema.

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No Litoral paulista

Posted by O Jardim Cultural on Segunda, 31 de agosto de 2015

O Jardim Cultural lança a primeira geladeira solidária do Brasil! Esse projeto visa dar um novo rumo aos alimentos que...

Deto França acredita ter sido o primeiro a importar a ideia da Europa e instalar uma geladeira solidária no Brasil. Mas, segundo ele, o que importa é a iniciativa se expandir e alcançar cada vez mais gente.

- Trouxemos essa ideia da Espanha há uns oito anos, mas só em agosto desse ano que idealizamos aqui em Taubaté. Fiquei super feliz (com a geladeira de Goiânia), a ideia é que cada vez mais gente faça isso na sua cidade - comemorou.

Assim como acontece em Goiás, funcionários do Jardim Cultural, espaço do qual Deto é proprietário, fazem a triagem de duas a três vezes por dia. Quanto à colocação dos alimentos na geladeira, ele afirma que um supermercado da cidade deixa frutas em uma bandejinha, com filme plástico, diariamente no local. Além das pessoas que levam alimentos, dos restaurantes que deixam marmitas, e do próprio Jardim Cultural, que oferece as sobras do café e do bar que funcionam no ambiente. Sobre quem consume, diz ter de tudo:

- Desde os maconheiros que querem "bater uma larica" até gente rica que traz uma coisa e leva outra. Até por que sempre tem ao menos água gelada.


Foto: O Jardim Cultural / Divulgação

O projeto paulista tem um detalhe diferente do goiano: o design. O artista Bruno Honda pintou a geladeira e a transformou em "Nicolau", um personagem criado pelo próprio artista para evitar o roubo do equipamento.

- A gente achava que a galera poderia roubar a geladeira, mas resolvemos criar essa historinha do Nicolau. Porque se um dia roubassem a geladeira, a gente diria que sequestraram o Nicolau, e isso chamaria mais atenção - explicou Deto.

Em outros países

Não se sabe ao certo onde surgiu, mas existem pelo menos três geladeiras solidárias na Europas - uma em Galdakao e outra em Murcia, na Espanha, além da que fica na capital belga, a cidade de Bruxelas. Também existe uma dessas no continente asiático, em Ha’il, na Arábia Saudita. No fim, todas têm o mesmo objetivo: alimentar a todos, sem distinção e burocracia.

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* Diário Gaúcho


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