Viamão
"Estava preocupado com o movimento", diz avô de menina morta em colisão na ERS-118
Acidente envolveu uma Kombi e um caminhão de pequeno porte na ERS-118, em Viamão, na Região Metropolitana
Abraçado na neta, Luiz Nelson de Oliveira, 55 anos, deu um conselho à menina de três anos na noite do último domingo: "Não vai nessa viagem". Ele estava preocupado com o grande movimento de veículos, comum na época de Finados.
Emanuelly Behenck, no entanto, acompanhou os pais e um grupo de vizinhos que aproveitariam o feriado em um balneário de Palmares. Na manhã desta segunda-feira, Luiz recebeu a notícia de que a garota havia morrido em um acidente na ERS-118.
- Era a primeira viagem mais longa dela. Ontem me abraçou e beijou, uma guria sempre ativa e feliz. Só posso lamentar isso que aconteceu - relata.
O acidente ocorreu no km 28 da ERS-118, em Viamão, por volta das 6h30min. Emanuelly estava com outras cinco crianças e seis adultos em uma Kombi que colidiu frontalmente com um caminhão de pequeno porte. Pelo menos dez pessoas ficaram feridas e encaminhadas para atendimento. O condutor do caminhão ficou em estado grave.
Quem dirigia a Kombi era um vizinho da garota, que é motorista profissional e se ofereceu para levar o grupo até Palmares.
- Ele é experiente, dirige carretas. Ainda não sabemos o que pode ter ocorrido - afirma Luiz Oliveira.
Trecho da ERS-118 em duplicação registrou 34 mortes em cinco anos
O grupo mora na região do bairro Boa Vista, em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana - onde o corpo de Emanuelly era velado na tarde da segunda-feira. Moradora antiga do bairro, a família recebeu vizinhos e amigos, que lotavam a garagem da casa, onde ocorria o velório. Os dois irmãos, os pais e uma tia da menina não puderam participar da cerimônia porque ainda estavam hospitalizados. A mãe de Emanuelly, Eloísa Behenck, está em estado grave.
O trecho onde ocorreu o acidente passou por processo de recapagem, mas não tem sinalização horizontal. Após o impacto, itens como espetos, carvão, cadeiras de praia e alimentos ficaram jogados no asfalto. O trânsito ficou totalmente interrompido na região e foi liberado às 10h, quando os veículos foram retirados. Pelo menos quatro ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram deslocadas para atendimento.
Mais de 30 mortes em cinco anos
O trecho de apenas 22 quilômetros da ERS-118 entre Sapucaia do Sul e Gravataí registrou 34 mortes e 1.297 acidentes nos últimos cinco anos - média de um a cada 33 horas.
A conclusão da obra é apontada como uma maneira de reduzir a violência no trânsito na região, onde se alternam pontos de pista simples com outros de pista dupla, desvios e locais com o pavimento deteriorado. O trecho também é considerado vital para o transporte de cargas, já que une cidades importantes da Grande Porto Alegre como Sapucaia, Esteio, Cachoeirinha e Gravataí.
No ano passado, conforme os registros do Comando Rodoviário da Brigada Militar, oito das nove mortes registradas em todos os 80 quilômetros da ERS-118 ocorreram no trecho afetado pelo projeto de duplicação - com alta densidade urbana, saídas de ônibus e caminhões, entre outros focos de risco. Entre o começo de 2010 e o final de 2014, ocorreram 53 mortes em acidentes em toda a via.
* Com informações da Rádio Gaúcha