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Saúde

Hospital da Restinga enfrenta desafios para funcionar 100%

Apesar dos avanços, um ano e meio após a inauguração, instituição ainda enfrenta desafios para atuar em sua totalidade

01/12/2015 - 07h09min

Atualizada em: 01/12/2015 - 07h09min


Jeniffer Gularte
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Diego Vara / Agencia RBS
Ainda há muito o que fazer para o povo da Tinga ter hospital a pleno

Apenas uma das promessas relativas ao Hospital Geral da Restinga e Extremo Sul feitas pelo então secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Carlos Henrique Casartelli, em janeiro deste ano, sairá do papel ainda em 2015.

A partir de hoje, a população poderá contar com o Centro de Especialidades _ ainda que com funcionamento parcial. Dois dos 20 consultórios serão abertos para consultas de infectologia e medicina interna.

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O Bloco Cirúrgico, Centro Obstétrico e a UTI Adulto ainda não têm data para abrir. O Bloco está sendo equipado, e a UTI está com a obra em fase de finalização, enquanto o Centro Obstétrico está totalmente construído, mas ainda sem equipamentos.

O atual secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, é muito mais cauteloso ao fazer previsões sobre os novos setores a serem inaugurados:

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- Temos o desejo, mas não temos condição nenhuma de fazer previsão, até porque isso depende da melhora da economia.

Indefinição

O maior entrave para a abertura dos novos serviços, porém, não é a construção das estruturas e a compra dos equipamentos, mas a indefinição quanto ao modelo de custeio mensal entre a Associação Hospitalar Moinhos de Vento (AHMV) - responsável pela gestão do hospital via município -, o Estado e o governo federal. Por ter atendimento 100% Sus, o Hospital da Restinga recebe verbas do Ministério da Saúde (50%), do Estado (25%) e do município (25%).

- Burocracia é inerente ao sistema, mas, neste momento, não é má vontade. Os governos não têm dinheiro. Não tem como pactuar nada porque os governos estão em crise, não têm como custear. Conseguir abrir alguma coisa (o Centro de Especialidades) neste ano foi uma vitória. Fechamos o ano mais otimistas do que no começo - avalia a gerente médica do Hospital da Restinga, Gisele Nader Bastos.

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UTI sem data para funcionar

Desde a inauguração do hospital, em julho de ano passado, a comunidade espera ansiosamente pela inauguração do Centro Obstétrico.

Gisele, porém, avalia que, pelo perfil de atendimento feito na unidade, há outro setor ainda mais importante.

- A UTI é o mais relevante. Nossos atendimentos são de perfil cada vez mais grave. Estamos atendendo a pacientes de UTI na sala laranja quase que diariamente - afirma Gisele.

Sobre o assunto, o secretário Fernando Ritter preferiu não fazer novas promessas.

- Não tenho como dizer se vai acontecer em janeiro, fevereiro ou março. Queremos acreditar que vamos abrir a UTI no ano que vem, mas o cenário não é nada favorável - admite. 

Maratona para Ana Gabryelle nascer

 Stefanie é mais uma mãe que atravessou a cidade para ter seu bebê

Morando a cinco minutos de carro do Hospital da Restinga, a telefonista Stefanie Patrícia Reis Strait, 19 anos, enfrentou uma verdadeira maratona no dia em que a filha, Ana Gabryelle, nasceu, em 27 de outubro.

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Ao sentir as primeiras contrações, ela e o marido, Flavio, 33 anos, precisaram acordar um vizinho de madrugada para pedir que os levassem de carro até o Hospital São Lucas da Puc, a mais de 20km dali. Foram 45 longos minutos de percurso.

Sem a dilatação necessária para o beber nascer, foi orientada a voltar para casa. Como o vizinho não pôde esperar, ela retornou de ônibus e enfrentou mais de uma hora de viagem. Já de volta à Restinga, em menos de uma hora, as contrações a fizeram retornar ao hospital, desta vez, de táxi. Ana Gabryelle nasceu algumas horas depois. 

- Se o hospital tivesse maternidade, eu teria ido a pé mesmo e não teria passado por nada disso. Mas, desde que fiquei grávida, nunca tive esperanças de que a maternidade abrisse a tempo dela nascer lá - reconhece.

Pedido principal
 
A presidente da Associação dos Moradores da Vila Restinga (Amovir), Nidia Albuquerque, explica que a maternidade é uma das principais demandas da comunidade tendo em vista o alto número de mães que precisam percorrer longas distâncias para terem seus bebês.

Com referências de atendimento na Santa Casa e no Hospital São Lucas da Puc, muitas crianças nascem antes de chegar ao hospital.

- Só no meu carro, já nasceram três crianças. Temo que essa maternidade nunca saia do papel - diz a líder comunitária.

Dados do Samu de Porto Alegre apontam que, dos 144 atendimentos obstétricos feitos entre agosto e outubro deste ano, 45, mais de 30%, vieram da área de atendimento de abrangência do Hospital da Restinga.

Segundo a gerente médica do Hospital da Restinga, Gisele Nardes Bastos, estima-se que ao menos cinco mães da Restinga dão à luz todos os dias.

Centro de Especialidades inaugura hoje

 Local inaugura com funcionamento parcial


Apesar de a UTI e a Maternidade seguirem sem data para abrir, há boas notícias para a população da Restinga: o Centro de Especialidades, que inaugura hoje, vai oferecer diversos serviços médicos, com ofertas de exames laboratoriais e de diagnóstico. Segundo Gisele Nader Bastos, a infectologia será focada no tratamento de HIV, hepatite e tuberculose, enquanto a medicina interna poderá diagnosticar e acompanhar doenças como diabetes, hipertensão, cardiopatia, Alzheimer e demência.

O Centro vai funcionar de segunda a sexta-feira. A unidade não abrirá em sua totalidade - somente funcionarão dois dos 20 consultórios - para que se tenha uma noção da demanda de atendimento para balizar as futuras inaugurações.

A expectativa é de que mil consultas sejam realizadas por mês, com prioridade de atendimento aos pacientes da Restinga e região do Extremo Sul.

Os atendimentos serão feitos via encaminhamento dos postos de saúde ou para pacientes que receberam alta. 

Exames perto de casa

 Maria encurtou a distância

Desde setembro, o hospital está oferecendo 350 mamografias por mês. Moradora do Bairro Vila Nova, a auxiliar de serviços gerais Maria Gorete Machado, 52 anos, fez mamografia na quarta-feira passada, duas semanas após ter encaminhado o exame no posto de saúde.

- Foi bem rápido e o atendimento foi ótimo. É a primeira vez que venho aqui - comenta.
Nas outras vezes em que fez o exame, precisou ir aos hospitais Beneficência Portuguesa e Conceição. 

- Agora ficou bem mais perto, vim de lotação e cheguei em meia hora - relata.

Além das mamografias, estão sendo feitos raios-X desde agosto, todos no Centro de Diagnóstico, que já realizava tomografias e ecografias.

Leite para bebês e transfusão de sangue

 Roseli: só cinco minutos de ônibus até o trabalho


Outra novidade é a Agência Transfusional, onde é feito o armazenamento e a distribuição de bolsas de sangue. O farmacêutico Marcos Albuquerque explica que a unidade garante um ganho de tempo importante para o paciente:

- É possível estabilizá-lo em casos urgentes com muito mais rapidez. Isso faz diferença para salvar vidas.

Em funcionamento desde setembro, o lactário é outra unidade que traz mais funcionalidade à rotina do hospital. No local, o leite é manipulado de acordo com as necessidades dos bebês. O mesmo ocorre com o alimento dado aos pacientes que se alimentam por sonda.

Após trabalhar oito anos como lactária na Santa Casa, Roseli Bueno de Lemos, 36 anos, conseguiu exercer a atividade que tanto gosta bem pertinho de casa. Trocou uma hora de viagem no ônibus por cinco minutos na linha A19.

- Nunca imaginei que um dia poderia trabalhar perto de casa, é muito bom - diz.

Desde a abertura

O que avançou

- Agência transfusional
- Lactário
- Centro de Diagnóstico
- Mamografia
- Raio-X

O que ainda precisa avançar

- Centro Obstétrico
- UTI Adulto
- Bloco Cirúrgico

Atendimentos em outubro

- 5.359 atendimentos na Upa
- 210 pacientes internados
- 7,8 dias é o tempo médio de internação
- 13 mil exames laboratoriais


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