Quando a porta automática do Shopping Iguatemi se abriu, um misto de encantamento e ansiedade tomou conta de Amanda Macedo da Silva, oito anos. Ela queria aproveitar ao máximo o dia 20 de dezembro de 2012. O primeiro encontro com o Papai Noel ganhou contorno de conto de fadas, igual aos que está acostumada a ver pela tevê.

Portadora de tetraplegia desde os três anos de idade, Amanda, até ontem, só conhecia o trajeto entre o Hospital Conceição, no qual ficou por quase quatro anos, e o Bairro Martinica, em Viamão, onde vive com a família. Ela não movimenta braços e pernas e passa os dias deitada em uma cama. O contato com o resto do mundo sempre foi por meio da tela de 32 polegadas de uma tevê doada por voluntárias do hospital.

Mutirão para realizar o sonho

Para deixar o Natal de Amanda mais colorido e real, a voluntária Kelly Leite, 36 anos, teve a ideia de levar a menina para conhecer o Papai Noel. Não seria uma tarefa simples. Afinal, Amanda depende de um respirador para sobreviver. Uma engenhoca foi montada na cadeira de rodas para comportar o equipamento, comandado pela mãe, Maria da Graça, 38 anos, e pela irmã, Pâmela, 17 anos.

Encontro foi completo

Amanda nem se importou com a dificuldade. Queria mesmo era ver de perto o Bom Velhinho. Tornou-se a atração do shopping.

- Meu pai vai dizer que tem a filha mais famosa do mundo - brincou, com um sorriso de orelha a orelha no rosto, a única parte do corpo da qual tem domínio.

Depois de passar pela fábrica de mel montada exclusivamente para o Natal, Amanda seguiu para a poltrona vermelha mais cobiçada. O encontro com o Papai Noel teve tudo que manda o repertório: pedidos, beijos, balas, presentes e registros fotográficos. O dia de conto de fadas de Amanda foi completo.

"Era bem o que eu queria"

Nos corredores do shopping, Amanda detinha-se a um tipo de loja específica, além das de brinquedos, é claro. Os sapatos a enfeitiçavam.

- São todos muito bonitos - maravilhava-se, comendo um sorvete.

No pinheirinho do Papai Noel, um pacote em lilás com fadinhas estava guardado especialmente para a visitante mais ilustre do dia.

- Tem cara de ser coisa boa - brincou.

Os olhos brilharam ao ver a Barbie sereia:

- Era bem o que eu queria. A minha já está muito velha. Quando ela acorda do feitiço, ganha pernas.