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Projeto Social do Bairro Mario Quintana pede ajuda

E.C. Nacional oferece aulas de futebol para 80 crianças e adolescentes carentes

22/12/2015 - 16h59min

Atualizada em: 22/12/2015 - 16h59min


Diego Vara / Agencia RBS
Helio da Silva usa parte da aposentadoria para bancar a iniciativa

Estava previsto para domingo passado o galeto de encerramento de ano do Esporte Clube Nacional, time de garotos carentes do Bairro Mario Quintana, zona leste de Porto Alegre. Porém, por falta de recursos, a atividade foi cancelada. O aposentado Helio da Silva, 44 anos, é quem banca a equipe. Uma parte do que recebe de salário, ele gasta para manter cerca de 80 meninos dentro de campo, longe dos perigos das drogas e da violência. No entanto, os recursos são insuficientes.

Para piorar, no último campeonato em que disputou, o Nacional teve um dos fardamentos furtado. Por isso, o time pede ajuda. Falta um pouco de tudo. Desde material de treino, como coletes e bolas, até auxílio para transporte e alimentação em torneios.

- Resolvi investir parte da minha aposentadoria para tirá-los das ruas, ensinar o caminho certo. De mil crianças, uma vai para o futebol, mas o principal é que arrumem trabalho no futuro. A intenção é formar o cidadão, já que o futebol traz disciplina - destaca o comandante da equipe.

Começo há 18 anos

Em 1997, Helio pegou uma bola, foi para o campo do Parque Chico Mendes e convidou os guris para jogar. Logo, criou-se o Esporte Clube Nacional, que reúne crianças e adolescentes das vilas Valneri Antunes, Chácara da Fumaça e Safira. Segundo ele, Eduardo Sasha, jogador do Inter criado no Rubem Berta, passou pelo time, assim como o meia o meia Marco Antônio, que já jogou no São José, de Porto Alegre, e Juventud, do Uruguai.

Há 11 anos, Helio se aposentou por invalidez, e o time virou seu objetivo. O trabalho desenvolvido com a molecada é motivo de orgulho:

- Das 1.475 crianças que passaram pelo projeto, nenhuma foi para o lado errado - garante.

Treinos no Parque Chico Mendes

Atualmente, treinam no Nacional, às segundas, quartas e quintas, 80 crianças e adolescentes dos sete aos 16 anos. O comandante faz questão de acompanhar o desempenho de seus pupilos na escola, acompanha a frequência deles no colégio. Quem tem notas ruins fica um tempo na sem treinar.

- Em primeiro lugar vem o estudo - enfatiza.

No próximo ano, três guris do time vão para a escolinha do Inter, com os custos bancados por Helio.

- Me sinto bem fazendo este trabalho. Dou conselhos para eles. Falo para nem chegarem perto das drogas, pois isso só leva a dois caminhos: cadeia ou morte. Falo para estudarem e obedecerem os pais. Só sabendo que não estão fazendo coisa errada já é uma vitória.

Você pode ajudar

Os interessados em ajudar podem entrar em contato com Helio pelo telefone 8569-4649.

Virou terapia

Comandar o Esporte Clube Nacional virou remédio para o aposentado Helio da Silva. Diagnosticado com depressão, ouviu do médico que precisava de uma distração. Encontrou no futebol a solução:

- Para mim é um prazer estar com eles no campo, é uma terapia, uma alegria imensa ajudar estas crianças.

As dificuldades para tocar o time às vezes tira o ânimo de Helio, que já pensou em largar tudo. Porém, ao falar com a gurizada, foi demovido da ideia.

- Disse que iria parar e deu uma choradeira - sorri o aposentado

Torcida da família

Mãe de João, 13 anos, a dona de casa Janice Caetano, 44 anos, acompanha de perto os treinos e as partidas do caçula de seus seis filhos.

- Gosto de vê-lo aqui (no campo). Enquanto os guris estão aqui, não estão na rua. Ocupando a cabeça com futebol, não ocupam com outras porcarias - ressalta.

Janice conta que não perde nenhum dos jogos. Ela, o marido, os três filhos guris e as três filhas são apaixonados por futebol.

- Temos uma torcida organizada da família. Aonde for o jogo, a gente vai.

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