A prisão de Daniel Oliveira Veiga, o Bola Oito, 37 anos, pelo Deic, na quinta-feira passada, é a mais recente pista da polícia para desvendar as novas alianças no comando do tráfico nas cadeias gaúchas, provocadas pela guerra na Vila Maria da Conceição, na Zona Leste da Capital.

Condenado por homicídio ainda nos anos 90, em Canoas, e por porte ilegal de arma, em 2007, quando já teria uma posição de destaque no tráfico da Conceição, a trajetória do criminoso, desde que passou ao regime semiaberto, no começo de julho, intriga ao menos três delegacias especializadas.

Enquanto esteve na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), Bola Oito foi apontado como o principal segurança de Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão da Conceição. Na rua, é suspeito de buscar forças para, a partir da aliança com a facção Os Manos, ajudar Paulão a derrotar o traficante Xu, na guerra pelo império da droga na Maria da Conceição.

Roubos para financiar o tráfico

Bola Oito foi flagrado, na quinta, com um grupo que pretendia roubar uma joalheria em Canoas.

- É um grupo que não tem como intenção final simplesmente roubar joalherias. Eles uniram criminosos para arrecadar dinheiro e se fortalecer no tráfico. Agem sob comando - diz a delegada Adriana Múncio Gomes, da Delegacia de Roubos do Deic.

Articulação em Canoas

Com Bola Oito, foi presa Márcia Pordelo Amaral, 28 anos. Apontada como mentora dos roubos, obedeceria a ordens vindas da Pasc. É lá que está o seu companheiro, Lauri Sávio Cunha, o Mano, um dos mais perigosos traficantes de Canoas. Isso já é alvo de investigações da Delegacia de Homicídios de Canoas.

Lauri seria um dos elos entre os Manos e Paulão da Conceição, também preso na Pasc. A aliança daria forças a ele para enfrentar seu ex-parceiro, conhecido como Nego Jaime. Ambos foram pivôs da Operação Cova Rasa, em 2009. Agora, Nego Jaime teria se aproximado dos Bala na Cara. O cenário da nova guerra seria o Bairro Mathias Velho, em Canoas.

Marcado para morrer

No início de julho, Bola Oito deixou a Pasc para continuar cumprindo a pena em regime semiaberto, no Instituto Penal Pio Buck. Lá, entrou em uma lista de extermínio de "soldados" do Paulão. Conseguiu fugir da cadeia há duas semanas, antes de ser morto. A suspeita é de que os Bala na Cara ordenaram a caçada.

Nos próximos dias ele deve ser ouvido pela 4ª DHPP. É que, na noite de 20 de julho, Alexsandro Matos Pituva, 35 anos, foi executado no Patronato Lima Drummond, na Zona Sul da Capital. Ele era outro homem de confiança do Paulão nas cadeias.

O delegado Gabriel Bicca admite que a morte tem relação com a guerra da Maria da Conceição. E que os Bala na Cara, possivelmente, estão apoiando o traficante Xu.