Boletim de Ocorrência
A guerra está só começando
Não se enganem. A morte do traficante Teréu não significa o fim da guerra iniciada há uns dois anos e intensificada em janeiro, quando foi morto o também traficante Xandi, arquirrival de Teréu.
Duas décadas atrás, havia a crença de que, com a morte de seus principais líderes, quadrilhas e afins se enfraqueciam e acabavam extintas. Mas, já há algum tempo, comprovou-se exatamente o oposto. Nos tempos atuais - das facções, bem mais complexas, armadas e equipadas do que os bandos de antigamente -, a eliminação dos chamados patrões só acentua os confrontos e, consequentemente, engrossa as estatísticas de mortes. Até porque, hoje não existe mais a personificação do poder do crime em apenas uma pessoa. O controle, agora, é exercido por comissões.
O crime agradece
Mas não são apenas as mortes que marcam esse confronto. Algumas ações aparentemente pacíficas também fazem parte. Tem sido bastante comum, por exemplo, a exaltação dos líderes. Quando Xandi foi executado, no Condomínio Princesa Isabel, conhecido como Carandiru, uma faixa manifestou o luto de moradores do local. Pouco tempo depois, um grafite em homenagem ao traficante cobriu, por alguns dias, de cima abaixo, a parede lateral de um dos prédios.
No mês passado, duas galerias do presídio Central, em pavilhões vizinhos, promoveram uma guerra de funks. Com caixas de som colocadas junto a janelas de celas, os DJs do cárcere soltaram os batidões com letras que exaltavam os seus líderes e esculachavam os rivais.
Por fim, ontem, numa demonstração de que a guerra é, mais do que pública, escancarada, a morte de Teréu foi festejada com foguetórios dignos de comemoração de títulos pela dupla Gre-Nal. Como não poderia faltar, houve festa, também, ao ritmo de funk.