Polícia



Vale do Sinos

Disputa por ponto de tráfico e briga em prisão estão por trás da morte em hospital de São Leopoldo

Quatro suspeitos são investigados por assassinar Gabriel Minossi, 19 anos, por engano. O alvo dos criminosos era Alex Tubiana, que tinha desavenças com mandante da execução

16/11/2018 - 19h25min


Cid Martins
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Fernando Gomes / Agencia RBS
Briga entre facções criminosos está por trás de assassinato no Hospital Centenário

A investigação da Delegacia de Homicídios de São Leopoldo, no Vale do Sinos, apontou que uma guerra entre duas facções criminosas que disputam pontos de venda de drogas na Vila Brás, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, e desentendimentos em uma prisão estão por trás do assassinato de Gabriel Vilas Boas Minossi, 19 anos, morto por engano no Hospital Centenário. Depois de prender três suspeitos  nesta sexta-feira (16),  a polícia agora trabalha para encontrar o quarto investigado — Deivid Silva de Avila, 21 anos, considerado foragido — e concluir o inquérito. 

O delegado Alexandre Quintão, responsável pela investigação, diz que há cerca de dois anos houve uma troca no comando da venda de entorpecentes no bairro Santos Dumont, onde fica a Vila Brás, no município do Vale do Sinos. O local passou então a ser controlado por integrantes de uma facção que tem base na zona leste de Porto Alegre. Um dos responsáveis por liderar o tráfico no local era justamente Alex Junior Abreu Tubiana.

Integrantes de outra facção, que tem base no Vale do Sinos — a mesma que deu ordens para construção de um túnel para fuga em massa do Presídio Central no ano passado —, entrou em guerra com os rivais. Houve vários homicídios, sendo dois deles atribuídos a Alex Tubiana. Ele foi preso, assim como um dos líderes do grupo oposto.

Da rua, para a prisão


Tubiana e um outro suspeito de envolvimento na morte de Gabriel, que ainda não está tendo o nome divulgado, foram presos em momentos distintos. A desavença entre eles, que começou por causa da disputa de ponto de tráfico, foi levada para dentro da prisão. Ambos estavam detidos  na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas. 

A polícia ainda tenta esclarecer como aconteceu a briga, mas há indícios de ordens para execuções entre eles e de pessoas ligadas a ambos. Tubiana foi para o regime semiaberto no mês passado e iria colocar uma tornozeleira eletrônica. O quarto investigado já  havia deixado a penitenciária, mas voltou a ser preso por receptação de veículo roubado. 

Segundo apuração da polícia, o suspeito ficou detido na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de São Leopoldo aguardando vaga no sistema prisional. De lá, deu ordens para matar Tubiana, pelo menos dois dias antes da morte por engano de Gabriel Minossi.

Homicídio 


Na quarta-feira, dois dias antes da morte de Gabriel, Tubiana se envolveu em outro assassinato na Vila Brás. Ele reagiu a disparos efetuados por Samuel Lima da Rosa, 19 anos, dentro de uma oficina mecânica, o matando. Tubiana ficou ferido e procurou o Hospital Centenário.  

Segundo o delegado Quintão, o jovem teria invadido o estabelecimento para executar  Tubiana, cumprindo ordens.

— Samuel era ligado aos três suspeitos presos hoje (nesta sexta-feira) e recebemos informações de que mais do que uma rixa antiga, eles não mediram esforços para se vingar do assassinato — ressalta Quintão. 

Depois da morte de Samuel, já na quinta-feira, o mandante do crime ordenou novamente, de dentro da DPPA, que executassem o rival. Ameaçado, Tubiana pediu que o trocassem de quarto na casa de saúde. Na madrugada de sexta-feira, os criminosos invadiram o hospital e cometeram a execução, por engano. 

Tubiana chegou a ser ouvido pela Polícia Civil, mas saiu por conta do hospital na sexta-feira, dia do crime. Desde então, ele é considerado foragido do sistema prisional.

 O que diz a defesa


Segundo a polícia, os três presos ficaram em silêncio durante o depoimento. GaúchaZH conseguiu falar com a advogada Ester Venites Gerhardt, que defende Lucas Gabriel Pedroso Nunes. Ester ainda não teve acesso ao inquérito, mas observou que vai tentar a liberdade de seu cliente. Caso não seja atendido, vai entrar com um pedido de habeas corpus.

Já o advogado Paulo Rogério da Silva, defensor de Jorge Gilberto da Silveira Júnior, explica que a investigação ainda é “muito incipiente” e que ainda não teve conhecimento de detalhes. Em conversa com seu cliente, Silveira negou participação no crime. 

GaúchaZH tenta contato com a advogada Marineuza Lauthart, responsável pela defesa de William Gabriel. 


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