Investigação
Gerente do tráfico na Vila Cruzeiro é preso dentro do Beira-Rio durante jogo do Inter
Alisson William dos Santos Ramos, apontado como responsável por três homicídios, estava na torcida Popular
A torcida do Inter ainda lamentava o gol de empate do Paysandu, em jogo pelas oitavas de final da Copa do Brasil, na quinta-feira (23), quando um torcedor foi detido. Em meio à Popular, Alisson William dos Santos Ramos, 21 anos, fazia coro aos cerca de 15 mil colorados que empurravam o time no Beira-Rio. Com prisão preventiva decretada por um homicídio, ele foi capturado pelos policiais enquanto a bola rolava no campo no segundo tempo do jogo.
Do posto da 20ª Delegacia de Polícia, localizado dentro do estádio, os agentes reconheceram o foragido. Policiais civis e militares foram até a arquibancada atrás do gol, no lado sul do Beira-Rio, e detiveram o investigado. Ele não resistiu à prisão e a captura não causou tumulto durante a partida.
A suspeita dos investigadores é de que Ramos seria gerente do tráfico da facção rival à que comanda o bairro Bom Jesus. Teria assumido neste ano a gerência na Vila Resvalo, na Grande Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre. Para a Polícia Civil, Ramos tem envolvimento em três assassinatos. Dois deles teriam ocorrido em 2019: em 11 de fevereiro e em 29 de março.
O homem teria participação em um crime de repercussão, em 2016, no qual a vítima foi um policial militar. Na época, o soldado Luiz Carlos Gomes da Silva Filho, 29 anos, abordou um Gol, suspeito de roubo, na Rua Santa Flora, no bairro Cavalhada. O PM discutiu com os ocupantes do carro e atirou na perna de um dos suspeitos que haviam saído do veículo. Pouco depois, o homem ferido foi até a porta do carona do automóvel, onde pegou uma arma e atirou três vezes no PM. Gomes chegou a receber atendimento, mas morreu no hospital.
Segundo a delegada Elisa Souza, a investigação apurou que ele esteve envolvido no crime, mas não foi o autor do disparo. Ela explica que, além dos homicídios, Ramos tem antecedentes por outros crimes, como tráfico de drogas, porte ilegal de arma de uso restrito e receptação.
O investigado prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (24), mas, segundo o delegado Eibert Moreira, não acrescentou informações sobre os dois homicídios.
Para o advogado João Antônio Abdala, que representa Ramos, ele está sendo injustiçado desde o homicídio do PM. Disse que o cliente tem sido perseguido pelos policiais desde o crime.
— Todas as mortes que acontecem nas proximidades de onde ele mora são imputadas a ele — alegou o advogado .
A GaúchaZH, Abdala disse que soube da prisão no Beira-Rio e garantiu que vai tomar as medidas necessárias para defender o cliente.